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Saúde

Linha de frente: a realidade dos atendimentos odontológicos durante a pandemia

Se as máscaras e luvas descartáveis já faziam parte da rotina dos dentistas ao atender os pacientes, essa realidade se intensificou com a Covid-19. Protetores faciais, desinfecção mais intensa e ainda mais cuidados nos consultórios e salas de espera, utilização de máscaras especiais, redução nos números de agendamentos e constante aplicação de álcool em gel são algumas das medidas adotadas pelos profissionais da saúde bucal durante a pandemia. E alguns estudos têm mostrado que essas mudanças têm sido efetivas na proteção dos dentistas.

De acordo com o Conselho Federal de Odontologia (CFO), cirurgiões-dentistas, auxiliares e técnicos em saúde bucal representam o menor índice de contaminados entre os profissionais da saúde que estão na linha de frente contra a Covid-19 no Brasil. O relatório divulgado no início do segundo semestre pelo Ministério da Saúde apontava que, do total de pessoas infectadas, 0,17% eram cirurgiões-dentistas, o que representava 2.737 profissionais contaminados, do total nacional de 1.603.055 pessoas infectadas entre os meses de março e junho.

Outro estudo divulgado recentemente pelo The Journal of the American Dental Association mostra que, nos Estados Unidos, menos de 1% dos dentistas foram infectados pelo novo coronavírus. Em março, o jornal The New York Times havia colocado a odontologia como uma das profissões com maior risco de contágio da Covid-19, segundo dados do Departamento do Trabalho dos EUA.

O baixo número de profissionais infectados mostra que protetores faciais e desinfecção mais intensa têm auxiliado na proteção tanto dos dentistas quanto dos pacientes. Segundo uma pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Odontologia, com 40 mil cirurgiões-dentistas, 82% dos profissionais continuam atendendo os pacientes em consultórios odontológicos com base nos cuidados de biossegurança recomendados pelo Conselho.

Essa foi a realidade do cirurgião-dentista e gerente de novos produtos e práticas clínicas da Neodent, Sérgio Bernardes, que manteve operando e seguindo todos as orientações e protocolos de segurança durante a pandemia. Ele faz parte de um universo de 328 mil cirurgiões-dentistas brasileiros, de acordo com números do CFO, que precisaram adaptar procedimentos com a chegada do novo coronavírus. A categoria foi diretamente impactada pela pandemia, já que a saliva e a propagação de aerossóis são os principais meios de transmissão da Covid-19.

Ele conta que atender os pacientes em meio a uma pandemia é uma experiência nova, desafiadora e de muita responsabilidade, visto que, além dos atendimentos de emergência, a rotina dos cuidados com a saúde bucal não pode parar. “Mesmo os consultórios sendo ambientes reconhecidamente preparados para evitar qualquer tipo de transmissão de doenças, nós tivemos que reforçar e criar novas rotinas de segurança. Novos EPIs foram incluídos e uma rotina mais rigorosa de cuidados foi implantada”, afirma.

O presidente científico da Neodent, Geninho Thomé, também é professor no Instituto Latino Americano de Pesquisa e Ensino Odontológico e esteve à frente da criação de um manual com orientações de biossegurança para consultórios odontológicos dentro do movimento “Conta Comigo”. Ele avalia que a busca pela atualização de conhecimentos foi algo fundamental para os profissionais nesse período. “É uma realidade que ninguém nunca tinha vivenciado, então tudo é muito novo. O compartilhamento de informações e tomadas de decisões criteriosas foram armas extremamente importantes nesses meses”, explica.

O manual foi uma das principais iniciativas de suporte aos dentistas elaboradas durante a pandemia. “É um momento de união do setor, como forma de resgatar a confiança do brasileiro na saúde, para que o paciente se sinta seguro ao visitar um dentista, sem medo de ser contaminado” conta Matthias Schupp, CEO da Neodent. “A proposta é tão efetiva e necessária, que foi adaptada em nível internacional e traduzida para diversos idiomas”, comenta.

Força do setor

Segundo o CFO, o setor de odontologia tem movimentado, em média, R$ 38 bilhões por ano. É a segunda profissão mais rentável no país, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), reflexo principalmente do avanço tecnológico e de especializações na área. Novas tecnologias que têm sido observadas de maneira bastante consistente na odontologia estética. A área também sentiu os reflexos da pandemia com o aumento considerável da busca por procedimentos, como alinhamentos e implantes.

No consultório da cirurgiã-dentista e especialista da ClearCorrect Caroline Aranalde, a procura por alinhadores transparentes deu um salto. “A pandemia trouxe uma busca pela saúde em todos os seus aspectos. Hoje, recebo em meu consultório pacientes que se viram motivados a conhecer alternativas que podem trazer melhorias tanto na autoestima quanto na qualidade de vida”, conta. A média de vendas dos alinhadores da ClearCorrect, marca utilizada pela dentista, teve um crescimento de quase 60% durante a pandemia. Para atender a demanda, a empresa adquiriu uma nova linha de impressoras 3D, um terceiro turno de operações foi implantado e o volume de produção dobrou em três meses.

“A nova realidade vivida pelos dentistas reforça a dedicação e o comprometimento dos profissionais da saúde bucal com os pacientes, mantendo os atendimentos necessários com segurança e eficiência durante a pandemia da Covid-19”, finaliza Matthias.