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Solidariedade marca Dia das Mães de quem está longe de casa cuidando da saúde

Neuracy de Oliveira Feitosa tem 51 anos e mora em Paraibano (MA), há mais de 500 km da capital São Luís. E nesse domingo (11.05) vai passar um Dia das Mães bem diferente, mas ainda assim feliz.

Cadeirante desde os três anos de idade devido a uma poliomielite, D. Neuracy enfrenta regularmente 11 horas de viagem de ônibus em busca de tratamento de neuropediatria para a filha Maria Eduarda, de 14 anos. Ela é viúva há três anos, e viaja com o apoio do filho mais velho, Francisco Wesley sempre que precisa retornar a São Luís. Ela já cumpre essa rotina há dois anos, desde que a filha apresentou problemas neurológicos após a morte do pai, vítima do câncer de próstata.

Por esse motivo de saúde, é que Neuracy e os filhos esse ano vão passar o Dia das Mães bem longe de casa, mas felizes por estarem juntos e acolhidos gratuitamente, no casarão da agência marítima Shipping Protection localizado na Rua do Giz, no coração do Centro histórico maranhense. É lá que a empresa marítima mantém um projeto social de acolhida de pacientes do interior, em parceria com a Casa de Apoio Viver, responsável pela triagem e encaminhamento dos pacientes em trânsito. Essa já é a terceira vez que a família Feitosa se hospeda com ajuda da empresa; e é só elogios às instalações e à alimentação fornecida.

Paulo Renato Lemos, responsável pela área de ESG da Shipping Protection, reforça o compromisso social da empresa, uma agência marítima que presta serviços a navios, e que tem a proteção não apenas no nome, mas como uma missão:

“Apoiar esses pacientes do interior que vêm em busca de mais saúde, é acima de tudo um gesto de responsabilidade social e de solidariedade da Shipping Protection, que dentro da sua agenda ESG, tem essa parte Social muito forte. Poder contribuir para dar mais dignidade e acolhimento a essas pessoas é muito bom para todos nós da Shipping Protection, dá ainda mais valor ao nosso trabalho que é cuidar de navios, e também de pessoas da comunidade” frisou Paulo Renato Lemos.

“Esse projeto social é de grande importância, quando a gente chega aqui e é tão bem recebido por todos da empresa, percebemos que não estamos sós, e isso nos dá muita força para seguir lutando pela nossa saúde. Sou muito grata à Shipping Protection por essa acolhida. Como viajamos sempre em três pessoas, ficaria muito caro pagar hotel e alimentação sempre que voltamos a São Luís. Eu agora vou aproveitar também para fazer meus exames de cardiologia e ortopedia, pois ainda quero viver muitos anos. Eu amo viver e quero me cuidar, pois tenho muito a realizar ainda nessa vida” declara essa mãe que transpira alegria e força.

MUITO ALÉM DA DEFICIÊNCIA

E engana-se quem pensa que, por Neuracy ter as pernas amputadas e viver em uma cadeira de rodas, seja triste ou se vitimize. Muito pelo contrário, ela segue se superando para realizar seus sonhos, sendo que o maior deles ela já conquistou, que foi o de ser mãe.

“Meus filhos são verdadeiros presentes de Deus, me realizei duplamente com o Francisco Wesley (25) e a Maria Eduarda (14). Quando eu casei e resolvi engravidar muita gente me criticou, alguns até disseram que ia morrer. Mas ao contrário, sou ainda mais forte e mais feliz por ter meus filhos ao meu lado, principalmente após a morte do meu marido, com quem fui muito feliz por vinte e dois anos. Meu maior presente na vida é ter esses filhos companheiros, que seguem os princípios de honestidade e trabalho da nossa família. Somos muito unidos e se estou bem com eles, nada mais me importa” diz ela.

EXEMPLO DE PRÓPOSITO E DOAÇÃO AO PRÓXIMO

Neuracy tem uma autoestima elevada e diz que sente muito orgulho de sua trajetória de vida; que além do seu lar, também inclui o cuidado de outras pessoas com deficiência em seu município:

“Apesar de eu ser uma cadeirante, isso não me impede de nada. Se eu quero algo, se tenho um sonho, vou batalhar até conquistar. Minha condição física não me impediu de ser mãe, nem de cuidar dos meus filhos e da minha casa. Acima de mim, há um Deus maravilhoso que me fortalece. Eu nem me sinto uma pessoa com deficiência, eu lavo, eu passo, eu cozinho, faço tudo em casa, cuido meus filhos e de outras pessoas que precisam, pois sou Presidente da Associação da Pessoa com Deficiência de Paraibano, que já conta com 32 associados com diversos tipos de deficiências” revela orgulhosa.

“É comum as pessoas com deficiência serem isoladas pela família e até excluídas da sociedade por preconceito. Por isso, tive a ideia de fundar essa associação, um trabalho voluntário que eu faço, para que eu possa lutar por mim e pelos direitos de outros, que não tiveram a mesma inclusão familiar que eu tive “ explica Neuracy.

Durante o dia, sua rotina é cuidar da casa e dos filhos. Mas a noite ou nos finais de semana, ainda encontra energia para fazer visitas a outras pessoas com deficiência, levando carinho e atenção: “Às vezes a pessoa tá lá esquecida, e eu chego para jogar um dominó e conversar e isso faz a diferença”

Falante e alegre, Neuracy fez questão de mandar uma mensagem de otimismo a todas as mães maranhenses:

“Eu quero passar a minha energia e a minha vontade de viver, de coração e com muito amor, para todas as mamães. Que vocês não desistam de seus sonhos, e que lutem sempre pela sua felicidade e de seus filhos, por mais difícil que seja. Viver vale muito a pena. Feliz Dias das Mães” declara Dona Neuracy Feitosa.