Prática conhecida como amamentação cruzada é alvo de preocupação por elevar riscos associados à transmissão de doenças infectocontagiosas em crianças
A amamentação é fundamental para estabelecer os primeiros vínculos entre o bebê e a mãe, fornecendo nutrientes e proteção essenciais para o desenvolvimento inicial da criança. No entanto, a prática conhecida como amamentação cruzada, na qual uma mãe alimenta o filho de outra mulher, é contraria às recomendações do Ministério da Saúde (MS), da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) pode oferecer uma série de riscos ao bebê. Segundo uma pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), constatou-se que 21,1% da população brasileira recorre à prática da amamentação cruzada.Raphaela Cavalcante, enfermeira e docente do curso de Enfermagem da Estácio, destaca que a amamentação cruzada tem sido alvo de preocupação devido aos riscos associados à transmissão de doenças infectocontagiosas em crianças. “Algumas mães recorrem a essa prática por acreditarem que seu leite é fraco, no entanto não existe leite fraco. O leite materno é adequado, completo, equilibrado e suficiente para o bebê. Porém, a amamentação cruzada pode expor o lactente a doenças transmitidas pelo leite de outra mulher”. Raphaela explica que após a descoberta do Vírus da Imunodeficiência Humana [HIV], a amamentação cruzada começou a ser desaconselhada. Após estudos, a contra indicação foi formalizada tanto pelo Ministério da Saúde, quanto pela OMS.A enfermeira Jessica Karine Baginski, professora da Estácio, oferece alternativas para mães que enfrentam dificuldades na amamentação. Estas incluem amamentar o recém nascido com mais frequência e buscar ajuda de profissionais qualificados. “Profissionais que atuam em bancos de leite humano podem auxiliar a mãe orientando para que a mãe realize a ordenha adequada, garantindo o estímulo à produção de leite materno e ganho de peso adequado do bebê. É recomendado que a amamentação seja realizada com os dois seios e sempre que a criança desejar. Além disso, a ingestão adequada de líquidos e uma dieta equilibrada são fundamentais para aumentar a produção de leite materno”, afirma. Se, por algum motivo, a amamentação não for possível ou houver contraindicações, Jéssica ressalta que a mãe deve buscar o atendimento do médico pediatra, que poderá indicar fórmulas lácteas específicas e adequadas à idade do bebê. Outra opção é frequentar o Banco de Leite Humano, que segue um rigoroso processo de triagem e tratamento, assegurando a doação livre de qualquer possibilidade de transmissão de doenças ou infecções. Ambas as especialistas reforçam a importância de as mães receberem informações sobre os riscos da amamentação cruzada e seguirem as orientações das autoridades de saúde para garantir uma melhor alimentação e proteção ao bebê durante esta fase tão crucial para o seu desenvolvimen