Levantamento aponta que Maranhão tem margem para aumentar consumo per capita de pão
SÃO LUÍS – No dia 16 de outubro celebra-se o Dia Mundial do Pão, uma data que nos convida a refletir sobre o consumo deste alimento tão presente na mesa dos brasileiros. No Maranhão, o cenário da panificação revela que há margem para ampliar o consumo per capita anual de pão francês e outros produtos de panificação e confeitaria, especialmente em comparação com o Nordeste e o Brasil. Os dados estão em um levantamento realizado pelo Observatório da Indústria do Maranhão, da Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (FIEMA).
De acordo com dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares de 2018, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o consumo per capita anual de pão francês no Brasil é de 9,4 quilos, enquanto no Nordeste é de 11,7 kg. “No Maranhão, contudo, esse número cai para 7,2 kg, indicando um potencial de crescimento significativo”, avaliou o coordenador do Observatório da Indústria do Maranhão, Carlos Jorge Taborda. O estado possui 1.944 indústrias de panificação, segundo o Guia Industrial e Empresarial da FIEMA, sendo que 87,29% delas são dedicadas à fabricação de produtos de panificação.
De acordo com a “Pesquisa de Mercado – Consumo de Pão e Produtos de Panificação no Maranhão’, de 2024, realizada pelo Observatório da Indústria do Maranhão, a frequência de consumo de pão entre os maranhenses também oferece insights valiosos: 64% dos entrevistados consomem pão diariamente, enquanto 27% o fazem algumas vezes por semana. No entanto, 4% raramente consomem produtos de panificação, o que aponta para uma oportunidade de aumentar a penetração deste produto no cotidiano dos consumidores.
Os produtos de panificação mais consumidos no Maranhão incluem pães (91%), bolos (45%), biscoitos (33%) e doces de padaria (21%). A preferência por comprar pães em padarias é esmagadora, com 91% dos consumidores optando por este canal, em contraste com apenas 7% que preferem supermercados.
Para expandir o consumo de pão no Maranhão, estratégias podem ser adotadas, como campanhas de conscientização sobre os benefícios nutricionais do pão, diversificação dos produtos oferecidos e melhorias na distribuição e acessibilidade. Além disso, o fortalecimento das padarias locais e a inovação nos produtos podem atrair novos consumidores e fidelizar os existentes.
O 1º secretário da FIEMA e vice-presidente regional Nordeste da Associação Brasileira da Indústria de Panificação (ABIP), Pedro Robson Holanda, informou que a indústria de panificação tem para contratação imediata 40 mil vagas no Brasil. “E na panificação maranhense nós temos hoje necessidade de preencher pelo menos umas 100 vagas de padeiros e confeiteiros treinados e aptos a assumir. Está faltando mão de obra nas padarias para assim aumentarmos o consumo”, avaliou.
Já Antônio Alves Barbosa, presidente do Sindicato da Panificação e Confeitaria de Imperatriz e Região no Maranhão (Sinpancimp), enfatiza a necessidade de ações conjuntas entre instituições, sindicatos e associações para desmistificar a ideia de que o pão é um vilão. Barbosa ressalta que o pão é um produto consumido por todos os povos, em todos os tempos, um alimento versátil, com opções sem glúten e integrais, acessíveis a todos.
Além disso, as padarias locais oferecem uma variedade de produtos, incluindo restaurantes e lanchonetes, que podem atrair mais consumidores. “Com um esforço coletivo é possível elevar o consumo per capita de pão no Maranhão pelo menos ao nível per capita do Nordeste”, destacou Barbosa.
PROFISSIONALIZAÇÃO – O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI-MA), por meio da formação profissional, tecnológica e da inovação, vem promovendo mudanças culturais com base nas tendências do setor de Panificação e Confeitaria, que representa, um dos seis maiores segmentos industriais do Brasil, com participação no setor de produtos alimentícios em torno de 36,2%.
“O setor de Panificação e Confeitaria representa uma fatia fundamental na economia do Maranhão, com um consumo per capita de mais de 7,3%, sendo crescente a demanda por produtos mais saudáveis, como pães artesanais (rústicos com fermentação natural), pães funcionais, pães para dieta, pães sem glúten, pães com fibras, pães enriquecidos, pães saborizado com frutas, entre outros”, detalhou Marcos Cruz, especialista consultor tecnológico de Alimentos e Bebidas do SENAI-MA.
Ele acrescentou que o SENAI-MA oferta uma variedade de serviços e capacitações para as panificadoras e confeitarias do estado, utilizando base tecnológica moderna em seus laboratórios. São disponibilizados cursos técnicos, de qualificação, aperfeiçoamento, iniciação profissional e serviços de eficiência energética, manufatura enxuta (Lean Manufacturing), melhoria do layout produtivo, NR’S, além de atendimento sob demanda para as empresas. “O SENAI-MA foca em capacitação, tecnologia, inovação e mudança de cultura para profissionalização da gestão das empresas de panificação e confeitaria, gerando produtividade e valor agregado aos seus produtos e visando ao aumento do consumo per capita de novos produtos”, explicou Marcos Cruz.
O Dia Mundial do Pão é uma oportunidade para destacar a importância do setor de panificação e confeitaria e explorar caminhos para seu crescimento. Com iniciativas adequadas, o estado pode não apenas aumentar seu consumo per capita de pão, mas também fortalecer sua economia local.