Dia do abraço sem abraço: Veja ideias de como abraçar virtualmente quem você ama

Quanto vale um abraço para você? O gesto simples, porém cheio de significado, há algum tempo não é visto entre amigos ou familiares, afinal, o distanciamento social é uma medida importante tomada para evitar o contágio pelo novo coronavírus. Por isso mesmo, em meio ao isolamento imposto pela Covid-19, esse gesto tão singelo ganhou ainda mais valor.

Por ser tão especial, o gesto conta com um dia em sua homenagem, o Dia Nacional do Abraço, celebrado todos os anos no dia 22 de maio. A data foi criada pelo australiano Juan Mann, que quis pôr em prática a máxima que diz: “às vezes, um abraço é tudo que precisamos”, frase que ficou conhecida no mundo inteiro. Mas, há alguns meses essa demonstração de carinho parecia um tanto quanto esquecida ou desvalorizada. Sem tempo para lembrar de quem se ama, em meio à correria do dia a dia, e do uso cada vez mais excessivo da tecnologia digital – que substituiu o contato físico pelo virtual – muita gente deixou para depois o gesto que agora está suspenso nos lares e nas ruas.

Diante da escassez de abraços por aí, o gesto está em alta no “mercado de valores sentimentais”. Isso é o que acontece com a jornalista Camila Araújo, que há três meses não abraça a mãe, dona Maria da Conceição (56), que mora na cidade de Viana, interior do Maranhão. São 214 km que separam mãe e filha, pois Camila vive na capital maranhense, São Luís. “Ficar longe da minha mãe foi um grande desafio logo no primeiro ano da faculdade, quando precisei vir a São Luís para estudar. Mesmo morando longe, nunca passei tanto tempo distante dela, sem o seu abraço apertado e seu carinho. No último Dia das Mães, foi quando a saudade apertou ainda mais e cheguei a chorar por estar longe. Hoje, posso dizer que sei o valor de um abraço”, comenta emocionada.

Para a psicóloga Celiane Chagas, do Hapvida Saúde, a saudade que a jornalista sente é um retrato da realidade de inúmeras pessoas que precisaram se distanciar de quem amam, exclusivamente para protegê-las. “A primeira coisa que deve ser feita é não negar o sentimento. Admita para você que está com saudade, admita aos outros. Se precisar chorar, chore, coloque pra fora o seu sentimento. Quando você adota uma postura de refutar seu sentimento, sobretudo um sentimento como esse, numa situação como a que vivemos, você vive um duplo desgaste”, alerta a especialista.

A psicóloga destaca, ainda, que situações de crise, como a que estamos vivendo, têm como ponto positivo o fato de oferecerem a oportunidade de reflexão a respeito de atitudes, pensamentos e prioridades. “Apesar das circunstâncias, ninguém deve se culpar pelos abraços que não deu e sim se preparar para repetir esse gesto mais vezes quando tudo isso passar”, aconselha Celiane.

Ligação energética

Usado em situações tanto de grande alegria quanto de tristeza, não se pode negar que um abraço é altamente reconfortante. Seja abraçar uma pessoa querida para comemorar uma conquista ou fazer o mesmo para consolar alguém que esteja em sofrimento, o abraço é uma maneira de expressar sentimentos de modo intenso sem precisar usar as palavras.

Por si só, essas informações já mostram o poder que tem um abraço, contudo, os benefícios desse gesto vão além e tem impacto direto na saúde. “Quando duas pessoas se abraçam, seus corpos têm reações fisiológicas, que incluem uma redução dos níveis de cortisol, conhecido como o hormônio regulador do estresse e da ansiedade. É por isso que receber um abraço é tão reconfortante em situações delicadas, porque aquele gesto tem o poder de acalmar os ânimos”, explica Celiane Chagas.

Outro benefício é que essa demonstração de carinho influencia diretamente na redução da pressão arterial. Mas a psicóloga faz um alerta: “Essa é uma questão relevante porque evitar o aumento da pressão é um fator altamente importante para minimizar os riscos de uma série de doenças crônicas, como a hipertensão. Mas é importante lembrar que esse benefício só é eficaz quando o paciente não está em crise”.

Além de todos os benefícios, o abraço conecta e cria um laço de confiança entre as pessoas. “A conexão que é criada durante num abraço é capaz de gerar um forte laço de confiança entre as pessoas. Ao sermos abraçados, nos sentimos protegidos, acolhidos e isso faz muito bem porque beneficia os relacionamentos e ajuda a promover o equilíbrio emocional”, afirma Chagas.