Temperatura mais quente e chuvas favorecem aumento de casos em grupos mais vulneráveis
Janeiro está terminando e, com ele, as férias escolares. O retorno ao período letivo representa maior concentração das crianças e adolescentes em locais fechados, como salas de aula, e propiciam uma maior incidência de síndromes respiratórias. Aquele clima de férias ainda está no ar, assim como a temperatura mais quente, atributos que fazem do Nordeste um lugar perfeito para passar a temporada, no mês preferido para as férias dos brasileiros.
Em São Luís não é diferente, porém a temperatura mais elevada divide espaço com períodos chuvosos. A incidência de chuvas é significativa, mas geralmente intercalada com períodos de sol. É comum haver pancadas fortes de chuva, principalmente no fim da tarde. De acordo com o Climate-Data, a temperatura média em janeiro é de aproximadamente 26,6°C, com máxima média de 29,1°C e mínima média de 24,9°C.
O infectologista pediátrico Fabrício Pessoa, atuante como especialista em infectologia pediátrica no Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (HU-UFMA/Ebserh), afirma ser comum, nessa etapa do ano, a ocorrência de mais casos virais relacionados ou não à quadra chuvosa.
Em períodos mais quentes, por exemplo, a maior parte das infecções apresentam quadros gastrointestinais por rotavírus, norovírus e adenovírus. “São vírus comumente associados ao poder de transmissibilidade, com possibilidade de origem nas intoxicações alimentares, infecções de fato ocasionadas por bactérias. Nesse momento, temos os quadros respiratórios que podem vir junto”, explica Fabrício. As viroses gastrointestinais apresentam sintomas como diarreia, vômitos, dor abdominal e febre e entender os métodos de contágio e os tratamentos são essenciais para prevenir e gerenciar essas condições.
Temperatura, um vilão?
A temperatura favorece o meio propício à difusão de microrganismos no ambiente. O calor associado à umidade relativa do ar alta facilitam o contágio por viroses, mesmo com o sol em sua plenitude e a brisa fresca. O cair da manhã e o maior contato com a água da chuva contribuem para a proliferação de patógenos. Além disso, Fabrício Pessoa esclarece sobre os vírus comumente responsáveis por causar Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em momentos quentes e úmidos.
Para ser classificado como uma síndrome respiratória, é necessário que a condição envolva um conjunto característico de sinais e sintomas que afetam o sistema respiratório, como febre, tosse, congestão nasal, dor de garganta, entre outros. Nos meses iniciais do ano, os vírus mais circulantes são o rinovírus, a própria influenza e o vírus sincicial respiratório (VSR). Em comum, são altamente contagiosos e afetam principalmente o trato respiratório, sendo uma das principais causas de infecções respiratórias em crianças pequenas, especialmente em bebês com menos de dois anos de idade. Podem causar complicações graves nos idosos e pessoas com sistema imunológico comprometido.
Consequências das viroses de verão
Nas crianças, as síndromes gripais costumam afetar bastante a rotina escolar, com sintomas extremamente incômodos para elas, apatia e necessidade de afastamento do convívio social. Impacto também na rotina da família, exigindo reorganização para cuidar dos pequenos em casa.
Para além do aborrecimento, as consequências raramente exigem intervenção médica mais intensiva, exceto em crianças com comorbidades respiratórias pré-existentes que necessitam de uma atenção especial. A recomendação é hidratar-se bastante, buscar uma alimentação equilibrada, manter a carteira de vacinação infantil em dia e consultar um médico quando julgar necessário fazer uso de qualquer remédio. Evitar a prática da automedicação é recomendável para todas as situações.
Sobre a Ebserh
O HU-UFMA faz parte da Rede Ebserh desde 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.