Resultados do aprendizado de robótica são para além das salas de aula e das arenas de competição
SÃO LUÍS – A robótica educacional e de competição têm demonstrado efeitos transformadores significativos na vida dos estudantes e suas famílias, especialmente em aspectos comportamentais e no desempenho escolar. Os estudantes que participam de projetos de robótica frequentemente desenvolvem habilidades como trabalho em equipe, disciplina e responsabilidade, além de melhorarem sua comunicação e interação social. Esses fatores contribuem para um aumento na autoestima e na maturidade emocional, refletindo positivamente em suas relações familiares e sociais. Os estudantes do SESI Maranhão são um exemplo dessa transformação que vai muito além das salas de aula e das arenas de competição.
Além disso, a robótica tem resultado em um impacto positivo no desempenho acadêmico dos estudantes, com muitos relatando melhorias em disciplinas/componentes curriculares como Matemática e Física. As famílias também se beneficiam desse processo, pois a participação dos filhos em competições e projetos de robótica fortalece os laços familiares e cria uma rede de apoio entre os pais. Essa interação não apenas promove um ambiente de aprendizado colaborativo, mas também ajuda a consolidar valores familiares, preparando os jovens para um futuro mais promissor.
Ariane Chung, psicóloga do SESI, falou que a experiência na robótica vai além da diversão. Os estudantes desenvolvem habilidades essenciais, como organização, comunicação e trabalho em equipe, que normalmente só seriam exigidas em ambientes universitários ou profissionais. “Apesar da rotina intensa, os estudantes conseguem se reorganizar e, consequentemente, apresentam uma melhora no rendimento escolar. Além disso, a participação dos pais nos projetos fortalece a relação entre família e escola, promovendo um ambiente de apoio e engajamento que beneficia o desenvolvimento dos jovens”, frisou a psicóloga, uma das profissionais da área que ajuda os estudantes a lidar com a pressão e as emoções.
PARA IR ALÉM – A robótica também instiga os jovens a desenvolverem uma perspectiva de futuro, com muitos expressando interesse em carreiras nas áreas de ciência e tecnologia, o que os prepara para um futuro mais promissor e conectado às demandas do mercado. Nas escolas do SESI no Maranhão há muitos desses exemplos. Yan Henrique Azevedo Lima, 18, é um deles. Recentemente ele foi aprovado para os cursos de Engenharia Civil na Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) e em Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia (BICT), na Universidade Federal do Maranhão (UFMA).
“Eu estudo no SESI desde pequeno. Muito novo fui inserido no mundo da robótica, na metodologia STEAM (Ciência, Tecnologia, Engenharia, Arte e Matemática, na sigla em inglês). Então, as Ciências Exatas sempre estiveram muito presentes na minha vida. Eu competi nas modalidades da First Lego League (FLL) e na First Robotic Competition (FRC). Fui para o Nacional e para o Open Internacional com a equipe Phoenix Robot (FLL) e no ano passado para a etapa brasileira com a equipe Colosso (FRC), em Brasília. Na temporada 2022, que teve como tema ‘Cargo Connect’, ganhamos o prêmio Core Values e o 4º lugar no Champions Award no Regional do Maranhão”, resumiu Yan.
Já Maria Eduarda Machado, 18, foi aprovada para o curso de Física, na UFMA. “Sempre gostei da área de Exatas, participei do projeto da F1 in Schools e tive apoio de professor do SESI para enxergar a Física além de uma matéria da grade curricular. Quero me especializar em Neurociência Computacional e preciso me especializar em Física. Eu ganhei muito conhecimento e experiência ao participar de equipes de robótica como Ragnar e Pugnator”, relembrou Maria Eduarda. As duas escuderias da F1 estão entre as que garantiram vaga para etapa nacional do torneio, que acontece em março, em Brasília.
Aprovada em Engenharia Civil na UEMA e Engenharia de Produção na UFMA, Jullya Sophia Santos Pereira, 18, também está colhendo frutos do que aprendeu na robótica. Ela conta que boa parte desses resultados é graças ao SESI e a seus pais, que sempre foram os propulsores dos seus sonhos. “Eles sempre dizem que não há nada que eu não possa realizar. Participei da robótica em 2021, 2022 e até o começo de 2023. Iniciei na equipe Law, depois fui para a Gipsy Danger e encerrei na Fênix, todas da modalidade FLL. Os conhecimentos que obtive na robótica me ajudaram muito e me influenciaram para chegar aonde estou. Aprendemos na robótica a ir além e isso fez grande diferença na minha vida”, refletiu Jullya. A equipe Gipsy Danger, assim como a Unimate, Dracarys e Robotic’s Angels, também disputarão a etapa brasileira da competição na modalidade FLL.
Quem está começando também sente os efeitos positivos do aprendizado de robótica. Lucas Caleb,14, integrou uma equipe do Projeto Prototipando Sonhos, na edição passada do Torneio Regional de Robótica do SESI Maranhão. Apadrinhada pelo SESI Casarão da Indústria, a ‘equipe de garagem’, formada por estuantes de diversas escolas, se destacou e Lucas ganhou uma bolsa para estudar no SESI São Luís.
Ele comentou sobre a importância da bolsa de estudos que lhe permitiu acessar um ensino de robótica de qualidade, ressaltando que a experiência abriu diversas oportunidades em sua vida. “A participação em competições de robótica, como FLL e FTC, é fundamental para o desenvolvimento de habilidades tecnológicas e sociais, melhorei a proficiência em inglês e fiz amizades. Essas experiências serão valiosas para o meu futuro”, antecipou Lucas.
ENVOLVIMENTO FAMILIAR – A mãe de Lucas, Letícia Fernanda Lopes Silva, relatou mudanças significativas no comportamento do filho desde que ele começou a estudar robótica. Antes tímido e com um círculo social restrito, Lucas agora se mostra mais sociável e confiante. Letícia observou que Lucas, que sempre foi um estudante disciplinado, agora estabelece metas pessoais e se preocupa com seu desempenho acadêmico, refletindo um crescimento em sua autoconfiança e responsabilidade.
Daniella Fernandes Arraes, mãe do Davi Arraes Gomes, 14, da equipe Dracarys, conta que desde que Davi ingressou no projetoL de robótica, ele se tornou mais interativo e disciplinado, desenvolvendo um forte senso de responsabilidade e trabalho em equipe. Daniela destacou que, além de se expor mais e se comunicar melhor, Davi aprendeu a valorizar a colaboração e a competição saudável, refletindo um crescimento significativo em sua maturidade emocional e social. A experiência na robótica também impactou positivamente seu desempenho escolar, especialmente em disciplinas como Matemática e Português.
Envolvida com tudo que diz respeito à robótica, Daniella ressaltou a importância do apoio familiar e da formação de um grupo de mães que se uniram para incentivar e acompanhar os filhos durante as competições. Essa rede de apoio não apenas fortaleceu os laços entre as famílias, mas também proporcionou um ambiente de aprendizado e crescimento conjunto. “A robótica não só consolidou os valores familiares que nós ensinamos em casa, mas também ajudou Davi a desenvolver uma perspectiva de futuro. A robótica é uma oportunidade valiosa que promove não apenas habilidades técnicas, mas também valores fundamentais como respeito, responsabilidade e a importância de contribuir para a comunidade”, destacou. A equipe Dracarys, da qual Davi faz parte, é uma das 10 que defenderá o Maranhão no Festival SESI de Educação, entre os dias 12 e 15 de março, na capital federal. O sonho agora é conquistar vaga para o torneio internacional.