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SÃO LUÍS – Saúde mental é abordada na abertura do Setembro Amarelo

Duas atividades marcaram a abertura do Setembro Amarelo (mobilização nacional de prevenção ao suicídio), na manhã desta quinta-feira, 1º de setembro, na Procuradoria-Geral de Justiça. A primeira foi o treinamento “Da Pesquisa à Ação: construindo um plano de intervenção em saúde mental” direcionado a coordenadores dos setores do MPMA. Logo depois, foi apresentado no auditório da PGJ, o workshop em saúde mental e gestão “Vamos falar sobre saúde mental (nas organizações)?” para membros e servidores da instituição.

Ambas as atividades, organizadas pela Seção de Saúde Funcional e pela Escola Superior do Ministério Público do Maranhão (ESMP), foram conduzidas pelo psicólogo e administrador Adriano de Lemos Alves Peixoto, coordenador de desenvolvimento institucional da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

GESTORES

A reunião com os gestores foi aberta pelo subprocurador-geral de justiça para Assuntos Jurídicos, Danilo de Castro Ferreira, que representou o procurador-geral de justiça, Eduardo Nicolau. “Hoje nós vamos tratar de um assunto que é de fundamental importância nos dias atuais, que é o suicídio, um reflexo da vida conturbada que o mundo enfrenta, com guerras, pandemias e outras doenças. Esse ambiente terrível lá fora muitas vezes é maximizado aqui dentro do nosso trabalho, onde passamos boa parte de nossas vidas”, refletiu.

Na exposição aos coordenadores, o professor Adriano Peixoto apresentou diretrizes para a elaboração de um plano de atenção à saúde mental no âmbito interno do Ministério Público do Maranhão, com o mapeamento dos setores e o levantamento de propostas de práticas para melhorar as relações e o ambiente de trabalho.

A proposta é baseada no projeto Bem Viver, do Conselho Nacional do Ministério Público, cujo relatório resulta de uma pesquisa feita com 4 mil membros e servidores de todo o país, sendo 800 pessoas da Região Nordeste. A ideia é construir uma política de atenção à saúde mental destinada a membros e servidores do Ministério Público de todo o país. “Então, surgiu essa ideia de ajudar a elaboração de um plano para o Ministério Público do Maranhão. Para isso, é preciso conhecer os fatores específicos locais, da organização administrativa do trabalho, que agravam e protegem a saúde mental do trabalhador”, afirmou.

O psicólogo acrescentou que esses elementos são fundamentais para a construção de um ambiente de trabalho com práticas saudáveis, que protege a saúde do servidor. “A ideia de sensibilização dos gestores é um bom passo inicial para a construção do plano”, ressaltou.

Na reunião, foram apresentadas algumas situações ocorridas na instituição relativas ao tema e foram tiradas dúvidas dos presentes.   

Também participaram da atividade os promotores de justiça Karla Adriana Farias Vieira (diretora da ESMP), Carlos Henrique Rodrigues Vieira (diretor da Secretaria de Planejamento e Gestão – Seplag) e Alessandra Darub (chefe de gabinete da Corregedoria-Geral do MPMA), e o diretor-geral da Procuradoria-Geral de Justiça, Júlio César Guimarães.

WORKSHOP

Com o tema “Vamos falar sobre saúde mental (nas organizações)?”, o workshop em saúde mental e gestão foi apresentado por Adriano Peixoto, no auditório da PGJ, para membros e servidores da instituição.

Representando o procurador-geral de justiça, Eduardo Nicolau, a chefe de gabinete do PGJ, promotora de justiça Thereza Muniz de La Iglesia. “Nós como seres humanos devemos preservar a vida e o ministério Público do Maranhão tem essa preocupação. Todos aqui estamos voltados para essa conscientização”, disse, destacando a importância da atividade.

A diretora da ESMP, Karla Adriana Vieira, destacou que, como parte do Setembro Amarelo, a instituição dedicou um dia inteiro para refletir sobre o tema. “Nós temos que pensar sobre a nossa rotina, sobre o nosso dia a dia e nossa saúde, porque saúde não é somente não ter nenhuma doença, mas significa ser feliz. Portanto, estamos preocupados com nossa felicidade”, disse.

TRABALHO

No início de sua exposição, Adriano Peixoto explicou que o tema da saúde mental ganhou muita atenção nos últimos anos em toda a sociedade. “É uma questão que está em todos os lugares, incluindo no ambiente do trabalho, onde pode haver exaustão emocional”.

O psicólogo afirmou que os problemas de saúde mental dificilmente têm uma única causa. “Há questões biológicas e genéticas, como o histórico familiar, além de fatores sociais e questões psicológicas”, disse.

E acrescentou que fatores sociais, políticos e comportamentais também agravam a saúde mental da população como padrões inalcançáveis de beleza, o cenário de guerra no mundo, as questões políticas no Brasil, as mudanças climáticas no mundo, a violência e o desemprego. “Qual o impacto da incerteza, do medo na vida cotidiana? Portanto, temos um quadro de uma sociedade adoecida”.

Para o acadêmico, esses fatores também influenciam as organizações. “O Ministério Público é parte desse cenário, não é uma ilha isolada da realidade”.

Em seguida, destacou que as organizações devem investir na qualidade de vida dos servidores. “As organizações cumprem um objetivo básico que é entregar algum tipo de serviço. Para isso, as pessoas devem ser bem treinadas, devem estar motivadas e devem colocar as suas habilidades em uso, porque um ambiente de trabalho ruim impacta na saúde mental, na qualidade de vida, gerando igualmente impactos negativos econômicos, sociais, individuais e organizacionais”.

Por último, afirmou que para a construção de um plano de saúde mental para um ambiente de trabalho saudável é preciso primeiro discutir o assunto, ter atenção às práticas de gestão e levantar indicadores. “Cuidar da saúde mental é cuidar das pessoas, cuidar das pessoas é cuidar da saúde mental”, concluiu. Redação: CCOM-MPMA