Bullying e violência na escola faz com que as crianças e adolescentes cresçam traumatizadas

No Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola, psicóloga fala dos riscos desse tipo de prática
Burra, feio, gorda ou magrelo. São algumas dessas palavras que as crianças vítimas do bullying escutam todos os dias na escola. Por causa do trauma, criam um bloqueio perceptível, como se fosse um silêncio que carrega gritos de socorro. O prazer por coisas simples da vida desaparece. Em alguns casos, a vontade de continuar vivendo também.

O que para muita gente soa como uma brincadeirinha entre crianças, para as vítimas, é uma imensa dor. Hoje (7), é celebrado o Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola. Data que reforça a importância da escola e família estarem unidas no enfrentamento aos diversos tipos de violência.

As crianças e adolescentes que são vítimas de bullying podem crescer, de acordo com especialistas da saúde mental, com inúmeros traumas. Os pais e professores devem estar atentos a esses sinais. Na infância, nenhum pequenino muda de comportamento de forma repentina sem que algo esteja acontecendo.

Seja por palavras ou ações, o bullying é a repetição de atitudes agressivas que podem transformar as crianças em indivíduos inseguros e repletos de conflitos internos que podem perdurar até a vida adulta. Quando não é combatido, se agrava.
Para Ana Lilia Figueiredo, psicóloga e vice-presidente do SINEPE/MA, as crianças e adolescentes sentem a carga desse tipo de violência em maior escala, pois ainda estão em formação e auto afirmação acerca de quem são.

É como se em casa a criança aprendesse com os pais que ela é linda e especial e na escola ouvisse do colega de classe xingamentos e insultos. Por causa da fragilidade, o que é dito de negativo acaba permanecendo. Por ouvir tantas vezes de forma repetida, acredita como se aquilo fosse uma verdade.

“Como estão na fase de construção de sua personalidade, é possível que esta formação seja bastante prejudicada por sentimentos de inferioridade, desânimo, descrença em si mesmo e auto desvalorização. É comum também que as vítimas de bullying apresentem, a longo prazo, quadros de ansiedade e depressão, e até mesmo suicídio”, alerta.

Família e escola: a parceria que dá certo

Na escola, as crianças devem aprender desde cedo a expor seus sentimentos, pois assim vão conseguir relatar quando algo não vai bem. Em casa, tanto a mãe quanto o pai devem criar um elo de confiança com os filhos para que eles consigam contar tudo o que está acontecendo. Em alguns casos, a criança se fecha, pois acredita que os pais não vão acreditar nos relatos de violência. No final das contas, todos merecem ser alcançados, tanto a criança que sofre quanto a que pratica.

“As ações educativas devem contemplar os autores e as vítimas num trabalho de conscientização. As escolas em geral devem trabalhar com programas de habilidades sócioemocionais que ajudam nesse processo”, finaliza a psicóloga.