Dia Mundial da Diabetes – compulsão por açúcar e obesidade estão entre as principais causas
Para muitas pessoas, o consumo desenfreado de doces está ligado a momentos de estresse, ansiedade ou até mesmo tédio. O problema é que, ao usar o açúcar como “fuga” emocional, cria-se um ciclo perigoso: a pessoa se sente bem ao comer o doce, mas depois sente culpa, o que leva a novas crises de compulsão. Entre os perigos deste comportamento repetido né o aumento significativo do risco de desenvolver diabetes tipo 2. A doença que, infelizmente cresce a largos passos, é lembrada no dia 14 de novembro, como o Dia Mundial da Diabetes. A data tem como foco alertar a população sobre os riscos dessa condição que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Um aspecto que nem sempre recebe a devida atenção é a ligação entre o diabetes e os transtornos alimentares, em especial a compulsão alimentar por doces. Essa relação complexa, segundo psicóloga Valeska Bassan especialista em transtornos alimentares, envolve tanto a saúde física quanto a emocional.
“Esse ciclo só é quebrado quando a pessoa consegue entender as situações despertam a vontade de comer doces que, muitas vezes, está ligada a sentimentos de tristeza ou frustração estão por trás desse desejo”, alerta.
Para Valeska, a chave está no equilíbrio. “Uma criança que cresce com muita oferta de doces pode desencadear crises compulsórias assim como aquelas que são educadas para nunca comerem açúcar. Quando não controlada, a compulsão por açúcar pode desencadear picos de glicose no sangue que, a longo prazo, podem causar resistência à insulina e, eventualmente, levar ao diabetes. Além disso, o ganho de peso decorrente da compulsão por doces coloca pressão sobre o sistema cardiovascular, elevando os riscos de doenças como hipertensão e colesterol alto”, diz.
É fundamental buscar o apoio de um profissional psicológico para aprender a equilibrar a alimentação de maneira saudável e tratar os fatores emocionais que levam à compulsão. “Além disso, encontrar atividades que tragam bem-estar e que não envolvam comida, como praticar exercícios, ouvir música ou dedicar-se a um hobby podem ajudar a controlar a ingesta de doces e da relação com os alimentos, essa é uma questão de saúde individual e pública, que precisa ser analisada”, finaliza.
O cirurgião do aparelho digestivo Dr. Rodrigo Barbosa, da capital paulista, comenta que a diabetes e obesidade são condições de saúde frequentemente interligadas, tanto que a obesidade é considerada um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento do diabetes tipo 2.
“Diabetes Mellitus é um grupo de doenças metabólicas caracterizadas por níveis elevados de glicose no sangue. Dividido entre os tipos 1 e 2, o diabetes tipo 1 é uma condição autoimune onde o corpo ataca as células produtoras de insulina no pâncreas, já o tipo 2 está relacionado ao estilo de vida e frequentemente associado à obesidade, já que ocorre quando o corpo se torna resistente à insulina ou não produz insulina suficiente”, explica o médico.
A obesidade, especialmente a obesidade abdominal, aumenta a resistência à insulina, uma condição em que as células do corpo não respondem adequadamente à insulina. “Por isso que a obesidade está associada à inflamação crônica, que pode levar a danos nas células beta do pâncreas (produtoras de insulina) e precisa ser tratada”, alerta Dr. Rodrigo.
Para o especialista em cirurgia metabólica, existem inúmeras formas de perder peso, mas especialmente pacientes mais graves e com graus mais altos de obesidade, a cirurgia é a única solução que pode evitar não apenas o diabetes, mas outras inúmeras complicações que o excesso de peso pode causar”, diz.
Dr. Rodrigo ainda ressalta que o tecido adiposo (gordura) produz hormônios e outras substâncias que podem afetar o metabolismo da glicose e a função insulínica e geram sinais como sede excessiva e fome, urinação frequente, fadiga, visão turva, cicatrização lenta de feridas – todos são considerados sinais do diabetes.
“A obesidade e o diabetes tipo 2 são condições intimamente relacionadas, onde a gestão de peso e um estilo de vida saudável são fundamentais para a prevenção e controle. Intervenções precoces podem ser a única solução para minimizar os riscos e melhorar a qualidade de vida das pessoas afetadas”, finaliza o médico.
Sobre Dr Rodrigo Barbosa @drrodrigobarbosa
Cirurgião Digestivo sub-especializado em Cirurgia Bariátrica e Coloproctologia do corpo clínico dos hospitais Sírio Libanês e Nove de Julho.
CEO do Instituto Medicina em Foco e coordenador do Canal ‘Medicina em Foco’ no Youtube https://drrodrigobarbosa.com.br/
Sobre Valeska Bassan @psicologavaleskabassan
Psicóloga aprimorada em Transtornos Alimentares pelo Programa de Transtornos Alimentares do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clinicas de São Paulo (Ambulim/IPQ/ USP) e pós graduanda em Medicina e Estilo de Vida e coaching de saúde no Hospital Israelita Albert Einstein.
Coordenou o Curso de Aprimoramento em Transtornos Alimentares Programa de Transtornos Alimentares do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clinicas de São Paulo (Ambulim/IPQ/ USP) e a equipe de psicólogos do Grupo de Estudos do Comer compulsivo em mulheres portadoras de obesidade (GRECCO) também do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clinicas de São Paulo (Ambulim/IPQ/ USP).
Professora de pós graduação das disciplinas de Transtornos Alimentares Pós Cirurgia Bariátrica e dos Aspectos Psicológicos dos Transtornos Alimentares na Faculdade iGPs.