Fisioterapia promove qualidade de vida a pacientes sequelados pela COVID-19

O advogado Aristides Fontenele testou positivo para a COVID-19 em julho deste ano depois de apresentar febre por três dias seguidos. Foram momentos difíceis, parte deles na UTI. Ele relata que houve noites que mal conseguia levantar-se da cama. Semanas depois da tão desejada cura, percebeu que seu corpo ainda tinha sinais da doença. 

Atividades simples que antes eram executadas por ele sem qualquer dificuldade, hoje exigem maior esforço e menos intensidade. Acostumado a correr por longas distâncias, assim que saiu do hospital o advogado percebeu algo de errado. Subir escadas e carregar sacolas, por exemplo, o deixava cansado demais. Além disso, começou a sentir, com muita frequência, falta de ar e dores intensas no peito. Buscou ajuda de profissionais que constataram que ele precisaria fazer reabilitação para superar as sequelas deixadas pela doença.  

Além da reabilitação, o advogado fez diversas consultas com especialistas para acompanhar a melhora do seu quadro clínico. Precisou tomar remédios para aumentar a imunidade e mudou a alimentação, cumprindo uma rotina alimentar balanceada. Tudo isso para voltar o mais rápido possível ao que ele era antes. 

“Precisei fazer fisioterapia respiratória por um longo período, pois a minha capacidade pulmonar foi uma das mais afetadas. Apesar das limitações, hoje eu consigo de forma menos intensa seguir a minha rotina de exercícios”, explica.

Aristides está nas estatísticas das pessoas infectadas pela COVID-19 que ficaram com sequelas. É como se o vírus afetasse parte do organismo deixando rastros mesmo depois da cura do paciente. Casos como o do advogado são mais comuns do que se imagina. Uma pesquisa realizada em agosto deste ano pela Universidade de São Paulo (USP) em pacientes infectados pela COVID-19 e internados no Hospital Clínicas apontou que 70% deles apresentaram algum tipo de sequela pós-infecção. Dentre os sintomas mais comuns que foram relatados, estão: fraqueza, fadiga e falta de ar. 

O coordenador de Fisioterapia da Facimp, Fernando da Silva Oliveira, explica que os fisioterapeutas passaram, naturalmente, a ser ainda mais demandados para auxiliar no processo de recuperação dos pacientes sequelados pela doença porque estão habilitados para indicar exercícios que atuam diretamente no sistema respiratório, um dos mais afetados pelo vírus. A fisioterapia respiratória, por exemplo, aumenta a resistência para a prática de atividades esportivas, além de melhorar a capacidade respiratória, dando ao paciente mais qualidade de vida. 

Ele ainda destaca que é possível fazer na própria casa exercícios que contribuem no processo de recuperação. 

“Um dos exercícios mais indicados aos pacientes que possuem problemas com falta de ar é a respiração diafragmática ou respiração profunda. Nessa respiração, o paciente deve escolher um horário do dia em que ele possa se concentrar sem que esteja envolvido em outras atividades. A ação é simples e rápida. O indivíduo deverá inspirar pelo nariz e expirar pela boca”, explica o coordenador. 

A reabilitação não tem um tempo médio, pois é levado em consideração o perfil de cada paciente e os problemas de saúde que ele adquiriu depois de ser infectado. 

“Há pacientes que na primeira sessão de fisioterapia já começam a apresentar melhoras significativas. Outros, depois de uma semana. O tempo de recuperação depende dos fatores de riscos que o paciente apresentava antes de ser infectado, o desempenho dele e a condição física atual”, finaliza. 

A boa notícia é que as sequelas podem desaparecer ou serem amenizadas com as sessões de fisioterapia. Por isso, é importante procurar ajuda de profissionais especializados para cada sintoma. Assim, a qualidade de vida voltará a fazer parte do dia a dia de quem um dia foi infectado pela COVID-19.