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População de São Luís é eleita a menos “desbocada” do país; entenda

Famosa por seu Centro Histórico e povo acolhedor, São Luís, no Maranhão, tem um novo título para se orgulhar. Em uma pesquisa que investigou a relação dos brasileiros com os palavrões, a capital maranhense foi eleita o município menos “boca-suja” do país — ou seja, aquele cujos habitantes mais evitam dizer palavras obscenas no dia a dia. Por outro lado, segundo o levantamento, Fortaleza, Rio de Janeiro e Brasília são os grandes campeões nacionais quando o assunto são as expressões de baixo calão. 

Quem traz os resultados é a Preply, plataforma internacional de e-learning que, recentemente, entrevistou mais de 1.600 residentes de 15 municípios nacionais, que compartilharam em que situações falam mais palavrões, com quem costumam ser mais “desbocados” e quando evitam dizer tais xingamentos. Para chegar aos dados finais, os respondentes tiveram suas respostas compiladas e analisadas, de modo a se calcular o número médio diário de vezes em que as pessoas xingam em cada cidade. 

São Luís, a cidade (quase) sem palavrões

Ao que tudo indica, São Luís é mesmo o melhor exemplo quando o assunto é o uso de palavras ofensivas. Isso porque, após classificarem diferentes cidades com base na quantidade de palavrões ditos por seus habitantes, a pesquisa descobriu que o município contém a média mais baixa de todo o Brasil (um palavrão dito por dia), além de concentrar a maior porcentagem de habitantes incomodados com palavras grosseiras ou ofensivas (78.95%). 

Os desbocados, em contrapartida, podem ser encontrados em três diferentes cidades, que se superam quando o assunto é falar palavrões: Fortaleza, Rio de Janeiro e Brasília, todas com uma média de 8 xingamentos diários feitos por alguém. O segundo lugar fica a cargo de São Paulo e Belo Horizonte, com 7 palavrões por dia, enquanto Manaus (6) ocupa o terceiro lugar.

Importante destacar que, se comparado a outros países, o Brasil está longe de ser o mais desbocado do mundo. Muito pelo contrário, aliás: segundo o estudo, também realizado na Inglaterra e Estados Unidos, somos bastante moderados em comparação com ambos, em que a taxa média de palavrões por dia é cerca de 10 e 21, respectivamente. Por aqui, a média nacional de xingamentos é de apenas 6,61 — três vezes menor, portanto, que o registrado pelos estadunidenses.

A quantidade de palavrões diários também costuma variar dentro de grupos específicos. Na comparação entre homens e mulheres, eles (8,48 vezes por dia) tendem a xingar mais do que elas (5,35 vezes por dia). O mesmo acontece entre os mais  jovens e os mais velhos: como imaginado, brasileiros entre 16 e 24 anos (8,9 vezes) falam quase o dobro de palavreados por dia do que aqueles acima de 55 anos (4,74 vezes).

Onde e quando surgem os palavrões

Para entender em que locais e circunstâncias os brasileiros mais falam palavrão, os entrevistados foram questionados sobre que tipo de situação tende a despertar os xingamentos. Embora as discussões de trânsito sejam típicas no Brasil, curiosamente, apenas 16,65% dos brasileiros revelaram xingar enquanto dirigem. O comportamento é mais provável de acontecer em Campinas, onde 33,33% disseram recorrer a ofensas do tipo ao dirigir. 

Na verdade, a liberdade parece mesmo morar dentro de casa, considerando que quase 50% dos respondentes selecionaram o local como aquele onde costumam praguejar como quiserem. Em São Luís, 60% dos habitantes xingam mais quando estão no próprio lar

Em contrapartida, o baixo número de brasileiros (9,53%) que revelaram dizer palavrões durante o trabalho reflete uma máxima do mundo corporativo: não é de bom tom usar linguagem obscena em contextos profissionais. Nem mesmo em Porto Alegre, cujos residentes são os mais propensos a isso (19,05%), a porcentagem chega a ser considerável.

Os adeptos aos palavrões sabem que nem sempre eles são usados para ofender outras pessoas. Muitas vezes, aliás, os xingamentos aparecem quando ninguém está por perto, em momentos de excesso de raiva e autodepreciação — exatamente como sugerem as respostas do levantamento.

Para se ter uma ideia, de acordo com a maior parte dos entrevistados, os palavrões são geralmente ditos a si mesmos (26,85%) ou a ninguém em particular (20,60%). Só em seguida aparecem outros envolvidos, como os amigos (17,42%), parceiros amorosos (12,99%), colegas de trabalho (7,70%), irmãos (6,54%) e até mesmo os próprios pais (0,96%).

Palavrão com hora e lugar: quando evitamos soltar palavrões

Pelo visto, ao que indicam as respostas, existe mesmo hora e lugar para dizer palavrão. Afinal, quando perguntados sobre o que os inibe de recorrer à linguagem chula, quase 80% da população revelou se abster de usá-la na frente de crianças (78,10%), do próprio chefe (76,88%) ou à mesa de jantar (76,57%).

Uma grande parcela dos respondentes ainda assinalou evitar palavreados do tipo perto de pessoas idosas (70,10%), enquanto um número menor disse dispensá-los mesmo quando estão com estranhos (60,89%).

Há quem se incomode com o palavrão no Brasil?

Segundo as descobertas, a batalha entre os que se constrangem e aqueles que não se importam está bastante dividida no Brasil, pois o número geral de incomodados beira os 60%. O mesmo se aplica à comparação entre homens e mulheres: há pouca diferença de opinião entre os gêneros, mesmo com elas (60,41%) se mostrando um pouco menos tolerantes do que eles (51,90%). 

Talvez a maior diferença em relação ao incômodo com os palavrões apareça quando colocadas lado a lado diferentes idades. Se, entre jovens de 16 a 24 anos, apenas 47,49% disseram não tolerar tal tipo de linguagem, 61,11% das pessoas com mais de 55 anos se mostraram intolerantes aos xingamentos. 

Por fim, para aqueles que não dispensam um bom palavrão, a dica é fugir de São Luís, Natal e Salvador, considerando que os municípios possuem o maior número de pessoas que demonstram incômodo com os palavreados. Por fim, Manaus, Recife e Rio de Janeiro podem ser os destinos ideais nesse caso, tendo em vista os residentes mais abertos da pesquisa aos famosos “desbocados”.

Metodologia

Entre 2 a 7 de novembro de 2022, foram entrevistados, via Censuswide, 1.639 brasileiros residentes em 15 cidades do país (necessária residência de pelo menos 12 meses no município). Para determinar as localidades que mais xingam, os entrevistados compartilharam o número de vezes que xingam por dia, número posteriormente utilizado para calcular e classificar a média em cada município.

Sobre a Preply

A Preply é uma plataforma online de aprendizagem que conecta milhões de professores nativos a alunos de todo o mundo. A empresa fundada em Kiev, na Ucrânia, e que conta com escritórios em Barcelona, Espanha, já alcançou mais de 140 mil professores que ensinam 50 idiomas em 203 países ao redor do planeta. A solução proporciona uma relevante e eficiente experiência de aprendizado a preços justos. Mensalmente, a Preply realiza pesquisas nas áreas de educação, mercado, estilo de vida e outros temas relevantes para o mundo globalizado.