O desafio de diminuir o nível de obesidade infantil durante a pandemia

Para combater a obesidade infantil, não há fórmula mágica ou remédios milagrosos. Só no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, 13% dos meninos e 10% das meninas entre 5 e 19 anos sofrem com obesidade ou sobrepeso. Entre os fatores que mais contribuem para o crescente número está a falta de exercícios e uma alimentação equilibrada.

Para a nutricionista Fernanda Máximo, do Sistema Hapvida, a situação se agrava pelo estilo de vida moderno, com a ampla oferta de produtos hipercalóricos nas prateleiras de supermercados e o sedentarismo. “As brincadeiras ao ar livre, nas ruas, que gastavam energia, foram substituídas pelo vídeo game e televisão. Assim, essa criança não se movimenta e acaba se tornando sedentária”, argumenta.

Nas escolas, o consumo de açúcar, gordura e sódio continuam sendo um problema para os pais. Sem tempo para montar a lancheira do filho, alguns pais liberam o consumo dos alimentos comercializados nas cantinas. É aí que mora o problema. “É justamente na escola que muitas crianças e adolescentes adquirem o sobrepeso. A cantina está recheada de alimentos gordurosos e industrializados, o que é uma bomba relógio para essas crianças. E são esses os alimentos que eles mais gostam”, lembra a nutricionista.

Por outro lado, o confinamento imposto pela pandemia do novo coronavírus também vem contribuindo para o sobrepeso e até obesidade. Isso porque, sem sair de casa, crianças e adolescentes passam mais tempo frente à tela, seja para se divertir ou estudar. “No ambiente escolar as crianças brincam, correm e interagem com seus amiguinhos, mas convidadas em casa o único recurso para o estudo e a diversão é o computador”, destaca.

A luta contra a obesidade infantil

Para alertar sobre os diversos problemas desencadeados pela doença, o Ministério da Saúde criou o Dia Mundial da Conscientização contra a Obesidade Mórbida Infantil, celebrado no dia 3 de junho. A data chama a atenção para a incidência da doença que, segundo a Organização Mundial da Saúde, aumentou dez vezes entre as crianças e adolescentes no mundo nas últimas quatro décadas.

Diante do desafio de manter os filhos ativos fisicamente, evitando, por exemplo, o uso excessivo de eletrônicos como videogame, televisão, celular e tablets, e de fazer escolhas alimentares mais saudáveis. 

O professor de Educação Física do Centro Universitário Estácio São Luís, Raphael Furtado pontua que assim como os adultos, as crianças precisam se manter ativas neste período de confinamento. Para reduzir o sedentarismo, a OMS recomenda que crianças de um a dois anos tenham ao menos 180 minutos diários de atividades físicas variadas e de qualquer intensidade. “Para as crianças entre três e quatro anos, o tempo recomendado é o mesmo. Mas o que diferencia é que, desse tempo, é necessário dedicar ao menos 60 minutos para atividades de intensidade moderada a elevada, como corrida e pega-pega”, detalha.

O profissional lembra ainda que independente da idade, fundamental é distribuir esses minutos ativos ao longo do dia e evitar que as crianças fiquem paradas ou sentadas por mais de uma hora seguida. Além disso, quanto mais elas se mexerem, superando inclusive o tempo mínimo recomendado, melhor.

Diversão para toda família

Colocar a garotada para se mexer faz bem tanto para elas quanto para os adultos que incentivam essa prática. Que o diga o eletricista Francisco Júnior, que passa horas do dia brincando com a netinha Yanni, de sete anos. “Criança tem muita energia e elas precisam gastar de alguma forma, brincar com elas é o melhor caminho. Sempre tiro um momento do dia para brincar com minha neta, seja de pega-pega, futebol, adivinhação. O que não faltam são brincadeiras”, revela. 

A avó da pequena Yanni também não fica de fora e o quintal da casa dos avós fica pequeno para tanta brincadeira. “Quando terminamos estamos todos cansados e suados, é como se fosse uma atividade física pra ele, principalmente pra gente”, afirma a empresária Joana Cristina.