Como o pilates pode auxiliar no tratamento de lesões

O pilates é um método amplamente conhecido pelos seus benefícios relacionados com a flexibilidade, circulação sanguínea e amplitude muscular. Mas, nos últimos anos, com a aplicação das técnicas em pacientes com lesões, a eficiência dos exercícios se mostrou ainda maior. Por essa razão, tem sido recorrente o uso da prática terapêutica nos tratamentos de traumas ortopédicos, pós-cirúrgicos e demais condições que limitem o movimento natural do corpo. 

As evidências científicas sobre os efeitos do pilates enquanto terapia apontam, em princípio, ações voltadas para estabilizar e fortalecer a região lesionada. Afinal, a depender do quadro clínico e dos protocolos utilizados, pode-se desencadear processos inflamatórios e o agravamento dos machucados. É com base nesse procedimento que a cicatrização consegue ocorrer livre de prejuízos motores e, consequentemente, garantir uma completa reabilitação. 

Uso terapêutico

Mesmo que não tenha sido usual nos primeiros anos do pilates no Brasil, a utilização dos recursos para reabilitação da saúde se origina junto da fundação da metodologia do seu fundador, Joseph Pilates. Por servir como enfermeiro durante a Primeira Guerra e tratar feridos de guerra e doentes, ele pôde criar uma série de atividades e técnicas que, posteriormente, foram incorporadas aos seus fundamentos.

Após sofrer ou desenvolver uma lesão, frequentemente os indivíduos evitam movimentar a área próxima da ferida, com receio de sentir dor ou agravar a situação. No entanto, foi comprovado pela ciência que nem todos os contextos vão exigir repouso absoluto. Até porque injúrias em articulações e tecidos podem ser curadas mais rapidamente a partir da condução supervisionada e controlada de um instrutor habilitado. 

Os exercícios focados na via terapêutica do método melhoram o metabolismo e, ao mesmo tempo, aumentam a circulação de citocinas com poder anti-inflamatório e demais substâncias analgésicas na corrente sanguínea. Isso significa que o protocolo incentiva o organismo a assumir o protagonismo do restabelecimento do condicionamento físico. Além disso, com as técnicas de controle respiratório e fluidez, se torna mais fácil fazer a gestão da ansiedade, condição recorrente naqueles que passam por tratamentos.

Prescrição médica

De modo geral, a indicação do tratamento terapêutico do Método Pilates para indivíduos que precisam restaurar movimentos, diminuir ou evitar os efeitos de patologias, sobretudo neurológicas e ortopédicas, deve ser prescrita por um profissional da área médica. Inclusive, a Resolução COFFITO Nº 386/2011 orienta que os fisioterapeutas acompanhem a evolução e resultados obtidos a partir das intervenções mecanoterapêuticas e cinesioterapêuticas. 

A mecanoterapia é utilizada na recuperação de lesões desde o século XIX e engloba a prática de exercícios com auxílio de elásticos, molas, halteres e outras forças externas de ordem mecânica. O principal objetivo é o aumento de massa, potência muscular e força explosiva, estática ou dinâmica. A cinesioterapia, por sua vez, trata de manobras que agem nos tecidos, tendões, ligamentos e músculos da parte lesionada, com intuito de reabilitar as funções motoras. 

Ainda assim, a aplicação do tratamento clínico exige um cuidado individualizado. Isto é, as indicações das atividades obedecem critérios que consideram o grupo social do paciente e, também, a particularidade do caso a ser tratado. Crises de dores crônicas, por exemplo, demandam uma abordagem diferenciada capaz de garantir o sucesso da terapia. 

Tratamentos comuns 

Apesar de ser um forte aliado na recuperação de traumas causados por acidentes, a lista de tratamentos beneficiados pelo pilates é ampla e cresce continuamente. Dentre aqueles prescritos com maior frequência, estão a descompressão da tensão da coluna vertebral, aumento da estabilidade mio-articular, ganho de controle neuromuscular, aprimoramento da flexibilidade de cadeias musculares, alívio nas compressões de discos, reabilitação e outros.

No sentido de evitar lesões traumato-ortopédicas, o uso dessa modalidade passa a ser recomendado, sobretudo, para a população idosa, atletas ou com propensão a doenças degenerativas como osteoporose ou artrite. Mais do que ativar a circulação, as atividades corrigem o alinhamento do corpo e da postura, aliviando a compressão dos ossos da coluna. Embora pareça algo simples, esse ajuste reduz os riscos de dores e fraturas. 

Esportistas e praticantes regulares de exercícios físicos que foram traumatizados com quedas ou rompimentos de tecidos conseguem encontrar nas técnicas do pilates um ambiente favorável e seguro para o enfrentamento e superação dos medos. Dessa maneira, a terapia ajuda a tornar esses indivíduos aptos física e mentalmente para o retorno das atividades. 

Evidências científicas

Artigos e demais ensaios clínicos e laboratoriais engrossam a literatura médica sobre o assunto e evidenciam os ganhos adquiridos por essa intervenção terapêutica. Em um artigo de revisão bibliográfica intitulado “Benefícios do Método Pilates e sua Aplicação na Reabilitação”, Joseli Franceschet Comunello examinou diferentes casos e resultados publicados no meio científico. 

Em uma das análises, o pesquisador observou que tanto a falta quanto a excessividade de flexibilidade (amplitude de movimento) podem ser prejudiciais para a saúde motora de pessoas com patologias. A conclusão é que a ausência aumenta o risco de distensões nos músculos, e o excesso, as chances de gerar dores nas articulações e osteoartrite. Portanto, reforça o acompanhamento constante do instrutor e fisioterapeuta durante o tratamento. 

Outro achado de Comunello foi o estudo envolvendo 50 pessoas com dor na lombar e protusão discal. Para o experimento, eles foram divididos em dois grupos, onde o primeiro seguiu com os métodos de pilates e yoga medicinal junto do uso de analgésicos, enquanto o segundo grupo apenas utilizava os remédios farmacológicos. Os efeitos, evidentemente, foram mais positivos entre os que seguiram no programa de atividades, pois se notou efetiva redução nas dores e diminuição da protrusão de disco.  

Aliado com a prática do método, a suplementação esportiva para fins terapêuticos também atravessa as discussões e ensaios clínicos. Um estudo experimental, publicado na Revista Brasileira de Ortopedia, avaliou os efeitos da arginina no reparo de lesões causadas por estiramento muscular e comprovou a eficiência do tratamento. Resumidamente, os resultados das avaliações histológicas com 3 g de arginina, por sete dias, mostraram aumento na indução de nutrientes e proteínas que melhoram os processos metabólicos e auxiliam na cicatrização.