Farmacêutica alerta sobre os riscos da automedicação

O uso de medicamentos de forma inadequada – seja a automedicação sem orientação médica, seja o uso prolongado ou mesmo na dosagem errada – é um problema mundial e traz sérios riscos à saúde. Estudos mostram, por exemplo, que o Brasil é líder em automedicação, ou seja, no uso de medicamentos por conta própria ou por indicação de colegas, vizinhos ou parentes, sem uma avaliação de um profissional de saúde adequado. Anualmente, cerca de 20 mil morrem no país em consequência dessa prática, estima a Associação Brasileira das Indústrias Farmacêuticas (Abifarma).

A Organização Mundial de Saúde (OMS), por outro lado, calcula que mais da metade de todos os medicamentos são prescritos, dispensados ou vendidos de forma inadequada e que metade de todos os pacientes não os utiliza corretamente. É considerado uso irracional de medicamentos quando o paciente faz a ingestão de vários deles; quando faz o uso inadequado de antimicrobianos para infecções não bacterianas; quando excede o uso de injeções; quando não possui prescrição de acordo com as diretrizes clínicas e se automedica inapropriadamente. Como alerta à prática, todo 5 de maio é celebrado o Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos.

Ao invés de ajudar e tratar sintomas, o uso inadequado e sem controle médico ou farmacêutico de medicações pode agravar, mascarar e dificultar um diagnóstico médico de doenças ou até mesmo causar sérios danos ao organismo. No caso das vitaminas, por exemplo, o seu consumo em excesso, na forma de cápsulas, pode causar sérios danos à saúde: a vitamina C em excesso pode provocar distúrbios gastrintestinais e levar o paciente a desenvolver cálculo renal (pedra nos rins); a vitamina A pode causar distúrbios neurológicos e, em crianças, provocar hipertensão craniana; já a D, em excesso (Hipervitaminose), pode causar complicações como a formação de cálculos renais, calcificação de tecidos e de artérias, entre outros.

Isolda Riberio, farmacêutica e Supervisora de Farmácia da Natus Lumine Maternidade e Hospital, diz que os medicamentos são substâncias químicas e, como tal, precisam ser sempre prescritos e usados com supervisão médica, pois há sérios riscos na automedicação. “Entre os medicamentos mais usados de forma errada na automedicação estão os antibióticos (quando se conseguem comprar sem receita), os corticoides e os anti-inflamatórios; todos trazem sérios danos à saúde se mal administrados” alerta ela.

“Os antibióticos, por exemplo, quando usados para uma determinada bactéria que ele não faz efeito, não vai resolver e ainda vai deixar o organismo resistente, criando um novo problema, sem resolver o desejado. Quanto aos corticoides, o organismo humano já os produz de forma natural, por isso, se usado de forma exagerada, o organismo vai entender que não precisa mais produzi-los, causando uma falha em seu funcionamento. Já anti-inflamatórios podem provocar dores no estômago e gastrites, sobrecarga no funcionamento do fígado, entre outros danos. Portanto, o médico é quem deve prescrever e dosar os medicamentos”, completa a farmacêutica da Natus Lumine.

Em caso de dúvidas e no impedimento de um contato com um médico, o farmacêutico também pode ajudar a tirar dúvidas sobre o medicamento em questão ou informar sobre a posologia do mesmo. Somente com essa conscientização por parte da população é que se pode combater esse verdadeiro problema de saúde pública que é o uso irracional de medicamentos.