Viver na Alemanha durante pandemia, é viver de forma consciente e compreensiva

Apesar do aumento de novos infectados por coronavírus nas últimas semanas, a Alemanha continua sendo um lugar tranquilo para morar durante a pandemia da COVID-19. Adotando práticas conscientes e recebendo a compreensão da população, o país conseguiu flexibilizar as condições de vidas sem que uma quarentena fosse estabelecida. A escritora brasileira Telma Brites, que mora há anos em território europeu, conta que até o momento foram totalizados mais de 198 mil casos confirmados, 182 mil recuperados e somente 9.092 mortes, e que mesmo assim as atividades aos poucos estão voltando como antes.

De início, o país decidiu que os estabelecimentos não essenciais fossem fechados, porém as livrarias e salões foram os primeiros comércios abertos, depois lojas com até 800m² e agora quase todos, porém todos seguindo as leis de prevenção do vírus.

Mesmo com essa possibilidade de frequentar os ambientes normalmente, existem fiscais que podem multar um estabelecimento caso não esteja seguindo as leis ou permitir que um cliente não cumpra as regras, como o uso de máscara em locais fechados: “Se um fiscal aparecer a multa é muito grave, então eles preferem seguir essa regra. Além do mais, todo mundo sabe que é necessário para evitar a contaminação.”, disse Telma Brites em entrevista.

Na Alemanha a responsabilidade de não propagar a COVID-19 é do governo, dos comércios e dos cidadãos, inclusive os estabelecimentos de refeição utilizam uma forma muito interessante para contribuir com o fim do vírus. “Quando você vai em um restaurante e senta em uma mesa, você recebe um formulário para assinar, justamente porque se tiver contato com alguém infectado no momento que esteve lá, você á avisado. Mas, ainda assim, todo restaurante e café respeitam a distância de espaço das mesas.”

Enquanto no Brasil o presidente Jair Messias Bolsonaro vetou o uso obrigatório de máscaras no comércio, em escolas e em igrejas do Distrito Federal, na Alemanha no início e, até hoje, o uso de máscara é obrigatório em locais fechados, somente nas ruas o uso é opcional e mesmo assim a autora Telma Brites afirma que as pessoas procuram se distanciar o máximo possível.

Aos poucos o país está voltando como antes, no início era permitido andar em grupos de duas pessoas, depois aumentou para duas famílias e atualmente são até 30 pessoas, porém em momentos especiais essa quantidade é flexibilizada, como em colações de graus, e mesmo assim todas seguem um método que evitam aglomerações.

Telma Brites foi uma das pessoas que se sentiu incomodada com o início da pandemia, mas logo praticou atividades que lhe acalmasse, inclusive foi assim que encontrou inspiração para seu próximo livro. A escritora brasileira mora há anos em território europeu, mas atualmente reside na Alemanha e é muito conhecida no Brasil pela trilogia “Gaia”, que atualmente está recebendo uma nova edição pelo Grupo Editorial Coerência.

Sobre a autora
Telma Brites Alves nasceu em 1963 na Bahia, onde passou a infância, entre Cafarnaum e o Morro do Chapéu. Aos 10 anos de idade, mudou-se para Salvador, onde fez teatro amador e se formou em Ciências Sociais na UFBA, especializando-se em antropologia médica. Já na adolescência, diferente da maioria dos colegas da mesma idade, gostava de ler Kafka, Simone de Beauvoir e Sartre. Em 1997, mudou-se para a França e conseguiu a titularidade CAPES para lecionar língua portuguesa. Atualmente mora em Sechtem, na Alemanha, onde ensina português em uma escola particular e dedica seu tempo livre para cuidar da família, e realizar o sonho de ser escritora. É casada e tem três filhos.