O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do Maranhão (SENAI-MA), Unidade Raimundo Franco Teixeira, em São Luís, foi palco de três dias de intensa programação durante a Fashion Revolution Week, movimento global que propõe um novo olhar sobre a cadeia produtiva da moda. Realizado entre os dias 23 e 25 de abril, o evento contou com oficinas, rodas de conversa e debates sobre sustentabilidade, ética, representatividade e valorização dos saberes manuais e locais.

Naissa Silva Costa, instrutora da área de Vestuário do SENAI-MA e docente embaixadora do Fashion Revolution na instituição, foi uma das principais articuladoras do evento. Ela destacou a importância de trazer o pensamento crítico do evento para dentro da instituição. “Nosso papel como educadores é promover esses questionamentos. Quem fez nossas roupas? Com que materiais? Em que condições de trabalho? Para onde elas vão depois do descarte? A moda precisa ser mais transparente e justa”, afirmou.

A semana incluiu rodas de conversa com representantes da indústria maranhense e oficinas práticas ministradas por mulheres que vivem e produzem moda localmente. A artista visual Juliana Lasak conduziu uma oficina de estamparia artesanal, trazendo técnicas acessíveis como o uso de estêncil, serigrafia e carimbos feitos com materiais reutilizados. “A proposta foi resgatar os fazeres manuais e mostrar que é possível ter autenticidade e identidade na criação de estampas, mesmo com recursos simples”, explicou Juliana.

Outro destaque foi a oficina de moda upcycling com Bryellen Melo, que apresentou formas de reaproveitar calças jeans e outros tecidos em acessórios como chaveiros e cintos. Já a oficina de macramê foi conduzida por Raimunda Pimenta, ex-aluna do SENAI, mostrando como o artesanato também pode ser fonte de renda e expressão artística.

As participantes destacaram o impacto transformador da experiência. A produtora cultural Karina Amorim elogiou as oficinas como espaços de aprendizado, autocuidado e consciência ambiental. “Foram ensinamentos que todo mundo deveria ter acesso. É uma forma de repensar o consumo, gerar renda e valorizar nossos artistas locais”, disse.

Keite Cilene, participante do evento, reforçou como o contato com a estamparia pode abrir novas possibilidades. “Foi gratificante. Já fiz outros cursos no SENAI e agora vejo que posso até ganhar dinheiro com o que aprendi aqui. A moda também pode ser uma forma de sobrevivência”, comentou.

De acordo com Naíssa Silva Costa a instituição tem o compromisso de uma formação profissional alinhada aos princípios de inovação, sustentabilidade e responsabilidade social. “O SENAI capacita para o mercado de trabalho, mas também para um mercado mais justo. E isso passa por reconhecer que sustentabilidade e inovação andam juntas”, concluiu.

O gerente do SENAI-MA, Marcos Aurélio Coutinho, também destacou a relevância da iniciativa para a formação dos alunos e o fortalecimento da comunidade. “Eventos como este são fundamentais para ampliar horizontes e criar oportunidades. O SENAI tem o compromisso de ir além da qualificação técnica, oferecendo estratégias que desenvolvam competências criativas, sustentáveis e conectadas com as demandas sociais. É uma forma de apoiar nossos alunos e impactar positivamente a comunidade em que estamos inseridos”, afirmou o gerente.