Deltacron: veja a lista das variantes da Covid-19 descobertas pela ciência até aqui

O termo “Deltacron” pipocou em diversos portais de notícias nos últimos dias. Mas o que ele significa, afinal? Com casos registrados em países como Bélgica, Alemanha, Estados Unidos e Brasil, trata-se de um fenômeno de “recombinação” das variantes delta e ômicron. Contudo, de acordo com Sylvain Aldighieri, médico da Organização Pan-Americana da Saúde, não se trata exatamente de uma nova variante.

“Gostaria de esclarecer que não existe uma nova variante chamada ‘deltacron’. O uso dessa terminologia deve ser evitado”, explica o especialista à BBC. “A recombinação é um fenômeno natural descrito em diferentes vírus como mecanismo de mutação para trocar genômico. Isso porde ocorrer quando dois vírus da mesma espécie, mas geneticamente diferentes, infectam a mesma cécula no mesmo indivíduo”, conclui Aldighier.

Estudos a nível global têm monitorado em tempo real as alterações genéticas identificadas no coronavírus, que podem tornar o agente infeccioso mais forte ou transmissível, bem como mais resistente ao sistema imunológico. A mais recente é a Ômicron, incluída na lista das variantes de preocupação pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em novembro do ano passado.

No geral, desde 2020, foram identificadas ao menos 13 novas variantes em todo o mundo. As mutações podem ocorrer sempre quando um vírus realiza suas cópias nas células humanas e fica sujeito a erros dos quais decorrem as transformações no código genético.

Quando uma nova variante é identificada, os cientistas se concentram em compreender como a mutação age no organismo do corpo humano, quais complicações pode causar e se as vacinas validadas são eficazes para prevenir seus males.

Esse monitoramento ocorre periodicamente e é o responsável por detectar as mudanças do Sars-Cov-2. No início, as variantes eram nomeadas com termos científicos, como B.1.351 ou P.1. Mas, com a finalidade de simplificar as informações, a OMS decidiu utilizar as letras do alfabeto grego para as pessoas compreenderem as distinções.

Existem dois grupos de variantes: as chamadas de preocupação, que exigem mais atenção devido à sua maior capacidade de transmissão e de gerar casos de internações; bem como as cepas de interesse, aparentemente menos graves e que ficam sob análise de especialistas para verificar o seu poder de contágio e os efeitos do tratamento contra elas.

Vamos mostrar a você, a seguir, uma linha do tempo das variantes de preocupação, que mais despertam atenção e se caracterizam por maior resistência aos tratamentos, sendo responsáveis pela prevalência de casos graves e óbitos.

Linha do tempo das variantes da Covid-19

A Seguros Unimed, empresa especializada em seguro saúde e assistência médica, desenvolveu um infográfico com a linha do tempo das variantes descobertas no mundo. A imagem ajuda a visualizar as mutações no período que vai de 2020 a maio de 2021, incluindo as variantes de preocupação e de interesse. 

Abaixo, vamos descrever um pouco sobre as variantes que mais preocupam a ciência:

  • Alfa: esta surgiu no Reino Unido, em setembro de 2020, e é a primeira variante de preocupação. A Alfa uma taxa de transmissibilidade que pode ser até 50% superior às linhagens anteriores;
  • Beta: variante detectada na África do Sul, em dezembro de 2020, é bastante transmissível, mas não chega aos patamares da Alfa. Ainda assim, causa grande preocupação em relação ao escape à resposta imune gerada pela ação das vacinas;
  • Gamma: descoberta no fim de 2020 em japoneses que retornavam do Amazonas, no Brasil, é altamente transmissível, sendo semelhante à Beta. Foi responsável por um aumento significativo de casos entre os brasileiros;
  • Delta: apesar de ser identificada em outubro de 2020, na Índia, foi considerada como variante de preocupação em maio de 2021. É uma das mais contagiosas, provocando grandes surtos, sobretudo no Reino Unido;
  • Ômicron: detectada na África do Sul, é até o momento a última inserida no grupo das variantes de preocupação (novembro de 2021). É, também, rotulada como a mais transmissível da Covid-19. Só em São Paulo, maior cidade do Brasil, a ômicron foi responsável por 99,7% dos casos positivos na terceira semana epidemiológica de 2022.

Entre as variantes de interesse, estão: Epsilon (Estados Unidos), Zeta (Brasil), Eta (diversos países), Theta (Filipinas), Lota (Estados Unidos), Kappa (Índia), Lambda (Peru) e Mu (Colômbia).

Cuidados preventivos

Diversos estudos no mundo inteiro também têm demonstrado a eficácia das vacinas contra as variantes, mas o sinal de alerta continua ligado. No Brasil, os protocolos sanitários têm sido flexibilizados, a exemplo do uso da máscara em espaços abertos. Em São Paulo, a utilização da proteção facial foi liberada em locais fechados também. Diversos especialistas, porém, defendem que os cuidados devem continuar, sendo sugerido evitar aglomerações, higienizar as mãos e utilizar máscaras no transporte coletivo.