Em congresso internacional, governador destaca atuação do Maranhão na política externa durante a pandemia

Na noite de quarta-feira (16), o governador Flávio Dino participou do I Congresso Internacional ‘Direito e Economia Política Internacional: reflexões sobre a China Contemporânea’, evento online coordenado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, com foco no debate sobre o poderio econômico e geopolítico conquistado pela China nas últimas décadas. 

Dino foi um dos debatedores no Painel 5, intitulado “As relações sino-brasileiras sob a ótica do federalismo e da paradiplomacia”, presidido por João Cumarú, pesquisador associado do Instituto de Estudos da Ásia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). 

Paradiplomacia – ou diplomacia paralela –  é a inserção de governos subnacionais (como estados e municípios) nas relações internacionais. Um dos exemplos de prática paradiplomática citados durante o painel, foi a operação de guerra empreendida pelo Governo do Maranhão para importação de respiradores da China em 2020. 

Na época, havia uma corrida internacional por respiradores para tratamento de pacientes da Covid-19, e o Maranhão precisou traçar uma rota alternativa via Etiópia, para evitar confisco do Governo Federal.   

Para Flávio Dino, no Brasil, a paradiplomacia é o meio encontrado para se contrapor à política externa nacional em vigor, que ele classificou como inconstitucional.  

“A paradiplomacia está funcionado na prática, como contraponto aos desastres da política externa inconstitucional que o Brasil pratica hoje. Não se trata obviamente de retaliação institucional, se trata de algo que faz parte da natureza humana: autodefesa. Nós temos feito da paradiplomacia um contraste para proteger os interesses do Brasil e cumprir com a Constituição”, avaliou Flávio Dino. 

Transição da hegemonia global

Em sua fala, o governador também fez referência ao reposicionamento do Brasil no mundo diante de uma “transição da hegemonia global”, onde a China se sobrepuja economicamente aos Estados Unidos. Com esse crescimento exponencial, a China estaria ganhando maior protagonismo global, inclusive na paradiplomacia em tempos de pandemia.  

“Não se trata de torcer a favor da China e contra os Estados Unidos, não é isso. Nós estamos vivendo uma fase que, progressivamente, a economia chinesa vai ganhando primazia sobre a economia liderada pelos Estados Unidos”, frisou o governador. 

Velho e bom multilateralismo

Dino apontou como um dos desafios para a paradiplomacia no país, a adesão brasileira ao “velho e bom multilateralismo”.  

“Diversificação de relações, diversificação de relações de troca, intercâmbios culturais. São nichos em que o papel dos estados, das cidades, tem também muito relevo”, pontuou o governador. 

Plano de Recuperação Verde

O governador Flávio Dino também defendeu que todos façam sua parte na luta para que o Brasil não perca sua capacidade de influência nos debates mundiais, destacando o trabalho do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal, presidido por ele.

Voltado para o desenvolvimento integrado e sustentável dos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins, o Consórcio da Amazônia visa a canalização de parcerias internacionais para impulsionar a região com sustentabilidade.  

O bloco prepara o lançamento do Plano de Recuperação Verde (PRV) da Amazônia Legal, desenhado aos moldes do Green Deal (Acordo Verde), que é um conjunto de estratégias para garantir desenvolvimento econômico sustentável na Europa.  

“Nós do Consórcio da Amazônia temos procurado fazer também um trabalho de não aceitar qualquer ideia de violação da soberania brasileira sobre a Amazônia, não aceitar o papel de vilão ambiental. Não aceitarmos esse vale tudo, esse faroeste que querem impor na Amazônia”, sublinhou o governador. 

O painel “As relações sino-brasileiras sob a ótica do federalismo e da paradiplomacia” contou, ainda, com participação do governador do Estado do Piauí, Wellington Dias; da vice-prefeita do Recife, Isabella de Roldão; da professora de Relações Institucionais da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Liliana Froio e do assessor internacional da Prefeitura de São Paulo, Bruce Campos.