TDL x TEA: especialistas explicam diferenças e alertam quando os pais devem buscar ajuda profissional
TDL x TEA: especialistas explicam diferenças e alertam quando os pais devem buscar ajuda profissional
A fonoaudióloga Angelika dos Santos Scheifer e a neuropsicopedagoga Silvia Kelly Bosi esclarecem sinais, características e a importância do diagnóstico precoce para o desenvolvimento infantil
Dificuldades de fala e comunicação estão entre os primeiros sinais que levam os pais a procurar ajuda para seus filhos. Porém, nem sempre é simples compreender se essas dificuldades estão relacionadas ao Transtorno do Desenvolvimento da Linguagem (TDL) ou ao Transtorno do Espectro Autista (TEA). Embora possam apresentar pontos em comum, os dois quadros têm características distintas e demandam abordagens específicas.
O TDL é caracterizado por um atraso significativo no desenvolvimento da linguagem, que não pode ser explicado por deficiência auditiva, intelectual ou por outros transtornos neurológicos. Crianças com TDL geralmente têm dificuldades para organizar frases, compreender estruturas mais complexas da língua e ampliar o vocabulário, mas conseguem se engajar socialmente. Já o TEA envolve alterações mais amplas, que incluem não apenas a comunicação e a linguagem, mas também aspectos da interação social, comportamentos repetitivos e interesses restritos.
Para a fonoaudióloga Angelika dos Santos Scheifer, é essencial que os pais fiquem atentos. “Nem todo atraso de fala significa autismo. Muitas vezes, estamos diante de um TDL, em que a criança tem interesse em interagir, olha nos olhos e busca contato, mas apresenta dificuldades específicas na linguagem. Já no autismo, os sinais de comunicação estão associados também a questões sociais e comportamentais. O grande ponto é que, quando os pais percebem que a criança interage, brinca e responde, muitas vezes relaxam, acreditando que está tudo bem e que ela falará no tempo dela. Mas o TDL, assim como outros transtornos que afetam a comunicação, também pode trazer prejuízos significativos no futuro, comprometendo a funcionalidade e o desenvolvimento global da criança. Por isso, é fundamental buscar avaliação precoce mesmo quando não há sinais claros de autismo”, destaca.
A neuropsicopedagoga Silvia Kelly Bosi reforça que o olhar multidisciplinar é decisivo. “O diagnóstico assertivo passa por diferentes profissionais, porque só assim conseguimos compreender o conjunto de características da criança. Tanto no TDL quanto no TEA, a intervenção precoce faz toda a diferença, mas cada um requer estratégias específicas de estímulo e acompanhamento”, ressalta.
As especialistas orientam que sinais como ausência de palavras após os dois anos, dificuldade para formar frases, falta de interesse em se comunicar, ausência de contato visual ou pouca iniciativa de interação social devem servir de alerta para buscar ajuda profissional. Quanto antes o diagnóstico for feito, maiores são as chances de estimular o desenvolvimento e garantir mais qualidade de vida para a criança e sua família.
Caso queira se aprofundar na pauta, fico à disposição para fazer a ponte de entrevista com as especialistas.
Angelika dos Santos Scheifer
Fonoaudióloga, pós-graduada em Avaliação e Reabilitação em Motricidade Orofacial e Distúrbios de Fala e Linguagem, formação avançada em PECS, formação em laserterapia para clínica fonoaudiológica e aprimoração em ação fonoaudiológica no TEA. Produtora de conteúdo digital para promoção de saúde em fala e linguagem. Atua em atendimento clínico e em treinamento familiar para o desenvolvimento da fala infantil, com consultas presencial e online para todo o Brasil.
Silvia Kelly Bosi
Cientista e neuropsicopedagoga, graduada em Psicopedagogia Clínica e Institucional, com especializações em Autismo, Desenvolvimento Infantil, Análise do Comportamento, Neurociências e Neuroaprendizagem. Certificada internacionalmente pelo CBI of Miami em Desenvolvimento Infantil e Avaliação Comportamental. Mestranda em Atenção Precoce pela Universidad del Atlántico (Espanha) e Perita Judicial certificada pela PUC-Rio. Atua com foco em avaliação neuropsicopedagógica e intervenção nos contextos clínico e educacional.
