Maranhão é certificado por realizar mais de 100 mil cursos para reeducandos do Sistema Prisional

“É um momento muito importante. No local que eu me encontro é sempre uma gratificação se destacar em alguma coisa”. Esse relato é de Yohanna Sousa. Ela cumpre pena de detenção em regime fechado no Complexo Penitenciário de São Luís e foi uma das 80 pessoas privadas de liberdade que receberam certificação presencial pela conclusão de cursos ofertados aos apenados pelo Instituto Mundo Melhor (IMM). 

Mais de 100 mil detentos como Yohanna concluíram cursos ofertados pela plataforma IMM. Para celebrar o bom resultado, o IMM e a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) certificaram o Maranhão por esse novo resultado positivo na educação do Sistema Prisional. 

A cerimônia de entrega da certificação foi realizada nesta sexta-feira (12), na Unidade Prisional de Ressocialização São Luís 2, localizada na BR-135. A entrega do certificado para detentos como Yohanna foi um dos momentos que marcaram a solenidade. 

“É uma grande satisfação! São 110 mil certificados somente de uma instituição. Isso demonstra o quanto o Governo do Estado vem investindo em educação no sistema prisional, desde a alfabetização, até o ensino superior, passando por cursos de capacitação e qualificação”, celebrou o secretário de Estado de Administração Penitenciária (SEAP), Murilo Andrade. 

Na plataforma, os detentos de todo o estado tiveram oportunidade de qualificação em eixos como educação, administrativo, governança doméstica, informática e saúde & bem-estar. Em Governança Doméstica, por exemplo, os reeducandos puderam ter formação básica em venda porta a porta, sushi churrasco, cerveja artesanal, entre outros. 

“São diversos cursos, dependendo da quantidade de horas que a gente faz. Tem cursos que demoram uma hora, duas horas, porque é só um mês, mais ou menos”, conta Yohanna. 

Perguntada se poderá utilizar os conhecimentos adquiridos quando se reintegrar à sociedade, Yohanna é enfática: “Com certeza. Basta ter força de vontade, e é o que eu tenho”. 

Educação e uma nova oportunidade

A certificação foi entregue ao Governo do Maranhão pelo presidente da Ajufe, o juiz federal Nelson Alves; e pelo coordenador do projeto Mundo Melhor na Ajufe, o juiz federal Daniel Wolff.  

“Os reeducandos estão tendo essa oportunidade de, por meio da educação, terem o seu processo de ressocialização. Todos cometem erros, mas o importante é que eles saíam daqui com oportunidade, qualificados e contribuam com a vida em sociedade”, ressalta o presidente da Ajufe, Nelson Alves. 

Já Daniel Wolffa acredita que o Maranhão acertou em investir em educação no sistema carcerário, estratégia que segundo o magistrado, é a “força motor da ressocialização”. 

“É muito importante lembrar que a educação é a força motor da ressocialização. É o modo pelo qual esses reeducandos vão retornar para a sociedade com um sustento lícito e terão uma inspiração para ter uma vida melhor”, sublinha Wolff. 

Futuro profissional, futuro de cidadania

Representando o governador Carlos Brandão, o secretário-chefe da Casa Civil, Sebastião Madeira, destacou o perfil ressocializante desse tipo de iniciativa do poder estadual, na gestão dos presídios maranhenses. 

“É um exemplo cabal de como o Governo do Maranhão se preocupa com o ser humano, mesmo àqueles que tenham cometido erros. Aqui eles têm a oportunidade não apenas de pagar pelos seus erros, mas também construir o seu futuro, um futuro de cidadania, um futuro profissional”, disse Sebastião Madeira. 

O apenado de Justiça Boaventura Francisco de Oliveira Neto também recebeu o diploma e sabe que a formação pode fazer a diferença quando ele retornar à liberdade e ao mercado de trabalho. “É uma oportunidade de aprender uma profissão nova. Quando voltarmos ao convívio da sociedade, isso pode facilitar a nossa inserção no meio do trabalho”, frisa.   

No Maranhão, o acesso à educação é um pilar fundamental na ressocialização das pessoas privadas de liberdade. Desde 2017 a SEAP vem implantando ações como o Programa Educacional “Rumo Certo”, ferramenta de reintegração social ao público custodiado, composta de atividades educacionais em educação básica, modalidade jovens adultos (EJA), educação profissional e tecnológica até o ensino superior.