Brasileiras fazem recorde de IPOs em Wall Street
PicPay, VTEX, Stone, PagSeguro, essas são algumas das empresas brasileiras que têm desembarcado em Wall Street e garantindo ao país recordes de IPOs. Mas afinal, o que motiva a escolha pela bolsa americana? Resumidamente, o apetite crescente do investidor à renda variável por conta da queda dos rendimentos em renda fixa e a vontade por parte das empresas de arrecadar fundos para crescer mais rapidamente.
A bolsa de valores se tornou caminho óbvio nos dias de hoje. Prova disso é que em 2020, em meio à pandemia de coronavírus, 1591 IPOs foram feitos no mundo, movimentando US$ 331 bilhões, sendo recorde nos Estados Unidos (com 480 IPOs e US$ 127 bilhões captados) e no Brasil (com 28 IPOS e R$ 117 bilhões captados).
Mas, agora, as empresas brasileiras estão indo além e deixando de abrir capital somente no país de origem para estrear em Wall Street. O que levanta a questão de que essa pode ser uma nova tendência.
Recentemente a carteira digital PicPay, controlada pelo grupo J&F, pediu registro para realizar uma oferta inicial de ações na bolsa de valores norte-americana Nasdaq, segundo documento regulatório protocolado pela companhia. A empresa pretende vender em Wall Street ações ordinárias Classe A – as de classe B, votantes, seguirão com o grupo controlador.
No entanto, outras empresas brasileiras já tinham traçado este caminho e preferiram fazer o IPO nos Estados Unidos e não na bolsa brasileira. É o caso da PagSeguro (PAGS), que levantou cerca de US$ 2,27 bilhões em sua oferta pública inicial de ações na Bolsa de Nova York, em 2018 – foi considerado, na época, o quarto maior IPO de tecnologia da história.
A Stone (STNE), uma fintech de meios de pagamentos multibandeira, também fez seu IPO em 2018 e suas ações dispararam mais de 30% na estreia na Nasdaq, captando US$ 1,22 bilhão no processo. No ano seguinte, foi a vez da Afya Educacional (AFYA) abrir capital nos Estados Unidos, com as ações subindo 20% na estreia. O grupo brasileiro de educação, especializado em cursos de medicina, levantou US$ 300 milhões (cerca de R$ 1 bilhão) com o IPO.
Mais recentemente, em janeiro de 2021, a gestora de private equity Vinci Partners (VINP) lançou sua oferta pública inicial de ações nos EUA, e levantou, ao menos, US$ 250 milhões. E a Pátria Investimentos (PAX), outra gestora brasileira de private equity, também lançou IPO nos EUA no início deste ano, levantando US$ 625 milhões.
A fintech brasileira Nubank deve ser a próxima a chegar nos Estados Unidos e já iniciou os preparativos para seu IPO, que pode acontecer ainda em 2021, segundo informações da agência de notícias Reuters. O movimento tem potencial para ser uma das maiores estreias de uma empresa sul-americana na bolsa de valores nos últimos anos.
Mas afinal, por que as empresas brasileiras estão preferindo fazer IPO nos EUA? Os motivos são muitos: acesso global a mais investidores, mercado e investidores mais maduros, governança corporativa mais avançada, mais bancos e casas de research cobrindo os papéis, valuation em dólar, mais custo e menos burocracia, dentre outros.
Abaixo compartilho também os valores arrecadados desde a do IPO até o fechamento de 15/10:
pagseguro +73,4%
stoneco +55,4%
xp +35,9%
vinci -20,5%
arco +8,2%
afya ltd +5,0%
vasta platform -77,6%
vitru -3,0%
pátria investimentos +0,3%
vtex +2,6%
zenvia +4,9%