Teste da linguinha deve ser realizado ainda na maternidade
Nos primeiros dias de vida, um teste simples pode desempenhar um papel crucial na saúde e desenvolvimento dos recém-nascidos. O chamado “teste da linguinha” é uma avaliação rápida e indolor que busca identificar possíveis alterações no frênulo lingual, conhecido popularmente como “freio da língua”. Realizá-lo ainda na maternidade é fundamental para detectar precocemente possíveis dificuldades na amamentação e garantir que o bebê tenha um bom desenvolvimento linguístico.
O teste da linguinha consiste em verificar se há limitações de movimento da língua do bebê, que podem afetar a sucção durante a amamentação, bem como o uso de mamadeira, e até mesmo a pronúncia correta das palavras no futuro. Quando o frênulo lingual é curto – condição chamada de anquiloglossia, a conhecida “língua presa” – pode dificultar a amamentação. Essa situação leva a problemas como dor e rachaduras nos mamilos da mãe, baixo ganho de peso do bebê e até o abandono precoce da mama.
Felizmente, como ressalta a Associação Brasileira de Odontologia (ABO), o procedimento é rápido e simples. Geralmente, é realizado por um profissional de saúde treinado, como o fonoaudiólogo, que faz uma avaliação visual e palpável da língua do bebê. Caso seja identificada alguma alteração, encaminha-se para um especialista para uma análise mais aprofundada.
Identificação precoce é sinônimo de tratamento adequado
O teste da linguinha é uma prática recomendada por instituições de saúde públicas e privadas, como o Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia. De acordo com essas organizações, o exame deve ser realizado idealmente entre o terceiro e o quinto dia de vida do bebê, quando a mãe e a criança ainda estão na maternidade.
Identificar possíveis problemas no frênulo lingual quanto antes permite a intervenção adequada, seja por meio de uma simples orientação para a mãe sobre a posição de amamentação ou, em casos mais complexos, por meio de um procedimento cirúrgico conhecido como frenotomia – que costuma ser rápido e indolor, desde que feito com o bebê ainda bem novinho.
É de extrema importância, portanto, que os profissionais de saúde estejam capacitados para realizar o teste da linguinha e que as maternidades incentivem sua prática de rotina. Ao identificar e tratar precocemente possíveis alterações, é possível garantir que o bebê receba todos os benefícios nutricionais da amamentação e desenvolva suas habilidades linguísticas de forma saudável. Além disso, as mães também são beneficiadas, pois a amamentação bem-sucedida promove seu bem-estar emocional e físico.
Conforme ressalta a ABO, além dos desafios imediatos, a anquiloglossia não tratada pode ter repercussões no crescimento e desenvolvimento crânio-facial, muscular e cognitivo da criança no futuro. É importante destacar que nem todos os bebês com anquiloglossia apresentam dificuldades significativas. Alguns podem conseguir se adaptar e amamentar com sucesso, enquanto outros podem enfrentar desafios mais significativos.
Procedimentos para corrigir a anquiloglossia
Os procedimentos para corrigir a “língua presa” são geralmente simples e eficazes, segundo as organizações especialistas em saúde. O principal deles é a frenotomia, uma cirurgia rápida e relativamente indolor, que consiste em um pequeno corte no frênulo lingual utilizando uma tesoura cirúrgica.
Essa intervenção pode ser feita no consultório médico e, normalmente, não requer anestesia, uma vez que o frênulo possui poucos nervos. Além disso, devido à escassez de vasos sanguíneos, a perda de sangue é mínima e não é necessário aplicar pontos. Após o procedimento, o bebê geralmente pode mamar normalmente.
Nos casos em que a criança já possui dentição ou quando o frênulo é mais espesso, pode ser necessária uma intervenção cirúrgica ligeiramente mais complexa, conhecida como frenuloplastia. Para ela, são utilizados outros instrumentos, pode ser necessária a aplicação de anestesia e são colocados pontos no final do procedimento. O uso do laser é uma alternativa nesse tipo de intervenção.
É importante lembrar que cada caso é único e alguns profissionais preferem realizar a frenotomia de forma precoce para prevenir problemas futuros, enquanto outros optam por monitorar a situação, pois, em alguns casos, a anquiloglossia pode desaparecer naturalmente ou não causar desconforto ou outros problemas significativos. Por isso, é fundamental consultar o pediatra para avaliar a situação específica do bebê e receber a orientação adequada sobre qual caminho seguir.