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TJMA concede medalha Antonio Vellozo para bispo Dom Xavier Gilles

“A luta pela Justiça tem sua fonte no evangelismo de Jesus”. Com essa declaração, o bispo emérito de Viana, Dom Xavier Gilles de Maupeou D’Ableiges, definiu a essência de sua missão, agradecendo ao Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA), pelo recebimento da Medalha do Mérito Judiciário Desembargador Antonio Rodrigues Vellozo, nesta terça-feira (13), na Casa Episcopal, em São Luís.

A medalha foi entregue pelas mãos do desembargador Raimundo Barros, autor da indicação da outorga da comenda, com aprovação unânime dos desembargadores e desembargadoras, na sessão plenária do dia 11 de outubro de 2017.

A concessão da medalha foi abalizada pelo presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Lourival Serejo, acompanhado pelo desembargador Cleones Carvalho Cunha (então presidente da Corte quando da outorga da medalha); pelo arcebispo emérito de São Luís, Dom José Belisário; pelo arcebispo nomeado de São Luís, Dom Gilberto Pastana de Oliveira, que tomará posse no dia 18 de julho; pelo diácono Renato Fontoura (servidor do TJMA) e pelo diretor-geral do TJMA, Mário Lobão.

A medalha – instituída pela Resolução nº 572013 – é concedida a personalidades de comprovada idoneidade moral e reconhecido merecimento, constatados pela prática de atos ou serviços relevantes em favor do Poder Judiciário do Maranhão.

Para o presidente do TJMA, desembargador Lourival Serejo, o exemplo de luta pela justiça do bispo Dom Xavier “é um estímulo de resistência para a sociedade no momento em que vivemos hoje, uma vez que, é preciso coragem para lutarmos pelo ideal democrático, assim como o bispo Xavier, que naquela época se levantou”. 

O desembargador Cleones Carvalho ressaltou que a comenda representa “um reconhecimento do Poder Judiciário para quem luta pela justiça e faz dela um ideal”. O magistrado explicou que “quem cumpre essa tarefa, que é primeiramente dever do Judiciário, evidentemente tem o direito de receber a medalha do Poder Judiciário”, destacou.

O magistrado acrescentou ainda, dirigindo-se ao Bispo Dom Xavier: “a medalha é um reconhecimento pela luta que o senhor teve quando preso, na busca pela justiça e por uma justiça maior, a justiça do reino de Deus”, destacou. Em 1971, o religioso foi preso pelo regime militar acusado de comunismo. 

Para o desembargador Raimundo Barros, o reconhecimento e gratidão vem desde a época escolar, quando aluno no Ginásio Bandeirante, instituição onde atuou o bispo Dom Xavier. “Eu sou uma semente daquele trabalho, daquele processo educacional, assim como vários da minha geração. Sou resultado desse trabalho pedagógico e eclesiástico que fazia o bispo Dom Xavier e o padre José Antonio Monteiro”, ressaltou o desembargador, concluindo de forma emocionada, “o grande reconhecimento é este: dizer que somos parte do trabalho que Dom Xavier fez”. 

SOBRE O BISPO DOM XAVIER

Dom Xavier, nascido na França em 1935, tem sua atuação destacada na luta pelos Direitos Humanos. Quando diácono, sentiu-se chamado a ser missionário. Foi ordenado sacerdote em 1962.  Veio para o Brasil no mesmo ano de sua ordenação. .

Em 1971, o religioso foi preso pelo regime militar acusado de comunismo. “A fé, o testemunho e a mensagem de Jesus Cristo invertem os valores da sociedade. A sociedade se firma nos valores ter, poder e prazer. E Jesus disse: ‘Seja misericordioso, acolhe o teu irmão, liberta o pobre das cadeias da escravidão’. Havíamos recebido da igreja uma missão. Não havia, portanto, como parar uma missão recebida por nós sacerdotes só por medo”, disse dom Xavier.

Nomeado bispo auxiliar de São Luís (MA) em 1995, permaneceu no cargo até 1998, quando foi nomeado bispo da diocese de Viana. Dom Xavier foi também vigário geral da arquidiocese de São Luís e moderador da Cúria. No interior, dedicou-se ao trabalho com as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs).