TJMA lança campanha ‘Novembro Azul: previna-se e viva melhor’

O Tribunal de Justiça do Maranhão acaba de lançar a campanha “Novembro Azul: previna-se e viva melhor”, uma maneira de chamar a atenção para a prevenção e o diagnóstico precoce das doenças que atingem a população masculina, com ênfase na prevenção do câncer de próstata, que, diariamente, causa a morte de 42 homens no Brasil, num universo de, aproximadamente, 3 milhões que vivem com a doença, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca).

A campanha é mais um passo importante da iniciativa de êxito do TJMA que, por meio de ações contínuas de sua Divisão Médica, vem colaborando para reduzir, ano a ano, o número de servidores do Judiciário estadual com exame de sangue PSA (antígeno prostático específico) alterado, passando de 32 casos, em 2016, para apenas 2 registros, até o momento, em 2020. 

O PSA é uma proteína produzida pelo tecido da próstata que, se estiver elevado, pode indicar casos de câncer de próstata ou outras situações, como prostatite e hiperplasia prostática benigna, mas – atenção – o urologista é o profissional indicado para definir se a alteração do PSA tem causa benigna ou maligna. É ele quem também vai orientar o paciente sobre a necessidade de outros exames, incluindo o toque retal, considerado fundamental para a detecção precoce.

Como forma de compartilhar informações e dicas de saúde para a população em geral, não apenas para servidores e magistrados do Poder Judiciário, o presidente do TJMA, desembargador Lourival Serejo, tomou a iniciativa de divulgar, no site da instituição e nas redes sociais, campanhas criadas pelas divisões da Coordenadoria de Serviço Médico, Odontológico e Psicossocial do Tribunal.

ESTÍMULO 

Na avaliação anual de saúde, dentre os exames solicitados, a Divisão Médica do TJMA recomenda o exame de PSA para homens acima de 50 anos – ou até a partir dos 45 anos, se apresenta fatores de risco, como histórico de parentes com câncer de próstata, por exemplo.

“É um estímulo aos magistrados e servidores a fazerem seus exames anuais, não só como forma de prevenção ao câncer de próstata. De uma maneira geral, os homens são mais resistentes a fazer esse tipo de exame”, explica a chefe da Divisão Médica do TJMA, Keila Lígia de Melo.

A chefe da Divisão Médica relata a queda acentuada nos casos de PSA alterado, desde que o Tribunal de Justiça do Maranhão passou a avaliar e orientar seus servidores e magistrados, inclusive por meio de campanhas como essa. Na avaliação anual de 2016, dentre os homens que finalizaram seus exames, foram registrados 32 servidores com a taxa de PSA – que é um dos marcadores para câncer de próstata – alterada; em 2017, foram 18 servidores; em 2018, o número caiu para 16; em 2019, foram 12 casos. Até o momento, em 2020, apenas dois casos foram registrados.

“Muitos desses servidores para os quais a gente ligou, na época, a partir do exame, eles verificaram que o PSA estava alterado e procuraram um urologista, então isso é um ponto positivo, porque você já fica alerta. No momento em que ele vai fazer essa avaliação, o médico que vai atendê-lo diz – olha, teu PSA está alterado, vamos procurar ver o que foi isso aqui – e já o encaminha para o especialista.”, explica Keila Melo.

CARTILHA

As informações da cartilha da campanha “Novembro Azul: previna-se e viva melhor” foram reunidas pela médica pediatra e analista judiciária do Tribunal, Pollyana Ferreira Soares.

Na abertura, ela conta que o movimento Novembro Azul teve início em 2003, na Austrália. Pollyana detalha que a próstata é uma glândula do sistema reprodutor masculino que encontra-se situada abaixo da bexiga, com a uretra passando por dentro dela. Diz que é responsável pela produção e armazenamento do fluido que contém o sêmen.

Segundo a médica, dados do Instituto Nacional de Câncer informam que foram diagnosticados 68.220 novos casos de câncer de próstata e cerca de 15 mil mortes/ano em decorrência da doença no Brasil, para cada ano do biênio 2018/2019.

“É o tipo de câncer mais frequente entre os homens brasileiros, depois do câncer de pele, ocorrendo geralmente em homens mais velhos – cerca de 6 em cada 10 casos são diagnosticados em pacientes com mais de 65 anos”, destaca Pollyana Soares.

