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MPMA promove palestra sobre saúde mental

Para celebrar o Janeiro Branco, mês dedicado à conscientização sobre a saúde mental e emocional, o Ministério Público do Maranhão promoveu, nesta sexta-feira, 26, no auditório da Casa da Mulher Brasileira, a palestra “Identificar, tratar e curar – o mundo pede saúde mental”. Foram palestrantes o psiquiatra e professor da Universidade Federal do Maranhão Ruy Palhano e a psicóloga e professora da Universidade Ceuma Vanessa Maranhão.

Organizado pela 2ª Promotoria de Justiça Especializada na Defesa da Mulher de São Luís, em parceria com o Núcleo de Apoio às Vítimas e Centro de Apoio Operacional de Enfrentamento à Violência de Gênero (CAO Mulher) do MPMA, o evento foi destinado a profissionais e estagiários das instituições que atuam de forma integrada na Casa da Mulher.

Na abertura, a promotora de justiça Selma Martins, coordenadora em exercício do CAO Mulher e titular da 2ª Promotoria de Justiça de Defesa da Mulher de São Luís, destacou a importância da discussão sobre saúde mental na atualidade, sobretudo para os profissionais do sistema de justiça que lidam cotidianamente nos seus ambientes de trabalho com situações de violência e de estresse.

Lana Barros Pessoa, que é coordenadora do NAV-MPMA, reafirmou o posicionamento da colega para demonstrar preocupação com o agravamento da saúde mental depois da pandemia da Covid e enfocou a necessidade de toda a sociedade estar atenta ao problema.

DADOS

Ao se manifestar, o psiquiatra Ruy Palhano apresentou dados estatísticos para reforçar a gravidade da situação que envolve a saúde mental no Brasil e no mundo, acrescida em cerca de 40% de casos registrados pós-pandemia.

“Na população mundial, as doenças mentais atingem aproximadamente 1 bilhão e 200 milhões de pessoas; no Brasil, são 70 milhões; uma a cada 36 crianças são diagnosticadas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA); o país detém o segundo lugar no mundo em casos de depressão, o que vem aumentando de forma significativa o número de suicídios, principalmente entre os mais jovens”, revelou.

O palestrante pontuou que, apesar da complexidade da situação, a rede de assistência psiquiátrica na saúde pública ainda é bastante deficiente. Nem a Farmácia Popular oferece à população de baixa renda medicamentos específicos para o tratamento psiquiátrico, como ansiolíticos e psicotrópicos. Ele citou que, no Maranhão, existem apenas 75 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) nos 217 municípios. Além disso, o orçamento da saúde pública no país destina apenas de 1,5% a 2% dos recursos para a assistência psiquiátrica.

Como sugestões para o enfrentamento dos problemas que afetam a saúde mental, Ruy Palhano defende a ampliação do número de CAPS, o aumento dos recursos públicos para o setor, bem como o maior envolvimento das instituições e da sociedade na pressão sobre o poder público para a oferta de políticas públicas mais consistentes na área da assistência psiquiátrica.

SAÚDE MENTAL DE JOVENS

A psicóloga Vanessa Maranhão também apresentou números sobre a saúde mental, ressaltando situações que envolvem crianças e adolescentes. “Em 2019, quase 1 bilhão de pessoas – incluindo 14% dos adolescentes do mundo – viviam com um transtorno mental. O suicídio foi responsável por mais de uma em cada 100 mortes e 58% desses casos ocorreram antes dos 50 anos de idade”.

A palestrante destacou ainda que a depressão e a ansiedade aumentaram mais de 25% apenas no primeiro ano da pandemia.

Ela informou, que diante da situação, já existe em São Luís, na Unidade Mista da Área Itaqui-Bacanga, um centro de saúde mental, vinculado à rede pública municipal, que atende crianças e adolescentes, pela manhã, e adultos, à tarde.

MESA REDONDA

Na tarde desta quinta-feira, 25, o Centro de Apoio Operacional de Direitos Humanos e Cidadania (CAO-DHC), realizou uma mesa redonda com o tema do Janeiro Branco 2024: Saúde Mental Enquanto é Tempo. A atividade foi coordenada pela promotora de justiça Cristiane Lago, coordenadora do CAO-DHC.

O evento, realizado no Centro Cultural, contou com a presença de servidores de órgãos e instituições, como Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, secretarias de Educação e de Saúde do Estado e do Município de São Luís, da UFMA, Polícia Federal e de hospitais particulares, como São Domingos, Instituto Ruy Palhano e Clínica Estância Bela Vista, que contribuíram com a organização do evento.