Teatro Arthur Azevedo comemora 206 anos com apresentação do espetáculo “Sobre azares futuros!”.
O Teatro Arthur Azevedo (TAA) comemorou 206 anos de história na quinta (01) e para marcar a data foi apresentado o espetáculo “Sobre azares futuros!”, do grupo maranhense Budejar Criações Artísticas. O TAA foi inaugurado em 1º de junho de 1817, sendo o segundo teatro mais antigo do Brasil ainda em funcionamento.
A programação comemorativa dos 206 anos do Teatro Arthur Azevedo foi iniciada na segunda-feira, dia 29 de maio, e segue até esta sexta-feira (02). “Nesta semana nós já recebemos também a Orquestra João do Vale. E estamos tendo a honra de receber também o espetáculo “Sobre azares futuros!”, que é prata do Maranhão e já passou por diversos palcos pelo Brasil e agora volta ao TAA para comemorarmos os 206 anos do teatro”, disse o diretor do TAA, Victor Silper.
O espetáculo “Sobre azares futuros!” trata sobre os contratempos cotidianos do universo feminino, que ao longo dos tempos foram naturalizados. O espetáculo é um prólogo composto por quatro cenas e uma atriz que durante cinquenta minutos apresenta narrativas políticas e poéticas, singelas, dolorosas e alegres, sobre ser mulher no mundo, sobre as lutas diárias do universo feminino.
Os azares futuros, os assédios, o aborto, a maternidade e o direito sobre o corpo, são as questões em debate, na cena, no corpo e nas marcas da atriz. “A gente veio colocar em pauta as questões femininas de uma forma muito poética, no campo da narrativa, dentro de todas estas questões que acontecem com as mulheres no dia a dia, mas não de forma panfletária. A gente traz esse trabalho para refletir e pensar em como podemos construir uma sociedade mais igualitária para as mulheres”, informa a atriz Lidya Ferreira.
O espetáculo é composto por uma estrutura dramatúrgica fragmentada, com cenas independentes e com uma estética que propõe cortes secos, picos de alegria, mas sem finais felizes, o espetáculo gera um fio de tensão, questiona, indaga e propõem cenas reflexivas sobre o feminino e as relações de poder no cotidiano da mulher.
Em cena, Lidya Ferreira vai costurando marcas individuais, experiências familiares, relatos, memórias e modos diversos de estar e ser mulher no mundo. O mundo não como uma abstração conceitual, mas em seu entendimento prático enquanto território e espaço habitado permeado de dificuldades, sonhos e desejos. Afinal, quais os azares futuros que hão de vir? Como resistir? Como ser mulher nos dias atuais? As respostas são muitas e o espetáculo propõe as suas, propõem modos de observar essas questões que são tão caras à cidade, a escola e ao debate público de modo geral, sobre ser mulher e ser feminino.
“A gente está voltando aos palcos do Arthur Azevedo depois de quatro anos. Estamos muito felizes e contentes por fazermos parte dessa comemoração e de poder subir ao palco no dia do aniversário do teatro. É maravilhoso está aqui participando desse momento em que o artista maranhense está sendo revalorizado”, afirma Abimaelson Santos, diretor do espetáculo.
206 ANOS DO ARTHUR AZEVEDO
O Teatro Arthur Azevedo teve sua construção iniciada em 1815 pelos comerciantes portugueses Eleutério Lopes da Silva Varela e Estevão Gonçalves Braga que desejavam ter em São Luís uma casa de espetáculos nos mesmos padrões dos teatros europeus. A inauguração ocorreu em 1º de junho de 1817 sob o nome de Teatro União. Em 1852 o teatro passa a se chamar São Luiz. O nome Arthur Azevedo só viria na segunda década do século XX em homenagem ao teatrólogo maranhense.
Ao longo dos seus mais de 200 anos, o teatro marcou diversos momentos da história e cultura maranhense e nacional. Por causa de sua importância, o Teatro Arthur Azevedo é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 1974 e pelo Governo do Estado do Maranhão desde 1986, sendo, ainda, parte integrante da área reconhecida como Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), desde 1997, em São Luís.