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Como o turismo no Brasil pode ser afetado pelas mudanças climáticas

O turismo, como importante componente da economia, é altamente influenciado por diversas variáveis socioambientais, sendo o clima um fator determinante.

O cenário global de crise ambiental preocupa especialistas, que procuram por soluções eficientes para melhorar o setor turístico. Entre elas, o desenvolvimento sustentável se destaca.

Um estudo, conduzido pelo Instituto de Pesquisa em Reputação e Imagem (Ipri), ouviu 2.029 pessoas, com idade a partir de 16 anos, nas 27 unidades da federação.

O levantamento aponta que 63% dos entrevistados concordam que o setor é prejudicado pelas mudanças climáticas.

Isso fica ainda mais claro quando 27% afirmaram ter desistido de uma viagem ao Brasil por causa delas.

Diante disso, ações em benefício não apenas do turismo, mas também do meio ambiente se tornam o foco dos estudiosos.

Entenda melhor sobre a situação climática atualmente, sua influência sobre o setor turístico e soluções buscadas pelos profissionais:

Mudanças climáticas e impactos ambientais que estão afetando o turismo

Alterações climáticas são variações nos padrões climáticos de um lugar observadas a longo prazo, isto é, quando uma região passa a ter um clima não condizente com as suas características.

Elas podem ser causadas por fenômenos naturais, como o famoso El Niño, e ser agravadas pela massiva emissão de gases de ações humanas, tais quais:

  • Geração de energia (queima de combustíveis fósseis);
  • Produção industrial;
  • Desmatamento florestal;
  • Consumo excessivo;
  • Entre outras.

O agravamento do efeito estufa, processo natural de manutenção da temperatura da Terra, vem intensificando o aquecimento global e desencadeando diversos problemas relacionados ao clima. Confira: 

Secas

Longos períodos sem chuva em regiões tropicais são indicativos de desequilíbrio climático e prejudicam, em primeiro lugar, os ecossistemas dependentes da água, ameaçando a biodiversidade

As secas diminuem a disponibilidade de água potável e reduzem a qualidade e quantidade dos alimentos, atingindo diretamente o setor primário.

Além de restringir as viagens a locais com histórico de períodos secos, esse impacto causa o aumento dos preços de produtos, desmotivando os fluxos turísticos.

Tempestades severas e inundações

A desregulação dos padrões climáticos leva a tempestades repentinas e intensas, em um curto período de tempo, causando inundações devastadoras.

Um exemplo claro disso foi o caso de São Sebastião, cidade do litoral norte de São Paulo, fortemente atingida por chuvas, em fevereiro de 2023.

A tragédia deixou 65 pessoas mortas, dezenas feridas e mais de mil desabrigadas ou desalojadas. A quantidade de chuvas registrada em 24h na ocasião foi a maior na história do país.

Calor extremo

Relacionado às secas, as altas temperaturas mesmo em épocas de frio são sinal de que as mudanças climáticas estão causando impactos preocupantes no mundo.

Em novembro de 2023, um relatório do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), já apontava um aumento nas médias de quatro meses seguidos em relação aos anos passados.

As ondas de calor intensas foram muito sentidas desde 2020, não apenas no Brasil mas no mundo. Algo que parece bom quando se pensa em praias, mas se mostra prejudicial à saúde, causando:

  • Desidratação;
  • Insolação;
  • Tontura;
  • Fadiga;
  • Entre outros problemas.

Queimadas

Causadas naturalmente ou não, as queimadas provocam grandes estragos nos ecossistemas, destruindo habitats por completo e emitindo muitos gases na atmosfera.

No Brasil, elas ocorrem com maior frequência nas regiões Norte e Centro-oeste, mas esse não é um problema exclusivo do nosso país.

A Austrália, por exemplo, é um lugar com registros de altas temperaturas e queimadas devastadoras.

Entre o final de 2019 e início de 2020, foram mais de 115 mil km² de áreas queimadas no país, com mais de 200 milhões de animais afetados.

O clima desregulado pode aumentar a frequência desses acontecimentos e dificultar planos de ação de controle das queimadas que atingem áreas de preservação e turismo ecológico.

Como elas impactam o setor?

Há muitas formas que as mudanças climáticas atingem o turismo, especialmente no que diz respeito às grandes redes que proporcionam serviços de hospedagem de luxo.

Em primeiro lugar, podemos citar a atividade econômica, que perde engajamento quando há alguma calamidade pública.

O setor é percebido como importante motor para a geração de empregos, renda e para o desenvolvimento regional, mas a demanda é essencial para o seu funcionamento.

Por exemplo, imagine um restaurante que recebe 100 clientes por dia. Com o turismo em alta, esse número pode dobrar e o dono precisará ampliar tanto o espaço quanto a equipe.

Essa necessidade movimenta diferentes setores, como a construção civil, gerando serviço e alimentando a economia regional e, consequentemente, geral. O contrário acontece quando há menor demanda, ou seja, menos clientes.

Um estudo feito sobre o cenário do turismo frente às mudanças climáticas aponta também para a possibilidade de superlotação de lugares específicos em épocas de temperaturas mais amenas.

Isto é, com o desconforto causado pelas altas temperaturas, haveria diminuição da demanda em locais normalmente mais quentes, como as praias, e uma onda de turistas a espaços com temperaturas mais agradáveis.

Outro ponto é a perda cultural, embora o lazer seja o motivo majoritário das viagens, também há o turismo educacional ou pedagógico, que estimula práticas diferenciadas de ensino.

Em síntese, não há turismo sem equilíbrio climático. Pois este importante setor é altamente sensível e dependente das condições geográficas locais.

Quais são as soluções encontradas até o momento?

Lidar com os impactos das mudanças climáticas se tornou não apenas um problema mas uma urgência global.

É por este motivo que, de tempos em tempos, líderes mundiais se reúnem para discutir os avanços obtidos e as ações a serem tomadas.

O próximo grande encontro com sede no Brasil acontecerá em 2025, em Belém, capital do Pará. A chamada “COP30” terá como pauta soluções sustentáveis, como o uso de fontes renováveis.

O governador do Pará, Helder Barbalho, destacou, em Dubai, a importância de uma oportunidade como esta para o mundo conhecer melhor a Amazônia e sua importância no combate à crise climática.

Outro conceito interessante mais utilizado a partir de 2005, com o chamado “Relatório Stern”, é o de “economia de baixo carbono”, que considera a adoção de ações com menor impacto ecológico.

A ocorrência de encontros como a COP30 é fundamental para a evolução do turismo, uma vez que inclui o setor nas discussões políticas que buscam um mundo sustentável.