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Evento do CCVM discute os caminhos indígenas da arte-educação

O Centro Cultural Vale Maranhão realizará, de 18 a 20 de abril, o II Seminário de Arte, Educação e Cultura. Com o tema Além da escola: caminhos indígenas da arte-educação, o evento tem a proposta de promover o encontro do público com educadores e pesquisadores indígenas e não-indígenas para discutir como projetos de arte-educação têm sido conduzidos por diferentes povos originários em seus territórios.

Durante os três dias, professores de diferentes etnias, como os Awa Guajá (MA), Gavião Pykobjê (MA), Guarani Mbya (SP), Kaingang (SC), Yudja Juruna (MT) Mehin Krahô (TO), Panhĩ Apinajé (TO), Tentenhar-Guajajara (MA) e Tikmũ’ũ_Maxakali (MG), compartilharão experiências, modos de ensino e aprendizagem de cada comunidade, evidenciando a construção de conhecimento por meio de histórias, cantos, pinturas, pelo viver junto na aldeia, na floresta, ultrapassando os limites físicos do espaço escolar.

Assina a curadoria do seminário, a doutora em Linguística Flávia Berto, que desenvolve pesquisas nas áreas de descrição e análise de línguas, documentação linguística, educação escolar indígena e política linguística. Atuou como consultora em convênios entre instituições da Organização das Nações Unidas e do governo brasileiro, como o convênio entre IPHAN e UNESCO e entre Funai e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD. É professora concursada da SEDUC-MA e oferece acompanhamento pedagógico aos professores indígenas Awa Guajá da Terra Indígena Caru, no Maranhão.   

Conversas abertas, oficinas e exibição de filmes compõem a programação. “Serão momentos para conhecermos caminhos mais autônomos e criativos na condução de processos educativos. Por meio do (re)conhecimento da diversidade linguística e cultural, presente nos modos de existir e resistir dos povos originários, compreendemos que a educação é um processo que se dá além da escola e, muitas vezes, apesar dela”, conta Flávia.

Uma das programações é a conversa aberta Desafios da educação escolar indígena no Maranhão, que trará os obstáculos enfrentados na construção de uma educação escolar que priorize a formação dos professores indígenas partindo dos métodos de ensino e aprendizagem de cada povo na condução de processos educativos. 

Participarão Amyria Guajá, professor na Unidade Integrada de Educação Escolar Indígena Pape Japoharipa ‘Yruhu, localizada na aldeia Awa, terra indígena Caru, no município de Bom Jardim; Cíntia Guajajara, mestra pelo Mestrado Profissional em Linguística e Línguas Indígenas (PROFLLIND), do Museu Nacional (UFRJ), professora desde 1992 e moradora da Aldeia Lagoa Quieta, terra indígena Arariboia, município de Amarante do Maranhão; e Jonas Gavião, do povo Pyhcop cati ji,  nascido na aldeia Governador, terra indígena Governador, no município de Amarante do Maranhão, professor formado em magistério indígena pela Seduc (MA), graduado em Licenciatura Intercultural Ciências da Linguagem pela UFG, especializado em Gestão Político-Pedagógica pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e mestrando pelo PROFLLIND.

Oficina que combina educação ambiental e musical

Entre as oficinas, acontecerá Alfabecantar: cantando o cerrado vivo, refletindo sobre as possibilidades e condições de práticas pedagógicas musicais e decoloniais na escola e além dela, e estimulando a construção de novas matrizes curriculares, pautadas nas potências presentes nos conhecimentos dos povos originários, que, ao se articularem a outros saberes, colaboraram na construção de outros mundos possíveis.

À frente da oficina estarão: Gregório Huhte Krahô, educador mehi, acadêmico no Curso de Educação Intercultural do Núcleo Takinahaky de Formação Superior Indígena da UFG e mestre da musicalidade Krahô; Júlio Kamer Apinajé, mestre em Antropologia Social, graduado e especializado em Educação Intercultural e Transdisciplinar pelo Núcleo Takinahaky de Formação Superior Indígena da UFG e coordenador pedagógico da Secretaria de Educação do Estado do Tocantins; e Alexandre Herbetta, professor da UFG que atua no Núcleo Takinahakỹ de Formação Superior Indígena e no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social.

Além de oficinas e debates, dois filmes da diretora Sueli Maxakali – Nũhũ Yãg Mũ Yõg Hãm: Essa terra é nossa! e Yãy tu nũnãhã Payexop: Encontro de Pajés – compõem a programação. “As práticas e pensamentos dos povos originários são educação em integralidade. Essas experiências são fundamentais para revermos a escola e a divisão do trabalho. Mais do que um campo aberto de discussões, o seminário será uma oportunidade de vivência direta com professores indígenas por meio de dinâmicas que se apresentam, para nós, não-indígenas, como novas formas de aprender”, pontua Gabriel Gutierrez, diretor do Centro Cultural Vale Maranhão. 

Toda a programação é gratuita. O Centro Cultural Vale Maranhão fica localizado na Rua Direita, nº 149, Centro Histórico de São Luís.

Programação completa:

18/4

14h às 17h

Oficina Educação escolar e a luta pelo território: construindo uma escola caminhante, com Aline Jáxuca Adão e Valcenir Karai Tibes

19h

Conversa aberta Instrumentos e estratégias de valorização da diversidade linguística, com José R. Bessa, Marcus Vinícius Garcia e Márcia Kaingang

19/4

14h

Conversa aberta Desafios da educação escolar indígena no Maranhão, com Cíntia Guajajara, Jonas Gavião, Amyria Guajá

19h

Exibição dos filmes Nũhũ Yãg Mũ Yõg Hãm: Essa terra é nossa! e Yãy tu nũnãhã Payexop: Encontro de Pajés, de Sueli Maxakali

e Conversa aberta Educação como luta e arte: experiências tikmũ’ũn_maxakali na Aldeia-Escola-Floresta, com Marcinho Maxakali e Carlos Silva Maxakali

20/4

14h às 17h

Oficina Alfabecantar: cantando o cerrado vivo, com Gregório Huhte Krahô, Júlio Kamer Apinajé e Alexandre Herbetta

Mais detalhes no site ccv-ma.org.br.

Serviço:

O quê: II Seminário de Arte, Educação e Cultura – Além da escola: caminhos indígenas da arte-educação

Quando: 18 a 20 de abril, das 14h às 19h

Onde: CCVM – Rua Direita, nº 149, Centro Histórico

Sobre o CCVM

O Centro Cultural Vale Maranhão (CCVM) é um espaço cultural mantido pelo Instituto Cultural Vale, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, com o objetivo de contribuir com a democratização do acesso à cultura e valorização das mais diversas manifestações e expressões artísticas da região. Acesse http://institutoculturalvale.org/ para mais informações sobre a atuação do ICV.