Saúde

Você sabe quais são os principais problemas que podem afetar a próstata?

A próstata é uma glândula que só o homem possui e que se localiza na parte baixa da pelve. Ela é um órgão pequeno, que se situa na saída da bexiga e à frente do reto, parte final do intestino grosso. A próstata envolve a porção inicial da uretra, tubo pelo qual a urina armazenada na bexiga é eliminada. A próstata produz parte do líquido seminal que contém os espermatozoides, liberado durante o ato sexual.

O médico urologista e Professor Livre-Docente da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Marcos Dall’Oglio, explica quais são os principais problemas que podem afetar a próstata.

Hiperplasia prostática benigna (HPB)

A hiperplasia prostática é um aumento benigno do tamanho da próstata que atinge  cerca de 25% dos homens entre os 40 aos 49 anos. Na faixa entre 70 e 80 anos, essa taxa de crescimento chega a 80%.

Normalmente do tamanho de uma noz, a glândula pode chegar a ficar tão grande quanto uma bola de tênis. O crescimento da próstata pode comprimir a uretra, diminuindo o seu calibre e dificultando ou impedindo a passagem da urina. A urina estagnada, por sua vez, favorece o aparecimento de infecções e de cálculos na bexiga.

“A causa exata não é conhecida, mas provavelmente envolve alterações causadas por hormônios, incluindo a testosterona e a di-hidrotestosterona. Outros fatores podem estar envolvidos, como idade, história familiar e alterações genéticas”, explica o urologista. 

Câncer de próstata

A maioria dos cânceres de próstata cresce lentamente e não causa sintomas. Tumores em estágio mais avançado podem ocasionar dificuldade para urinar, sensação de não conseguir esvaziar completamente a bexiga. “Dor óssea, principalmente na região das costas e membros inferiores, devido à presença de metástases, é sinal de que a doença evoluiu para um estágio mais avançado”, afirma Dr. Marcos. 

O câncer de próstata pode ser diagnosticado por meio de exame físico, toque retal, e laboratorial, através da dosagem do PSA no sangue. Em casos suspeitos deve ser realizada uma biópsia para averiguar a presença de malignidade. 

O prognóstico depende do grau do tumor, conhecido como escore de Gleason e do estágio da doença, assim como da idade do paciente e pode incluir prostatectomia radical, ou seja, remoção cirúrgica da próstata, radioterapia, hormonoterapia e uso de medicamentos. Para os pacientes idosos com tumor de evolução lenta o acompanhamento clínico é uma opção que deve ser considerada.

Prostatite

Prostatite corresponde a um conjunto de infecções e doenças inflamatórias da próstata, que causam dores e impactam no funcionamento adequado do sistema urinário masculino.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia, existem quatro diferentes classificações para a prostatite: prostatite bacteriana aguda, prostatite bacteriana crônica, prostatite não bacteriana e síndrome da dor pélvica crônica.

Às duas primeiras são causadas, principalmente, pela bactéria Escherichia coli e estão relacionadas a infecções urinárias. Já a prostatite não bacteriana e a síndrome da dor pélvica crônica ainda não têm causas totalmente conhecidas, mas acredita-se que possam estar ligadas a infecções por micro-organismos não identificados.

O diagnóstico da prostatite é feito com base na análise do histórico do paciente e em exames clínicos e laboratoriais.

O tratamento varia de acordo com o tipo de prostatite diagnosticado. As do tipo bacterianas são tratadas somente com antibióticos, que podem ser administrados por longos períodos (principalmente no caso da prostatite bacteriana crônica).

Já para as demais, o profissional poderá indicar uma variedade de medicamentos para melhora dos sintomas e até mesmo opções alternativas, como banhos mornos, extratos vegetais, relaxantes musculares, entre outras.

Sobre Dr. Marcos Dall’Oglio

Possui graduação em Medicina pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1993) e doutorado em Medicina (Urologia) pela Universidade Federal de São Paulo (2000). Professor Livre-Docente da Faculdade de Medicina da USP desde 2008. Tem certificação para atuar em cirurgia robótica (Urologia) pela Intuitive Da Vinci Surgical System Training. Atuou como Diretor Médico Oncocirúrgico e Chefe do Setor de Uro-Oncologia do Instituto de Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) e como Chefe do Setor de Uro-Oncologia da Divisão de Clínica Urológica do Hospital das Clínicas (HCFMUSP). Professor Associado da Faculdade de Medicina da USP desde 2012. Atua em Cirurgia Robótica Urológica, com linhas de pesquisa principalmente nos seguintes temas: fatores prognósticos do carcinoma de células renais, câncer de bexiga, de próstata e testículo, neoplasias malignas do trato genitourinário, técnicas cirúrgicas em urooncologia.