Programa Canteiro Escola capacita mulheres para a construção civil em São Luís 

O Programa Canteiro Escola, que tem o objetivo de formar mão de obra para a construção civil, visando a conservação dos bens culturais protegidos por lei, já está em campo com os 60 alunos selecionados para atuar como pedreiro de revestimento e pintor de obras imobiliárias. Eles receberão bolsa-auxílio, alimentação, transporte e fardamento. Nesta segunda edição do Programa, alunos e instrutores do SENAI trabalharão na restauração dos Palácios Arquiepiscopal e do Comércio, no Centro Histórico de São Luís. 

O Programa Canteiro Escola é uma iniciativa da Prefeitura de São Luís, por meio da Fundação Municipal de Patrimônio Histórico (FMPH), em parceria com o Sindicato das Empresas de Construção Civil (Sinduscon), a Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (FIEMA) e Eneva, Alumar, Vale, Cimento Bravo, B2O, Construtora Escudo, Alfa Engenharia, Silveira Engenharia, Gomes Sodré, FECOMÉRCIO, que se tornaram patrocinadoras do projeto. A formação dos futuros pedreiros e pintores é realizada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial no Maranhão (SENAI-MA), que integra o Sistema FIEMA. 

Um dos diferenciais desta edição do Programa é a presença de um número maior de mulheres participando do projeto. Das 60 vagas disponíveis, 30 são destinadas a mulheres, que têm a oportunidade de aprender uma profissão e contribuir para a valorização do patrimônio histórico da cidade. 

“Estamos orgulhosos de fazer parte desta ação, oferecendo oportunidades únicas para os alunos adquirirem habilidades e conhecimentos práticos, o que representa um benefício para as mulheres, que têm a chance de se qualificar e ter seu diferencial em áreas tradicionalmente dominadas por homens, como a construção civil”, afirma Raimundo Arruda, diretor regional do SENAI. 

Para o vice-presidente executivo da FIEMA e presidente do Sinduscon-MA, Fábio Nahuz, “O Programa Canteiro Escola é uma iniciativa valiosa que tem o potencial de transformar a indústria da construção civil em São Luís. Ao capacitar e formar mão de obra qualificada, especialmente mulheres, estamos investindo no futuro do setor e promovendo a igualdade de gênero. Estamos orgulhosos de fazer parte desta parceria com a Prefeitura, SENAI e empresas patrocinadoras, e esperamos ver os resultados positivos deste programa na comunidade.”  

Joyce Maria Cruz da Silva, 26 anos, aluna pedreira do Programa, já trabalhou prestando serviços na área da beleza como manicure e design de sobrancelha. Ela conta que não se intimidou com o desafio de aprender uma profissão na qual os homens dominaram por muitos anos. “A princípio, eu queria aprender mais pra trabalhar na minha casa, fazer alguma coisa, só que quando chegou aqui eu vi tantas outras mulheres e eu vi aqui uma oportunidade de eu ingressar no mundo da construção civil, do qual eu não tinha a mínima ideia de como funcionava. Então essa é uma porta muito importante pra outras mulheres, tanto é que no nosso curso, eu acho que cinquenta por cento são mulheres e a gente pode fazer tanto ou até mais que os homens.” 

Outra aluna que está aproveitando o programa é Geliane Lopes de Souza, de 41 anos. Ela se inscreveu por curiosidade, pois seu pai é mestre de obras e ela queria colocar em prática o que via na teoria. “Eu me inscrevi na época, justo porque meu pai é mestre de obras e eu tive aquela curiosidade de colocar a mão na massa, entendeu? De pegar realmente na colher, pegar na massa e fazer aquilo. Porque eu só olho, só vejo na teoria e na prática não conseguia fazer. Hoje eu sei fazer tudo isso. E na parte de acabamento eu já faço tudo”, afirma Geliane. 

Cledinice Braga Paixão também se interessou pelo programa por causa da sua afinidade com a construção civil. Ela já sabia um pouco de pedreiro e cerâmica, mas quis aprender mais sobre o trabalho com argamassa. Além disso, se encantou com o patrimônio histórico da cidade, que ela não conhecia bem. “Eu vim pensando uma coisa, mas quando eu cheguei aqui, eu me encantei também, né? Porque eu nem sabia, apesar de eu ser maranhense, ter nascido aqui na Ilha eu não sabia. Conhecia a igreja da Sé porque eu já batizei dois afilhados aqui, mas não sabia que aqui tinha um museu e que era chamado Palácio Episcopal. Eu também não sabia, que ali era o Palácio do Comércio, mesmo tendo passado aqui várias vezes. Agora eu já sei”, relata Cledinice. 

O instrutor do curso de pedreiro do programa, José Costa Souza, é um instrutor experiente do SENAI-MA e está transmitindo seus conhecimentos para os alunos. Ele já participou da primeira edição do Programa Canteiro Escola e se sente feliz pelo convite para a segunda edição. “Eu estou muito feliz pelo convite e sou convincente do que estou repassando, estou cumprindo aquilo que é a proposta do SENAI de educar, transmitir informação e formar profissionais qualificados. É gratificante ver que novos profissionais vão sair daqui preparados para o mercado da construção civil”, declara José. 

O Programa Canteiro Escola tem duração de quatro meses e cada curso tem 640 horas de aulas teóricas e práticas. Os alunos que concluírem todas as etapas com êxito receberão certificação de Qualificação Profissional do SENAI. As obras de restauração do Palácio Arquiepiscopal e do Comércio devem recuperar o reboco, a pintura externa, as esquadrias em madeira, as grades e gradis em ferro forjado e fundido e a cobertura na área da platibanda.