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Em alusão ao Dia Mundial de Combate à Tuberculose, especialista do HU-UFMA esclarece dúvidas sobre a doença

São Luís (MA) – A tuberculose continua sendo um grave problema de saúde pública, com cerca de 10,6 milhões de novos casos registrados globalmente em 2022, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, a doença afeta especialmente populações vulneráveis, como pessoas em situação de rua, privados de liberdade e pacientes com HIV. Diante desse cenário, o Dia Mundial de Combate à Tuberculose, celebrado em 24 de março, reforça a importância da conscientização e do enfrentamento da doença.

O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza tratamento para a doença pela da rede pública de saúde. Os hospitais universitários administrados pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), possuem serviços de referência e especialistas para o atendimento aos usuários do SUS. O pneumologista do HU-UFMA/Ebserh, João Batista de Sá, responde sobre os mitos e verdades relacionados à tuberculose. Confira.

A tuberculose é uma doença do passado?

MITO. A tuberculose não é uma doença do passado; ela continua presente e é uma realidade em nosso país. Apesar de ser amplamente estudada e contar com um tratamento eficaz e bem documentado, ainda há muito estigma e preconceito em torno da doença. Esse cenário pode desencorajar as pessoas a procurarem atendimento médico ao apresentarem os primeiros sintomas, muitas vezes por medo do diagnóstico. Esse fator contribui para o atraso no tratamento e para a continuidade da transmissão da tuberculose na sociedade.

Todas as pessoas que se infectam por tuberculose adoecem?

MITO. Ter contato com o bacilo da tuberculose não significa necessariamente desenvolver a doença. Na verdade, 90% das pessoas expostas ao bacilo não adoecem. Apenas 10% podem vir a manifestar a tuberculose, sendo que 5% desenvolvem a doença nos primeiros cinco anos após o contato, enquanto os outros 5% podem adoecer posteriormente.

A tuberculose se transmite pelo compartilhamento de roupas, lençóis, copos e outros objetos?

MITO. A tuberculose não é transmissível por meio de objetos. A transmissão da tuberculose é por meio de gotículas suspensas no ar, então a via de transmissão é a respiratória.

Apenas pessoas em situação de extrema pobreza têm tuberculose?

MITO. Embora algumas populações sejam mais suscetíveis à tuberculose, a doença não é exclusiva de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza. Pelo contrário, qualquer pessoa pode ser acometida. Há diversos relatos de cantores famosos e jogadores de futebol que enfrentaram a doença e fizeram questão de divulgar sua experiência, mostrando que foram tratados e curados. A tuberculose é uma enfermidade prevalente em nosso país e não faz distinção de classe social ou cor.

Quem tem tuberculose deve ser isolado completamente?

MITO. Quando alguém é diagnosticado com tuberculose pulmonar ou tuberculose laríngea – as duas formas transmissíveis da doença –, é fundamental adotar o isolamento respiratório, especialmente nas primeiras duas semanas de tratamento. Esse isolamento pode ser feito de maneira simples, com o uso de uma máscara cirúrgica pelo paciente. Além disso, todas as pessoas que convivem com o paciente devem passar por uma avaliação para verificar se também possuem a doença. Caso não tenham tuberculose ativa, é possível avaliar o risco de adoecimento futuro. Se esse risco for elevado, há um tratamento preventivo disponível, que pode reduzir a chance de adoecimento em 60% a 90%.

Se a tosse passar, o tratamento pode ser interrompido?

MITO. O tratamento da tuberculose é prolongado, variando de 6 a 12 meses, dependendo do tipo da doença. Na forma pulmonar, que é a mais comum, o paciente pode perceber uma melhora significativa dos sintomas já nos primeiros meses. Com 2 a 3 meses de tratamento, é comum haver a negativação do escarro, indicando a eliminação da bactéria. No entanto, essa melhora não deve levar à interrupção precoce do tratamento. Parar antes do tempo recomendado pode induzir à resistência bacteriana, aumentando o risco de falha terapêutica e tornando a doença ainda mais difícil de tratar. Além disso, a transmissão de uma cepa resistente para outras pessoas representa um problema grave de saúde pública, exigindo tratamentos mais longos, com mais medicamentos e efeitos colaterais intensos. Portanto, é essencial seguir o tempo de tratamento determinado pelo médico, conforme as diretrizes médicas, garantindo a cura completa e prevenindo complicações futuras.

A tuberculose tem cura?

VERDADE. No passado, a tuberculose tinha baixas chances de cura devido à limitada disponibilidade de tratamentos. Hoje, porém, a realidade é diferente. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, menores serão as sequelas e complicações. Com o arsenal terapêutico atual, as chances de sucesso no tratamento são altas, desde que o paciente tenha uma boa adesão ao tratamento prescrito. Isso reforça a importância do diagnóstico precoce e do acompanhamento médico adequado para garantir a cura completa da doença.

A tuberculose pode atingir outros órgãos além do pulmão?

VERDADE. A tuberculose não afeta apenas o pulmão; ela pode atingir diversos órgãos do corpo. No entanto, o pulmão é o mais comumente acometido. Em seguida, o local extrapulmonar mais afetado é a pleura, a membrana que reveste os pulmões. Além disso, a tuberculose pode se manifestar em outras regiões do corpo, como a laringe, a pele e os rins, podendo até causar infecções urinárias. Trata-se de uma doença que pode comprometer diferentes sistemas do organismo, tornando essencial o diagnóstico precoce e o tratamento adequado.

Existem grupos populacionais com maior risco para o adoecimento por tuberculose?

VERDADE. Embora a tuberculose possa acometer qualquer pessoa, independentemente de classe social ou condição econômica, algumas populações apresentam um risco maior de adoecimento. Entre os grupos mais vulneráveis estão a população carcerária, os indígenas, os moradores em situação de rua e as pessoas que vivem com HIV. Esses grupos enfrentam fatores que aumentam a suscetibilidade à doença, como condições de vida precárias, acesso limitado à saúde e fragilidade do sistema imunológico, reforçando a importância da prevenção, do diagnóstico precoce e do tratamento adequado.

Sobre a Ebserh

O HU-UFMA faz parte da Rede Ebserh desde 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.