Pacientes cegos e com baixa visão realizam exposição de pinturas no CER Olho d’Água

“Quando me disseram que eu tinha que pintar uma tela, não acreditei que conseguiria. Agora, com ela concluída, me sinto vitorioso, pois sei que consegui ultrapassar mais uma barreira”, comemora o administrador de empresas Emanuel de Jesus Pereira, 62 anos.  

Emanuel é um dos pacientes que fazem acompanhamento no serviço de Reabilitação Visual do Centro Especializado de Reabilitação (CER) do Olho d’Água. Ele, que perdeu grande parte da visão em decorrência de uma doença genética e complicações da diabetes, faz acompanhamento na unidade, há dois anos, e foi um dos participantes do projeto “Expressão às escuras, desafiando a ausência da luz”. A iniciativa é do CER do Olho d’Água e teve sua cerimônia de encerramento realizada nesta quinta-feira (22), com a exposição das telas produzidas pelos pacientes.  

Emocionado com o desempenho no tratamento, o administrador de empresas destaca ainda a importância do CER do Olho d’Água. “Essa casa não trata só o corpo das pessoas, mas a parte psicológica também. Eu cheguei aqui muito ansioso devido à minha condição, hoje eu sou um homem muito mais tranquilo”, elogiou Emanuel de Jesus. 

O serviço de Reabilitação Visual do CER contempla as áreas de orientação e mobilidade, introdução ao braile, exercícios ortópticos, treino dos recursos ópticos, todos com o objetivo principal de favorecer a autonomia dos pacientes.

A terapeuta ocupacional e coordenadora do serviço de Reabilitação Visual do CER do Olho d’Água, Sandra Maria de Medeiros, explica que o projeto será transformado em livro posteriormente.  

“O projeto nasceu de um desejo de mostrar para os nossos pacientes que eles conseguiam pintar, produzir uma obra sem usar a visão. Todos os que participaram foram submetidos à mesma condição, os que enxergavam ou tinham algum resíduo usavam uma venda. Aprender a usar a bengala, se reconhecer como cego e entender que o corpo enxerga tanto quanto os olhos, esse é o nosso objetivo”, disse Sandra Medeiros.  

Maria do Amor Saraiva, 46 anos, nasceu com um problema de visão que foi se agravando ao longo dos anos. Ela, que também participou do projeto, conta que começou o acompanhamento no serviço de Reabilitação Visual do CER do Olho d’Água há dois anos e elogia o atendimento na unidade. 

“O atendimento que eu recebo no CER, além de me ajudar em diversos tratamentos, também ajudou a levantar a minha autoestima e me deu independência para viver sem o sentido da visão. Participar desse projeto e poder pintar uma tela sem enxergar, foi muito desafiador. Pintei os objetos que eu imaginei, que foram um coração, uma caixinha, um leque e uma mão”, descreveu Maria do Amor Saraiva.

A diretora do CER Olho d’Água, Ana Eugênia Furtado, explica que o órgão é referência em reabilitação. Atende em reabilitação física, intelectual e visual, o que o caracteriza como um CER Tipo 3. “E, dentro da reabilitação visual, oferecemos os serviços de oftalmologia e de orientação e mobilidade. Este projeto faz parte das ações realizadas no mês de comemoração do Dia do Cego, celebrado no dia 13 de dezembro”, explicou.

A diretora Administrativa, Lívia Macêdo, destaca que no CER Olho d’Água, além dos pacientes, os membros das famílias deles também recebem atendimentos.

“O paciente que necessita de serviços de reabilitação e deseja iniciar seu tratamento no CER do Olho d’Água, precisa de um encaminhamento médico da rede pública de saúde. E, com esse encaminhamento em mãos, junto de um documento pessoal com foto e cartão do SUS, pode se dirigir à recepção da unidade e aguardar ser contatado para iniciar o atendimento”, informou Lívia Macêdo.