Do CLT ao CNPJ: conheça histórias de quem trocou a carteira assinada pelo próprio negócio no Maranhão
Nos últimos anos, observa-se no Maranhão uma tendência crescente de migração do emprego formal para o empreendedorismo, resultando em um aumento significativo no número de micro e pequenos negócios no estado. De acordo com dados do Sebrae, no primeiro trimestre de 2025, o Maranhão registrou 312.481 empresas privadas ativas, sendo 95,82% classificadas como micro e pequenos negócios.
O empresário Rodrigo Lima compõe essa estatística. Formado em administração, começou a empreender em 2011, quando abriu um quiosque de sorvetes soft em São Luís. Cinco anos depois, deu início a um novo negócio voltado para a comercialização de sorvetes produzidos no estilo italiano: a Diverno Gelato.
No entanto, Rodrigo decidiu deixar seu emprego de carteira assinada somente em 2017, após passar 14 anos trabalhando sob o regime CLT. A mudança, segundo o empresário, foi motivada pelo crescimento da Diverno no mercado, que impossibilitou a conciliação das duas carreiras.
“Comecei a empreender paralelamente ao meu trabalho como CLT, até que chegou o momento em que precisei escolher entre seguir com minha empresa ou continuar na carreira executiva. Até 2016, durante a abertura da Diverno, fui me especializando na área. Isso me deu bagagem para sentir segurança em investir no mercado de gelato”, explicou Rodrigo.
Durante o início do negócio, Rodrigo enfrentou desafios relacionados à capacitação de funcionários para atender às preferências dos consumidores. Após estudar o perfil dos clientes e adaptar os treinamentos e processos da empresa à demanda, a Diverno conseguiu alcançar novos públicos e ganhou destaque no mercado de gelatos.
Hoje, a empresa possui seis lojas em São Luís, e consolidou-se como uma das principais gelaterias da cidade. Rodrigo Lima destaca que o Sebrae também foi um parceiro essencial para ajudar nesse crescimento. “O programa Sebraetec foi muito importante para impulsionar a Diverno. Nosso primeiro serviço foi redesenhar nossa comunicação visual. Foi um trabalho fantástico que trouxe um incremento de 30% em nossas vendas”, disse.
Empreendedorismo com franquias
Semelhante a Rodrigo Lima, a jornalista e empresária Samme Ribeiro também começou a empreender enquanto ainda trabalhava de carteira assinada. Em 2023, ela abriu sua primeira empresa, a Fadas Magrinhas, uma franquia de alimentação saudável para pessoas com restrição alimentar, e passou a trabalhar de forma paralela à sua carreira na área de comunicação. Porém, meses depois, deixou o emprego formal e decidiu adquirir uma franquia na área de sobremesas, a Milky Moo.
“Quando resolvi comprar a primeira franquia, contratei uma consultoria do Sebrae na área, que muito ajudou a elucidar dúvidas. Sempre gostei de franquias por ser um modelo de negócio já validado e com muito mais chance de dar certo. Esse estudo, por conter informações generalizadas, ajudou na escolha das outras franquias que adquiri, principalmente em relação aos cuidados que devemos ter com a escolha do negócio, porque não é apenas comprar uma franquia e achar que vai dar certo sempre – temos que nos identificar com o nicho do negócio e sua operação, saber a idoneidade do franqueador, tempo de maturação do negócio, suporte, base de fraqueados e outros pormenores”, destaca.
Em 2024, a empresária ampliou sua atuação e passou a operar com o Grupo Way, uma franqueadora de restaurantes multimarcas, após investir parte de sua rescisão trabalhista para abrir a primeira unidade da Pasta Way em São Luís. Atualmente, Samme optou por empreender com apenas duas franquias que se complementam no ramo de alimentação – o restaurante multimarcas e a Milky Moo.
De acordo com a empresária, a mudança de carreira proporcionou vários aprendizados que fortaleceram sua visão empreendedora. “Um deles é que podemos ser quem nos propusermos a ser. Mas sem conhecimento, não dá para ir muito longe. Não estamos isentos de errar ao longo do caminho, no entanto, é fundamental aprender com os erros e minimizá-los ao máximo. Também é importante possuir capital para iniciar e para segurar, no mínimo, seis meses de funcionamento da empresa. Se isso não ocorrer, o empreendedor usa todos os seus recursos, inclusive a reserva familiar, que não deve ser comprometida de maneira nenhuma, porque é para suprir, eventualmente, a necessidade da família”, frisou Samme Ribeiro.
Tendência de transição de carreira
Para Paula Waldira Bastos, analista e gestora de projeto do Sebrae Maranhão, o cenário de negócios no país transformou-se após a pandemia de Covid-19, em 2020. Ela aponta que a necessidade de se empreender de forma digital, motivada pelo isolamento e pela crise econômica, obrigou as empresas a se reposicionar no mercado. Essa mudança despertou, de forma gradual, a tendência de abrir um negócio ao invés de buscar emprego formal.
A analista e gestora de projeto do Sebrae Maranhão destaca que a instituição oferece diversos serviços para apoiar esse número crescente de empreendedores. “O Sebrae oferece orientações técnicas, consultorias em áreas como plano de negócio, finanças, marketing, gestão de pessoas, inovação e educação financeira, além de facilitar o acesso ao mercado por meio de eventos e jornadas. Os atendimentos podem ser presenciais ou a distância, incluindo uma plataforma de ensino online. E o melhor: até 70% do valor dos serviços pode ser subsidiado, tornando o acesso mais acessível para quem quer empreender ou já tem um negócio”, finalizou Paula Waldira.