Vacinação contra meningite cai e liga alerta para a doença
O receio de contrair Covid-19 e as restrições para prevenir a doença estão entre os motivos que levaram cerca de metade dos pais entrevistados por uma pesquisa da farmacêutica GSK a não vacinarem seus filhos contra a meningite desde o início da pandemia. Os dados foram coletados em oito países (Reino Unido, Itália, França, Alemanha, Argentina, Brasil e Austrália, com pais de crianças de até 4 anos e nos Estados Unidos, de 11 a 18) e divulgados em março pela farmacêutica, que fornece a vacina meningocócica C para o Programa Nacional de Imunizações e as vacinas meningocócica C, B e ACWY para a rede privada no Brasil.
Apesar de 94% dos responsáveis considerarem que a vacina contra meningite é importante, 50% adiaram ou suspenderam a vacinação durante a pandemia de covid-19. Ao listar as razões para não ir ao posto de saúde, 72% dos brasileiros apontaram as medidas de isolamento social e confinamento, 4% mencionaram o medo de contrair a Covid-19, e 19% disseram ter suspendido ou adiado a vacinação porque eles mesmos ou algum membro da família positivou para o coronavírus. O neurologista José Guilherme Schwam Júnior (CRM 15981) alerta para o ato de vacinar. “A vacinação deve ser estimulada e, especificamente na meningite, diminui as chances de casos graves”, destaca.
A meningite é uma inflamação das meninges, que são as membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. E 24 de abril é considerado o Dia Mundial de Combate à Meningite. José Guilherme, que atende na Clínica Montpellier, no centro médico do Órion Complex, em Goiânia, ressalta que todos precisam se atentar à doença. “A meningite pode ocorrer em qualquer faixa etária, mas crianças menores de um ano e idosos são mais suscetíveis a quadros mais graves, por terem uma resposta imunológica mais deficiente”, ressalta o neurologista sobre a doença, que pode ser causada por bactérias, vírus, fungos e parasitas.
Dentre os tipos de meningite, aquelas oriundas da infecção por bactérias são as mais encontradas na prática médica. “As meningites bacterianas, em geral, são as com maior potencial de gravidade e com os sintomas mais proeminentes, além de uma mortalidade maior”, destaca o especialista, que lista os sintomas. “Febre, dores de cabeça intensas, vômitos, alteração da consciência, confusão mental, raciocínio lento. Algumas vezes o doente pode tornar-se agitado ou muito sonolento e, se não tratada precocemente, pode evoluir para coma e morte”, explica.
Diagnóstico precoce
O neurologista José Guilherme Schwam Júnior afirma que a doença tem cura, mas um diagnóstico precoce é fundamental para o sucesso do tratamento, que é realizado com o auxílio de um médico infectologista. “A meningite bacteriana é tratada com antibióticos, a viral, em alguns casos, com agentes antivirais, no caso dos fungos, com medicações antifúngicas, por exemplo. Então, é preciso ter o diagnóstico precoce para saber qual o agente causador específico, para que o pronto tratamento ideal seja iniciado”, salienta ele.
Quando a doença é descoberta tardiamente, o doente pode ter sequelas graves, além de ter o risco de perder a vida. “Se não diagnosticada no início, a meningite tem uma grande chance de levar o paciente a óbito. E, se tratada tardiamente, pode gerar consequências drásticas como perda da visão, surdez, sequelas motoras (por exemplo, ficar com um lado do corpo paralisado, semelhante ao que ocorre com o AVC). Em alguns casos mais graves, pode ainda evoluir para o coma permanente ou para o óbito. Por isso, a vacina é fundamental para diminuir os casos graves”, destaca José Guilherme.