Trabalho do psicólogo no esporte pode aumentar desempenho do atleta
Cada vez mais, empresários e profissionais da área de esporte têm se atentado que o equilíbrio entre condicionamento físico e habilidades técnicas não basta para garantir o alto rendimento de atletas, seja em modalidades individuais ou coletivas. O fator psicológico também é um elemento que deve ser considerado na equação.
O reconhecimento tem contribuído para o aumento da demanda por profissionais pelo mercado de trabalho nacional. Segundo levantamento feito pelo portal Salário, a contratação de psicólogos do esporte cresceu 28,5% no período entre junho de 2022 e junho de 2023. A cidade do Rio de Janeiro é a que tem maior oferta de vagas.
Clubes esportivos, organizações que realizam atividades ligadas à cultura e à arte, serviços de assistência social, associações de defesa de direitos sociais e organizadores de eventos esportivos estão entre os principais contratantes. O salário de psicologia para atuação no esporte pode chegar a R$ 7.800, sem contabilizar benefícios.
A professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) e fundadora da Associação Brasileira de Psicologia do Esporte (Abrapesp), Kátia Rubio, explica que o esporte de alto rendimento caracteriza-se por momentos de muita pressão e, por isso, o controle emocional interfere diretamente no desempenho do atleta.
O trabalho de psicologia com os atletas envolve o desenvolvimento de autoconfiança, motivação, gerenciamento do estresse e da pressão, concentração, foco, resiliência e controle emocional para superar as adversidades.
Trabalhando a relação entre o pensamento, as emoções e o desempenho da prática esportiva, o psicólogo que atua na área prepara o atleta para enfrentar os obstáculos e se recuperar diante das derrotas.
Psicologia ganha espaço no futebol
Após conquistar a Copa do Mundo com a seleção da Argentina, no ano passado, o goleiro Emiliano Martinez relatou à imprensa a importância da psicologia na sua vida. De vítima de bullying na infância a atleta reconhecido mundialmente, em suas entrevistas, sempre destaca a importância da saúde mental. Desde 2018, ele conta com o suporte do psicólogo pessoal David Priestley, que também o prepara antes das partidas.
Reconhecido pela disciplina com a alimentação e os treinos, a fim de manter o bom condicionamento físico e técnico, Cristiano Ronaldo também investe na saúde mental. O ídolo da seleção portuguesa realiza acompanhamento com o psicólogo Jordan Peterson.
O goleiro brasileiro Ederson Santana também realiza o acompanhamento psicológico e afirma que o autoconhecimento foi fundamental para lidar com vitórias e derrotas. No ano passado, ele sofreu com a eliminação da seleção brasileira na Copa do Mundo. Este ano, conquistou a Champions League com o Manchester City.
Cenário brasileiro
No Brasil, a presença do profissional da psicologia nas comissões técnicas dos clubes de futebol é uma cultura que vem sendo construída aos poucos. Na última edição da Copa do Mundo, a seleção brasileira foi bastante criticada por não ter um profissional da área entre os membros da equipe. Depois da eliminação para a Croácia, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) reconheceu a necessidade do trabalho psicológico para dar suporte aos jogadores.
Entre os clubes que disputam o Campeonato Brasileiro, a presença do profissional aumentou nos últimos cinco anos. Em 2017, do total de 20 times que participam da disputa, apenas cinco ofereciam acompanhamento psicológico para os atletas. Em 2023, o número subiu para 11.
Coincidentemente, os clubes com melhor rendimento na competição contam com o suporte profissional, como é o caso do líder da tabela, Botafogo, que tem Paulo Ribeiro como integrante da comissão, e do segundo lugar, Palmeiras, que trabalha com Gisele Silva.
Atlético Mineiro, Fluminense, Bahia, Red Bull Bragantino, Santos, São Paulo, Fortaleza, Atlético Paranaense e, mais recentemente, o Internacional também integram a lista.