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Saúde

Covid-19: jovens são maioria em leitos de UTI

O boletim do Observatório da covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz, divulgado no último dia 9, mostra uma mudança no perfil dos pacientes que têm ocupado os leitos de UTI destinados às vítimas da doença em sua forma grave. Agora são os adultos jovens que representam a maioria das internações. Antes, eram os idosos os que mais ocupavam os leitos de UTI. Um dos fatores que explicam esta mudança no perfil dos pacientes graves é o avanço da vacinação entre a população com mais de 60 anos de idade e, por outro lado, a exposição do público jovem em aglomerações e os desrespeito ao uso das medidas de proteção.

De maneira geral, a pesquisa comprova a eficácia das vacinas que estão sendo aplicadas entre a população brasileira. Os imunizantes não impedem que a pessoa seja infectada pelo coronavírus, mas reduzem consideravelmente as chances da doença se manifestar de forma grave e levar o paciente à internação. Iniciado há cinco meses, o Plano de Vacinação contra a covid-19 contemplou primeiramente a população acima de 60 anos de idade – até então, os mais vulneráveis ao risco de óbito.

No Maranhão, os boletins divulgados diariamente pela Secretaria de Estado de Saúde, mostram que o número de casos confirmados da doença é maior entre a população de 20 a 49 anos de idade. A faixa etária com maior incidência de casos é a de 30 a 39 anos. A mudança de perfil dos pacientes de UTI verificada pela Fiocruz reacendeu o alerta para os cuidados que a população mais jovem precisa tomar para evitar a propagação da covid-19, já que a vacinação avança lentamente pelo país e ainda está bem longe de contemplar toda ou a maioria da população.

A médica infectologista do Sistema Hapvida, Ana Rachel Senni, tem acompanhado os boletins da covid-19 e está preocupada com o novo cenário da pandemia. “A faixa etária dos jovens entre 20 e 29 anos é a que teve o maior aumento no número de mortes, no último mês, segundo o Boletim do Observatório Fiocruz Covid-19. E nas idades de 40 a 49 anos houve o maior crescimento do número de casos”, alerta.

Rachel ressalta que pacientes com esta faixa etária tendem a permanecer internados por mais tempo, caso manifestem a forma grave da doença. “Um fator preocupante que estamos passando é que os jovens permanecem mais tempo em UTIs e leitos de internação, por resistirem mais às complicações da doença, sobrecarregando o sistema de saúde”, destaca. “Por causa da idade, eles têm a seu favor um sistema imunológico mais eficiente. Mas não são imunes à doença, como estamos vendo agora, com o aumento de óbitos em jovens. Esta percepção de não adoecer acaba encorajando a uma maior exposição ao risco e eles são os maiores responsáveis pelas aglomerações, festas clandestinas, e não cumprimento das medidas de prevenção”, observa.

Diante deste cenário, a necessidade de se manter os cuidados e seguir os protocolos sanitários permanece. O uso de máscaras, evitar aglomerações e higienizar as mãos são as principais formas de reduzir o avanço do coronavírus e suas variantes. “Os mais jovens também compõem a maior parte da população economicamente ativa, estão trabalhando ou estão em busca de trabalho, utilizam transporte público, aumentando, assim, a exposição”, disse a médica, ao reforçar as recomendações e cuidados para evitar a propagação do coronavírus.