Seduc e parceiros encerram 2ª etapa de ciclos de oficinas voltadas para a educação quilombola

Enfrentar a cultura do fracasso escolar e garantir o sucesso na aprendizagem dos estudantes em territórios quilombolas do estado. Com estes objetivos a Secretaria de Estado de Educação (Seduc), em parceria com a Secretaria de Estado de Igualdade Racial (SEIR), Conselho Estadual de Educação (CEE) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), realizou, nesta quarta (18) e quinta-feira (19), no município de Pinheiro, na Baixada Maranhense, a 2ª etapa dos ciclos de oficinas para Implementação das Diretrizes Curriculares Estaduais para Qualidade da Educação Escolar Quilombola. 

A ação contou com a participação de gestores, professores, pais e responsáveis, estudantes dos Centros de Educação Quilombola (CEQ) e lideranças de instituições ou entidades quilombolas. 

As oficinas de escuta, como são chamadas, servirão como diagnóstico para a estratégia Trajetórias de Sucesso Escolar, elaborada pelo Unicef, com o objetivo de apoiar municípios e estados na definição, implementação e avaliação de políticas e ações de superação do fracasso escolar e enfrentamento da reprovação, distorção idade-série e abandono escolar em alguns estados do País. 

A professora Marinildes Martins, assessora de Educação Escolar Quilombola da Seduc, destacou a importância da participação efetiva das instâncias do poder público e da sociedade civil organizada.  

“Para alcançarmos as metas estabelecidas na implementação das diretrizes curriculares para a qualidade da educação escolar quilombola, é necessário que sua implementação ocorra de forma descentralizada e articulada, com a participação de todas as instâncias da Rede de Ensino do Estado, ou seja, sociedade civil e poder público com suas devidas atribuições estabelecidas para que, a partir daí, a política de educação escolar quilombola seja de fato efetivada de modo a transformar as práticas educacionais pautadas em preconceitos e discriminações raciais”, pontuou Marinildes Martins .

Erondina Barbosa da Silva, oficial de educação do Unicef, ressaltou a importância de estar junto à Seduc na implementação das Diretrizes Curriculares Estaduais para Qualidade da Educação Escolar Quilombola e no enfrentamento à Cultura de Fracasso Escolar.

“Para o Unicef é muito importante estar com a Secretaria Estadual de Educação nessa implementação. Num país que tem um racismo estrutural, nós consideramos que apoiar ações como esta significa apoiar uma educação antirracista, apoiar as comunidades quilombolas para que elas desenvolvam uma educação centrada no território, nos interesses de crianças e adolescentes quilombolas. A gente viu uma oportunidade de, por meio das diretrizes, implantar programas, ações, projetos de enfrentamento à cultura de fracasso escolar. No Brasil, infelizmente, pretos, pardos, indígenas, crianças e adolescentes das regiões Norte e Nordeste do país são as mais atingidas por essa cultura, composta pelo abandono, pela reprovação, pela distorção idade/ série”, explicou Erondina Barbosa da Silva. 

De acordo com Erondina Barbosa da Silva, o Unicef se aliou com a Seduc por meio da estratégia Trajetória de Sucesso Escolar, que foi pensada para apoiar estados e municípios no enfrentamento da Cultura de Fracasso Escolar.  “A gente prevê a escuta da comunidade de forma ampla: estudantes, familiares, professores, gestores e lideranças representativas das instituições ou organizações quilombolas, porque a gente pensa que tem muitas afinidades, muitas interfaces entre a Estratégia Trajetória de Sucesso Escolar e as Diretrizes”, explicou a representante do Unicef.  

Os participantes elogiaram a iniciativa que oportuniza debates acerca de temáticas que mexem com a vida nas comunidades quilombolas.

“Esse momento é um divisor de águas na minha vida, sobre a Educação Quilombola, sobre os meus direitos e sobre toda a minha concepção que antes eu tinha sobre a educação brasileiro. Estou tendo a oportunidade de aprender, ainda mais, sobre as minhas ancestralidades, sobre os meus princípios e também repassar isso de forma democrática para todos os participantes do evento”, disse Débora Fernanda, estudante do CEQ Benedito Fontes, de Mirinzal, que pertence à comunidade Quilombola de Bom Viver.

“Estou muito satisfeito com esse evento e espero que possa vim muito mais para que de fato venha trazer bons frutos para a educação do estado, para a Educação Quilombola”, destacou Joelson Furtado Martins, representante quilombola da comunidade Porto Nascimento, em Mirinzal. 

A ação continua na próxima semana, nos dias 25 e 26, no município de Bacabal.