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Comida afetiva: a nostalgia como tendência culinária

Quem nunca teve aquela comida que, por mais simples que fosse, nos remete a alguma memória de infância e por isso se tornava irresistível? Esse é o que costumam chamar de “comida afetiva”, e é uma tendência que tem resistido mesmo com todas as novidades trazidas pelas redes sociais e programas de culinária.

O termo existe desde o século XX e foi adaptado do conceito de comfort food (que na tradução livre significa “comida confortável”), que eram os alimentos que atendiam às rotinas agitadas das grandes cidades e eram de rápido preparo. Muito embora, na maioria dos casos, não fossem feitas para serem nutritivas.

Isso gerou um aspecto utilitarista para as refeições, e o prazer de se alimentar ficou em segundo plano. Porém, isso fez com que muitas receitas mais simples gerassem uma sensação de nostalgia, principalmente se o prato está ligado às lembranças da infância e adolescência.

Comida afetiva como tendência culinária

A busca por vivenciar novamente emoções e sentimentos da infância e juventude, tem gerado uma demanda maior por receitas consideradas mais afetivas, já que, com uma rotina cada vez mais corrida e sem espaço para esses tipos de momentos com os familiares, cresce a necessidade emocional.

Os restaurantes identificaram essa nova onda e têm buscado se adaptar, principalmente nos cardápios, para conseguir atender a essa demanda do público. Quem consegue fazer a ligação entre o sentimento do público e o menu oferecido se destaca em meio a concorrência, que está cada vez mais acirrada por conta dos aplicativos de comida.

Como isso pode ser feito?

A culinária afetiva permite misturar técnicas culinárias profissionais com referências originais e temperos simples em receitas consideradas comuns. Isso gera uma atmosfera em torno do prato de originalidade e conforto.

Quem está cozinhando primeiro precisa escolher um alimento que seja um clássico das famílias, como o strogonoff de frango, prato predileto de muitos brasileiros. Para transformar a refeição em algo mágico não é preciso revolucioná-lo com técnicas ou ingredientes muito elaborados. Basta somente ter uma referência mais intimista da receita e conseguir transpor para o prato sensações como simplicidade e capricho, geralmente ligadas ao cuidado recebido na juventude.

Para melhorar ainda mais a experiência, o ideal é que o ambiente também combine com a proposta do prato. Com isso, é preciso tomar cuidado com a decoração e toda a atmosfera do estabelecimento, para que o cliente se sinta o mais confortável possível. O atendimento personalizado e intimista também ajuda a passar esse sentimento.

Portanto, o segredo da culinária afetiva está em apresentar, junto à identidade própria do estabelecimento, a atenção a como o cliente vai se sentir no estabelecimento. Desta forma, é possível lucrar com a nostalgia e ainda fornecer uma experiência inesquecível.