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Guardiões da Floresta: veja o esforço de grupo indígena para impedir o desmatamento da Amazônia

Um grupo indígena que pega em armas para defender suas terras. Dois anos depois do assassinato de um dos líderes do grupo Guardiões da Floresta, o trabalho de proteção das reservas no oeste do Maranhão continua.

Fantástico acompanhou com exclusividade, durante uma semana, o esforço dos guardiões para impedir o desmatamento da floresta e expulsar invasores.

. Quem são os ‘Guardiões da Floresta’, o grupo de índios protetores da Amazônia no Maranhão

Conflitos armados no interior da Floresta Amazônica. A terra indígena Caru, no oeste do Maranhão, é uma área maior do que a cidade de São Paulo, e onde vivem hoje mais de 400 indígenas de três etnias: guajajara, awá guajá e os awás isolados, que não têm contato com o homem branco.

A Constituição diz que cabe à União proteger as terras indígenas. Mas com o aumento das invasões de madeireiros nessas áreas do Maranhão, desde 2012, o grupo Guardiões da Floresta, criado pelos próprios indígenas, passou a patrulhar as reservas.

. Dia de Proteção das Florestas: relação de ‘guardiões’ com a natureza mantém preservação da Amazônia

Os Guardiões patrulham as terras indígenas Caru, Alto Turiaçu, Governador e Araribóia, onde, em 2019, um dos líderes do grupo, Paulo Paulino Guajajara, foi morto a tiros por madeireiros. Nos últimos dez anos, segundo o Conselho Indigenista, 34 indígenas foram assassinados ou desapareceram no Maranhão.

A terra indígena Caru é cortada por rios que fazem divisa com pequenos povoados. Isso facilita as invasões. Quando os madeireiros percebem a presença dos guardiões, eles jogam a madeira no fundo do rio e fogem.

Dados do Instituto Socioambiental, o ISA, revelam que, em um ano, a terra indígena Caru perdeu 32 hectares de mata.

Quando encontram os madeireiros em ação, os Guardiões apreendem ou inutilizam os equipamentos. E os obrigam a destruir a madeira ali mesmo, para evitar que ela seja vendida. Os madeireiros são entregues às autoridades ou liberados do outro lado do rio.

Em um flagrante, três homens foram capturados com madeira e bois para o transporte. Os indígenas pediram para que um dos invasores chamasse o responsável pela madeira do outro lado do rio.

Mas ele voltou acompanhado por um policial militar e outros homens. O grupo de guardiões se assustou com a possibilidade de emboscada.

O policial não tomou qualquer atitude sobre a retirada de madeira ilegal da reserva. E exigiu a liberação dos madeireiros e dos bois, o que acabou sendo feito pelos guardiões.

O policial é Robston Araújo de Souza, sargento da Polícia Militar na cidade de São João do Caru, às margens da reserva. A equipe do Fantástico o encontrou num posto da PM.

Repórter – O senhor atua em algum tipo de proteção ao pessoal que extrai madeira ilegal ali na reserva?
Robston – Não, senhor.

Repórter – Mas o senhor, como autoridade, não deveria ter prendido as pessoas que estavam envolvidas na extração ilegal de madeira dentro da reserva?
Robston – Não, senhor, porque até mesmo isso não é função nossa.

Repórter – Mas não houve prevaricação por parte do senhor, se o senhor não tomou atitude sabendo que as pessoas estavam extraindo madeira da reserva indígena?
Robston – Não, porque lá eu não vi madeira.