Projeto Territórios Solidários do Sesc combate a insegurança alimentar no Maranhão
Num contexto em que a fome volta a ser destaque na mídia e na mesa de muitas famílias, o Sesc é protagonista de ações que visam mitigar os impactos sociais agravados pela Pandemia da Covid-19, ao lançar o projeto Territórios Solidários. O Maranhão é pioneiro nessa ação do Departamento Nacional do Sesc, com atividades desenvolvidas na Associação de Moradores “Força do Povo”, do Povoado Arraial, entidade social cadastrada no Mesa Brasil Sesc, localizada no bairro do Quebra-Pote, zona rural de São Luís.
Ao longo de 2022, o Sesc une o trabalho educativo assistencial desenvolvido pelo Programa Mesa Brasil nessa localidade, onde vivem cerca de mil famílias, às atividades da equipe de Desenvolvimento Comunitário, promovendo a redução da insegurança alimentar e nutricional, por meio da realização de oficinas voltadas para geração de renda e ampliação das possibilidades de alimentação; estruturação de uma cozinha solidária para preparação e distribuição de refeições às pessoas assistidas na entidade social; como também implantação de horta comunitária e distribuição de cestas básicas.
Tendo em vista que de acordo com dados do 2º Inquérito Nacional Sobre Segurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, divulgado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), 33,1 milhões de pessoas passam fome no país, o Projeto Territórios Solidários vem justamente dar sua importante parcela de contribuição, apresentando alternativas para combater a fome e resgatar hábitos alimentares tradicionais em comunidades pobres.
O projeto, lançado este mês de junho, conta com a participação de 50 pessoas selecionadas nessa primeira edição realizada no Povoado Arraial. “Ficamos felizes em dar início a um projeto nacional na comunidade Arraial, que tem ações socioeducativas e de empreendedorismo que certamente vão ampliar os conhecimentos dos participantes, principalmente sobre a importância da alimentação, que é algo básico para o ser humano e, como o Sesc trabalha com prevenção, vão poder entender como a alimentação está diretamente ligada à saúde”, explicou a Diretora de Programas Sociais do Sesc, Regina Soeiro.
Como forma de agradecimento, o Presidente da Associação de Moradores “Força do Povo”, do Povoado Arraial, Carlos Cascaes, destacou a importância da parceria com o Sesc, por meio do programa Mesa Brasil. “Receber esse projeto nos faz entender o quanto a comunidade tem sido enriquecida com conhecimentos. Nos sentimos privilegiados e por isso o Mesa Brasil sempre está na nossa lista de prioridades no que se refere a projetos de agricultura familiar, pois vemos a seriedade de suas ações”, destacou.
OFICINA
Uma das primeiras ações foi a realização da oficina “Potencial Alimentício e uso das PANCs: reconhecimento e preparo de receitas”, ministrada pela professora doutora Mahedy Passos. “Levar conhecimentos botânicos, por meio das PANCs [Plantas Alimentícias Não Convencionais], para a promoção da soberania alimentar, em comunidades que vivem em insegurança alimentar, me motivam a participar de projetos como esse, que incentiva o uso e a valorização da flora local com suas potencialidades”, comentou Mahedy Passos.
As Plantas Alimentícias Não Convencionais representam espécies nutritivas que ao longo do tempo deixaram de ser consumidas ou que são conhecidas em algumas regiões e noutras não. As principais vantagem dessas plantas são a adaptabilidade ao clima, elevada eficiência na absorção de nutrientes, baixa necessidade hídrica e baixa exigência de solo, o que diminui o custo de produção.
Para a participante do projeto, Régia Maria de Lima Amorim, a oficina foi enriquecedora: “Aprendi coisas que lá no tempo da minha avó eu ouvia falar e nunca tinha colocado em prática por esquecimento mesmo. Às vezes a gente troca a alimentação saudável por massas que não são tão nutritivas. Foi muito proveitoso o curso e estou ansiosa para participar dos próximos!”, contou.
Ao acompanhar as primeiras ações do projeto no Maranhão, o analista do Departamento Nacional, Renê Lopo, integrante da equipe que idealizou o Territórios Solidários, avaliou positivamente as deliberações do Sesc Maranhão. “Fomos assertivos quanto à escolha do Maranhão para iniciar esse projeto. Ver o projeto sendo realizado, o entusiasmo das equipes do Regional, o engajamento dos gestores da entidade, a participação das mulheres da comunidade na oficina, é gratificante e nos incentiva a buscar ainda mais formas de desenvolvimento de ações que contribuam para minimizar os impactos da fome”, afirmou.
O projeto Territórios Solidários acontece até novembro no Povoado Arraial, com a realização de mais seis oficinas para as 50 pessoas inscritas, além da estruturação da cozinha solidária e da horta comunitária, além de distribuição de refeições e cestas básicas nos dias de curso aos participantes.