A profissional da Divisão Médica alerta que, na fase inicial, o câncer de próstata não apresenta sintomas e, quando alguns sinais começam a aparecer, cerca de 95% dos tumores já estão em fase avançada, dificultando a cura. Na fase avançada, os sintomas são: dor óssea; dores ao urinar; vontade de urinar com frequência; presença de sangue na urina e/ou no sêmen.

Dentre os fatores de risco apontados pela médica estão o histórico familiar de câncer de próstata: pai, irmão e tio; raça – homens negros sofrem maior incidência deste tipo de câncer; alimentação rica em gordura animal e pobre em alimentos naturais; disfunção hormonal; sedentarismo e obesidade.

PREVENÇÃO E TRATAMENTO

A cartilha explica que a única forma de garantir a cura do câncer de próstata é o diagnóstico precoce. Mesmo na ausência de sintomas, homens a partir dos 45 anos com fatores de risco, ou 50 anos sem estes fatores, devem ir ao urologista para conversar sobre o exame de toque retal, que permite ao médico avaliar alterações da glândula, como endurecimento e presença de nódulos suspeitos, e sobre o exame de sangue PSA.

A médica revela que cerca de 20% dos pacientes com câncer de próstata são diagnosticados somente pela alteração no toque retal. E acrescenta que outros exames poderão ser solicitados se houver suspeita de câncer, como as biópsias, que retiram fragmentos da próstata para análise, guiadas pelo ultrassom transretal.

Baseada em informações do Instituto Lado a Lado pela Vida, Instituto Oncoguia, Sociedade Brasileira de Urologia e Agência Nacional de Saúde Suplementar, Pollyana Soares lembra que a indicação da melhor forma de tratamento vai depender de vários aspectos, tais como: estado de saúde atual, estadiamento da doença e expectativa de vida.

Em casos de tumores de baixa agressividade, há a opção da vigilância ativa, na qual, periodicamente, faz-se um monitoramento da evolução da doença, intervindo se houver progressão. Dependendo do estágio da doença e os fatores mencionados anteriormente, as principais opções de tratamento para homens com câncer de próstata podem incluir conduta expectante, cirurgia, radioterapia, criocirurgia, terapia hormonal, quimioterapia e tratamento da disseminação da doença para os ossos.

A médica reforça que o exame de toque retal e de PSA são os principais meios para detectar a doença precocemente, quando as chances de cura são maiores e os tratamentos menos invasivos. 

“Converse sempre com seu urologista sobre o tema, tirando dúvidas e quebrando preconceitos. A detecção e o tratamento precoces podem salvar vidas”, recomenda Pollyana Soares.

OUTROS TRANSTORNOS

A médica diz que outros transtornos da próstata incluem aumento do seu tamanho (hipertrofia), inflamação e infecção. 

A prostatite é a inflamação da próstata que pode ser causada por infecções (vírus e bactérias) ou por causas não infecciosas (traumas ou doenças inflamatórias). Pode causar dor ao urinar ou ao ejacular, dor na virilha, dificuldade em urinar ou sintomas constitucionais, febre ou cansaço. Quando inflamada, a próstata aumenta de tamanho e fica sensível ao toque durante o exame retal. O tratamento vai desde antibióticos, anti-inflamatórios, antidepressivos, ansiolíticos, fisioterapia, psicoterapia até cirurgias.

Já a Hipertrofia Benigna da Próstata (HBP) é a causa mais comum de aumento da glândula e refere-se a um crescimento da próstata devido a um aumento no número de células que constituem a mesma (hiperplasia), de uma causa que não é uma doença maligna. É muito comum em homens mais velhos. Frequentemente é diagnosticada quando a próstata aumenta a ponto de tornar a micção difícil. Os sintomas incluem necessidade de urinar com frequência (polaciúria) ou demorar um pouco para começar (hesitação urinária).

A cartilha explica que, se a próstata ficar muito grande, ela pode contrair a uretra e impedir o fluxo de urina, tornando o ato de urinar doloroso e difícil ou, em casos extremos, completamente impossível, causando retenção urinária. Com o tempo, a retenção crônica pode fazer com que a bexiga cresça e cause um refluxo da urina para os rins, levando a um aumento destes, chamado de hidronefrose. A HBP pode ser tratada com medicamentos, pequenos procedimentos cirúrgicos e, em casos mais graves, cirurgia para retirada da próstata.

A Cartilha da campanha “Novembro Azul: previna-se e viva melhor”, que pode ser acessada AQUI ou no arquivo abaixo, encerra com uma mensagem: “Homem, tenha atitude e seja protagonista da sua saúde. Hábitos saudáveis e acompanhamento médico podem salvar sua vida”.