Futuro engenheiro sonhou com a profissão quando era servente de obras

A Estácio está presente em todo o país e com o lema “Educar para transformar” leva um ensino superior de qualidade para mais de 600 mil alunos. A ideia da instituição é estimular de todas as formas que o cidadão brasileiro invista em seus estudos para transformar não só sua vida como a de todos ao seu redor. E a cada semestre que se fecha é possível presenciar, na prática, histórias reais de pessoas que mudaram suas vidas com a educação.

Um desses casos emocionou a todos no último dia de faculdade do formando de Engenharia Civil da Estácio, Paulo da Silva Malaquias. Ao concluir sua apresentação e obter aprovação, o acadêmico lembrou que aquele momento representava muito mais do que apenas um término de faculdade. Era a realização de sonho antigo que nasceu quando ele trabalhava como servente de obras, quando tinha 21 anos de idade.

O roraimense de 33 anos relembrou o período difícil pelo qual passou até chegar na faculdade. Antes de ingressar no Exército para servir, foi vendedor de picolé, vigiava carros e catava latas para vender. Quando saiu do Exército, aos 19 anos, a procura de emprego, acreditava que apenas com o ensino médio seria possível encontrar um emprego menos pesado.

“Mas fui no Sine (Sistema Nacional de Emprego) me cadastrei, e dois dias depois me ligaram e disseram que tinha uma oportunidade e que era para servente de obra. Foi o que apareceu e não perdi a chance. E trabalhei como servente por dois anos”, conta.

Mas o sonho antigo de Paulo de ser engenheiro era muito mais antigo. É do tempo que ainda era criança e um dia esteve na casa de uma pessoa que o pai trabalhava como vigia. “Eu perguntei para o meu pai o que chefe dele fazia. E meu pai me disse que ele era engenheiro. Eu questionei o que essa profissão fazia e meu pai respondeu: constrói o sonho da casa própria. A partir daí eu passei a pensar nessa profissão”, recorda.

Curso técnico de Edificações foi o primeiro passo para o sonho

No período em que trabalhou como servente, Paulo conta que fazia serviços de “quebrar parede” a limpar banheiros e servir lanche para os pedreiros. Mas dois anos depois, a empresa decidiu reduzir o quadro e demitiu Paulo. “Quando fui embora, falei para os meus colegas: um dia eu vou voltar aqui e vou ser engenheiro. O pessoal riu de mim e me zoaram bastante”, lembra.

Nessa época, o formando de Engenharia decidiu dar continuidade aos estudos e se inscreveu para o curso técnico de Edificações do Instituto Federal de Roraima (IFRR). Ele trabalhava o dia inteiro e estudava à noite.

“Às vezes eu ia pra aula cansado, porque passava o dia inteiro quebrando parede, limpando chão e quando era 19h eu ia pra escola. Chegava quase 23h em casa, porque ia de bicicleta. Teve uma época que eu quase não via meu pai, quando eu saía 5h, ele estava dormindo”, conta.

Prestes a concluir o curso técnico, Paulo precisou fazer estágio para fechar sua grade curricular. “Eu levei muitos ‘nãos’ na cara. Foi quando me surgiu a ideia de ligar para o dono da empresa onde eu trabalhei pela primeira vez como servente de obra, e perguntei se ele poderia me ajudar com um estágio. Ele prontamente me ajudou e sou grato pelo resto da minha vida por mais essa oportunidade”, comemora.

ENGENHARIA

Com a formação na área técnica, Paulo passou a trabalhar nessa empresa por um tempo e depois saiu para buscar suas próprias experiências no mercado. Mas nunca esqueceu do desejo de ser um engenheiro. Quando a Estácio da Amazônia abriu vagas para o curso em 2014, ele prontamente se inscreveu e fez a primeira tentativa de cursar Engenharia.

Mas esse sonho novamente teve que ser adiado porque passou em um seletivo da Força Aérea Brasileira e precisa fazer o curso para sargento. “Tive que recomeçar do zero no ano seguinte porque não deu para aproveitar nada do ano anterior”, explica.

Quando finalmente conseguiu se dedicar ao curso, ele lembra que enfrentava outro desafio: a vida já não era mais a mesma de quando estudou no IFRR. Àquela altura já tinha uma filha, e nos anos seguintes da faculdade nasceram mais duas filhas. “Outro desafio grande é trabalhar o dia todo, sem ir em casa e depois ir para faculdade, além de dar atenção para família”.

Ele lembra ainda que teve matérias que não conseguiu aprovação, inclusive, o próprio TCC, Paulo teve que fazer duas vezes. “Às vezes chegava na aula com sono e cansado, mas tive perseverança. Dava vontade de desistir. Mas tinha que ter foco e perseverança”, conta. Este ano, Paulo fez apenas o TCC e apresentou o seu trabalho que tinha como tema “A análise comparativa entre a telha cerâmica e a telha de concreto”.

“Foi muito duro porque não fui aprovado, foi um baque muito grande. Não tive êxito. Mas tenho Resiliência. Sempre tive isso na minha cabeça. Fiquei triste por não ter passado, mas depois voltei ao estado normal e foco na missão, igual uma esponja. E quis abordar outro tema e foi quando surgiu essa ideia em uma conversa com um sargento da Base para fazer esse comparativo com a telha de concreto que é uma inovação no mercado”, explicou.

O Dia do Engenheiro, celebrado no dia 11 de dezembro, será sempre lembrado pelo mais novo formando.