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Retrospectiva – Como o Maranhão contornou a crise e movimentou o setor cultural no ano da pandemia

No final de fevereiro deste ano, o Maranhão celebrava a realização do maior carnaval de sua história. Foram quatro circuitos oficiais da alegria (Beira-Mar, Rio Bacanga, Madre Deus e Passarela do Samba), mais de 700 mil pessoas nos cinco dias de folia e cerca de 300 atrações, incluindo shows com nomes de peso, como Margareth Menezes, Cidade Negra e Zeca Baleiro.

Com o registro de 82% da ocupação hoteleira em São Luís, o Carnaval exitoso era o prenúncio de um São João ainda mais pujante em 2020, mas tudo mudou com a pandemia da Covid-19. Em cumprimento ao Decreto Estadual nº 35.677, casas de espetáculos, bares, cinemas e demais espaços de cultura tiveram que fechar as portas para conter o avanço do coronavírus.

Com a rápida escalada da doença, uma das primeiras medidas emergenciais adotadas pelo governador Flávio Dino foi voltada especialmente para auxiliar artistas e profissionais da cultura, um dos primeiros segmentos paralisados pela crise sanitária.

Nas redes sociais, o governador anunciou o lançamento de um edital especial para apresentações via internet. Nascia aí o Conexão Cultural, edital promovido pela Secretaria de Estado da Cultura (Secma) como solução para movimentar a economia criativa do Maranhão em tempos de distanciamento social.

A ideia deu tão certo que no dia 4 de abril foi lançado um novo edital de apresentações culturais online. Ao todo, os dois editais selecionaram aproximadamente 650 artistas de várias modalidades culturais, como artes visuais, arte urbana, bandas de todos os gêneros, músicos de voz e violão, circo, dança, DJs, grupos instrumentais, performances teatrais e shows de humor.

Lei Aldir Blanc no Maranhão

Entre uma série de atividades virtuais, como o projeto Bate-Palco do Teatro Arthur Azevedo (TAA), que entrevistou, via redes sociais, artistas como a coreógrafa Deborah Colker e o ator Luiz Carlos Vasconcelos, a Secma lançou em setembro editais para aplicar, no Maranhão, recursos da Lei Aldir Blanc (n° 14.017/20), legislação aprovada no Congresso Nacional, que garantiu o repasse de R$ 3 bilhões para reativar o segmento cultural em todo o Brasil.

O Maranhão recebeu, ao todo, R$ 114 milhões, sendo que R$ 61.466.556,42 desses recursos foram diretamente geridos pelo Poder Executivo Estadual.

A Secma lançou cinco editais de fomento cultural (Conexão Cultural 3, Oficinas Artísticas, Fomento a Projetos Culturais, Artesanato – este em parceria com a Secretaria de Estado do Turismo (Setur) – Fomento à Literatura e Fomento ao Audiovisual) e a renda básica emergencial da cultura, com o pagamento de três parcelas de R$ 600 a trabalhadores e trabalhadoras da cultura.

Mais de 2.000 artistas de todo o Maranhão já foram contemplados em algum desses editais.

Retorno gradual e novidades

Com a queda na taxa de contágio do vírus, foram editadas novas medidas de flexibilização, como o decreto que permitiu o retorno de pequenas apresentações musicais e a abertura das salas de cinema com sessões para até 150 pessoas e com atenção a uma série de protocolos sanitários.

O retorno gradual permitiu que o Governo do Maranhão entregasse à população novos equipamentos culturais. Entre as novidades estão a Praça dos Poetas, nova pintura na escadaria do Beco do Silva, restauração do prédio histórico da REFFSA e requalificação do Museu Cafua das Mercês.