Como pequenos negócios podem participar do combate ao novo coronavírus

Concentrando 99% das empresas brasileiras e oportunizando mais da metade dos trabalhos formais do país, o segmento das micro e pequenas empresas e os microempreendedores individuais também estão preocupados em manter a qualidade de seus serviços sem estar fora do esforço de todos no combate do novo coronavírus (COVID-19). A preocupação, também, é quanto ao faturamento empresarial, já que alguns setores começaram a ter sentir mais de perto as consequências da pandemia, como o de turismo, eventos, comércio e alguns serviços.

Pensando em ajudar os empreendedores nesse contexto, o Sebrae no Maranhão iniciou uma série de divulgações de conteúdos e dicas em suas redes sociais e canais digitais para melhor orientar os donos de pequenos negócios e microempreendedores individuais nesta circunstância de COVID-19.

“O nosso objetivo é orientar os empreendimentos para que não sejam tão impactados com a crise gerada pela propagação do novo coronavírus e tentem manter a gestão administrativa e financeira de seus negócios equilibrada”, comenta o diretor superintendente da instituição, Albertino Leal.

Emprsários como Lívia Viana, da Predmix Artefatos de Concreto e franqueada de uma rede de óticas, por exemplo, já começaram a tomar providências nas empresas. “Usamos álcool gel e já pedi para nosso departamento de Marketing preparar material informativo para distribuirmos aos nossos colaboradores e clientes das lojas de varejo e da fábrica. Assim, nos unimos a todos no combate desta ameaça à saúde pública e aos nossos negócios”, informa a empresária.

Além de álcool gel e uso de máscaras, as empresas podem intensificar as ações de sensibilização junto aos funcionários sobre boas práticas de higiene nessa ocasião de pandemia: lavar sempre as mãos, evitar abraços, apertos de mãos, beijos, viagens, reuniões ou atividades que exijam aglomeração de pessoas, além de cuidados ao tossir e ao espirrar. É interessante avaliar o que é estritamente necessário e optar por atividades que possam ser realizadas por videoconferência; flexibilizar as escalas para evitar que os colaboradores usem o transporte público em horário de pico também é uma boa opção.

Caso algum funcionário na empresa tenha retornado de viagem, apresente sintomas da doença ou possua histórico de contato com alguma pessoa contaminada ou suspeita, orientar a buscar o serviço de saúde e afastar imediatamente das atividades, seguindo as recomendações dos órgãos oficiais de saúde. Se houver a redução do nível de atividade ou até mesmo a sua paralisação, avaliar a implantação de banco de horas para a concessão de folgas aos funcionários com a posterior compensação ou a alternativa do trabalho home office (em casa), principalmente para os que estão no grupo de risco, como pessoas acima dos 60 anos e com doenças crônicas.

Clientes mais seguros

Cuidados devem ser mantidos, também, para resguardar a saúde dos clientes, demonstrando a seriedade com a qual a empresa se posiciona em relação ao cenário do COVID-19. Os empresários podem destacar isso reforçando a comunicação visual do seu estabelecimento, com os cuidados necessários para prevenção contra o coronavírus; fazendo adequações necessárias em sua loja física (como maior ventilação, álcool gel, drive-thru e controle de acesso em um cenário emergencial);  adoção de outras formas de atendimento e comunicação com a clientela, como WhatsApp (recebimento e entrega em domicílio); prestação de serviços online (loja virtual) e substituição de reuniões físicas por videoconferência.

“Outro ponto de extrema importância aos empresários: seja transparente com os clientes! Informe eventual impossibilidade de atendimento de pedidos e prestação de serviços ou mesmo a paralisação temporária das atividades por conta dos cuidados com a propagação do COVID-19. Negocie alteração de datas de realização de eventos, prazos de entregas de produtos e prestação de serviços”, destaca o diretor superintendente do Sebrae-MA, Albertino Leal.

Alimentação fora do lar

Integrando o setor de Alimentos e Bebidas, a microempreendedora individual Joina Rocha, dona do Café Jô Sabor de Mãe, no bairro do Cohatrac, reforçou a limpeza no estabelecimento e, na manipulação dos alimentos, mantém o mesmo controle e padrão de sempre, lavando bem as mãos e os alimentos que utiliza nas receitas de doces, salgados, sucos de frutas e outros.

“Estamos enfrentando um problema com a falta de álcool gel e de máscaras, por isso já comprei luvas para que os clientes possam fazer o seu lanche de maneira mais segura, após lavarem as mãos. Como temos muita rotatividade, já penso em fazer entregas dos produtos nas residências e empresas daqui mesmo do bairro para evitar que o cliente se exponha e nós também. Outra alternativa que vejo é, infelizmente, fazer o atendimento presencial mais rápido e sem demora e bate-papos como de costume. Sei que os clientes vão entender, porque todos nós precisamos estar nessa luta contra o coronavírus”, destaca a empreendedora.

Equilíbrio administrativo e financeiro

Com o COVID-19 sendo uma ameaça cada vez mais real para os brasileiros, já que o número de infectados aumenta a cada dia e a economia do País já começa a sentir as consequências, o Sebrae lançou uma série de estratégias digitais que visam ajudar os pequenos negócios a equilibrar sua balança administrativo-financeira (acesse www.sebrae.com.br). Além de dicas segmentadas, os analistas da instituição separaram algumas orientações básicas que podem ser aplicadas em qualquer tipo de negócio.

Planeje

– Faça um planejamento para os próximos meses. Reveja a sua operação: entender quais aspectos do seu negócio podem ser afetados é crucial, portanto, acompanhe o cenário da doença.

– Tenha um plano de ação prevendo ocorrências futuras e as possíveis alternativas para minimizar os impactos negativos, com foco na saúde dos colaboradores e clientes e na manutenção das atividades da empresa.

Reduza as despesas

– Reavalie todas as despesas – desde o papel para impressão, cafezinho, material de escritório, plano de telefonia e internet, etc: veja se há desperdício e atente para o que realmente é utilizado

– Revise os contratos de prestação de serviços e os de aluguel, assim como financiamentos para buscar uma negociação melhor.

– Veja se está na hora de substituir máquinas e equipamentos ultrapassados e que consomem mais energia elétrica.

– Busque otimizar a logística dos processos para reduzir as despesas com o deslocamento e transporte.

Fluxo de Caixa

– Negocie e renegocie prazos com seus fornecedores para que ganhe fôlego nesse período de aperto financeiro.

– Atente para as linhas de financiamento colocadas pelo Governo Federal e Estadual para empresas com dificuldades financeiras devido à pandemia. O Banco do Brasil e a Caixa, por exemplo, anunciaram liberação de crédito para empresas afetadas pelo coronavírus.

Faturamento

– Empresas que tenham canais diversos de atendimento (físico e remoto), o melhor é investir no atendimento remoto para suprir a queda do faturamento em seu canal físico.

– Acelerar a implementação de estratégias digitais.

Insumos e mercadorias

– Busque e valide outros fornecedores de mercadorias e insumos, caso possível. Não fique na dependência de um único fornecedor.

– Avalie a possibilidade de formação de estoques de segurança, sem comprometimento do caixa da empresa e do capital de giro.

Cuidados

– Monitore todos os seus prestadores de serviço e, caso identifique qualquer sintoma, siga o plano de contingência da Agência Nacional de Saúde.