Estudantes entregam kit antirracista ao presidente do TJMA

Como parte da programação alusiva ao Dia da Consciência Negra – “Para além do dia 20 de novembro”, alunos, alunas, professores e professoras do Centro de Ensino Lúcia Chaves, escola pública localizada no bairro Vila Esperança, zona rural de São Luís, realizaram uma visita ao presidente do Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA), Lourival Serejo, nesta terça-feira (30), e fizeram a entrega de um kit antirracista a ele.

A iniciativa é mais uma ação do Comitê de Diversidade do TJMA. O objetivo da visita é fortalecer as ações afirmativas de combate ao racismo e divulgar o projeto “Black Lives Matter – Vidas Negras Importam”, desenvolvido pelos alunos da escola. Na ocasião, o presidente Lourival Serejo recebeu dos alunos um kit pedagócio antirracista contendo uma cartilha, dicionário bilingue, gibi e jogos, feito pelos estudantes.

Sobre o racismo e a luta para combatê-lo, o presidente deixou um recado para os estudantes de resistência e recordou da história de Maria Firmina do Reis, citando que ela é um exemplo de determinação. “Enfrentem as situações adversas e de preconceito que vocês encontrarem com altivez. Não deixem que alguém vitimize vocês, que ofendam a dignidade de vocês por preconceito. Vocês têm que ter a coragem de se afirmar, porque isso é algo que temos que lutar cotidianamente. E a perspectiva para se afirmar é pelo estudo. Maria Firmina, por exemplo, pobre, negra, descendente de escravos, foi a primeira mulher professora e passou num concurso”, lembrou o presidente.

O presidente do TJMA aproveitou a conversa com os alunos e alunas para explicar a respeito do papel do juiz na sociedade, bem como a estrutura do Poder Judiciário. “É muito importante vocês estarem no Tribunal, no templo maior da justiça. Nós temos desembargadores que vieram da pobreza extrema: casa de palha, de barro, mas chegaram aqui ao Tribunal. No judiciário, você tendo estudo, esse poder é aberto a todos, porque o ingresso é por concurso. Por isso, estudem muito”, enfatizou Lourival Serejo.

A estudante Emanuelle Soares, que interpretou Maria Firmina dos Reis, destacou a importância da visita ao Tribunal. “Esse momento vai contribuir muito para o meu aprendizado e o de todos. Nunca imaginamos que o nosso projeto teria tanto reconhecimento e repercussão. Vir para cá é um prazer. Nunca imaginaríamos que iríamos conhecer juízes e todo o Tribunal de Justiça”, destacou Emanuelle Soares

O projeto trabalha a questão da justiça e do respeito, por isso a visita realizada ao tribunal é um momento valioso, conforme a coordenadora da escola e do projeto, Marcélia Leal. ”Esse espaço veio para culminar com todo o trabalho que a gente vem desenvolvendo desde o ano passado. Estar neste local significa promover aos nossos alunos esse espaço de reconhecimento e referência, porque agora eles têm outra visão do que é um espaço que eles podem frequentar”, pontuou.

Além de conhecerem as dependências do prédio-sede do TJMA, os alunos também visitaram o Museu e o Fórum de São Luís. “Estamos oportunizando essa ocasião, dentro do mês da Consciência Negra, encerrando a programação desenvolvida pelo Comitê, aos estudantes, que desenvolvem um projeto de educação antirracista. Esse momento se adequa, dentre as metas de gestão, oportunizar o acesso à justiça, sem discriminação e livre de qualquer preconceito, então nada mais justo que trazer esses estudantes que desenvolvem esse projeto para interagir com os atores do poder judiciário”, observou o coordenador do Comitê de Diversidade, juiz Marco Adriano Ramos da Fonseca.

A juíza Elaile Silva Carvalho, que também ganhou um kit, ressaltou a relevância da fala do presidente do TJMA aos estudantes. “Ver esses alunos que são provenientes de escola pública no tribunal, ouvindo as palavras do presidente Lourival Serejo é um momento ímpar para esses alunos. E, seguindo as palavras do desembargador Lourival Serejo, o Poder Judiciário é o mais democrático que existe no país. Ele falou também que qualquer pessoa, independente da origem e da cor, gênero, pode vir a ser um juiz. Então, é muito importante que eles ouçam isso do presidente do tribunal”, comentou.