Saúde bucal e coração: o que tem a ver?
Você sabia que a boca pode ser uma porta de entrada para doenças no coração? É possível, inclusive, prevenir algumas doenças graves a partir de uma primeira consulta no dentista. Segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto do Coração (InCor), da Universidade de São Paulo (USP), 45% das doenças neste órgão vital e 36% das mortes ocasionadas por problemas cardíacos têm origem na região da boca. Especialistas do Hapvida NotreDame Intermédica explicam alguns fatores essenciais sobre o assunto.
A dentista Mirele Nobre destaca que é pela boca que passam diversas bactérias, se fixando tanto nos dentes, quanto nas próteses e mucosas. “Essas bactérias, em alguns procedimentos odontológicos que envolvem sangramentos, podem sim chegar até a corrente sanguínea e até o coração”, afirma.
Uma das doenças graves que podem acometer um paciente, de início, pela via bucal é a endocardite infecciosa, como explica o médico cardiologista Josely Figueiredo. “Afeta o endocárdio, que é a camada de revestimento interno do coração, preferencialmente, as válvulas. É uma doença que acomete duas vezes mais os homens do que as mulheres. Geralmente, o paciente precisa de internação de quatro semanas e as vezes até mais, de antibióticos”, conta.
A endocardite infecciosa pode ser diagnosticada através de exames como o ecocardiograma (ondas sonoras para que se obtenha imagens do coração) e a hemocultura (pesquisa de bactérias no sangue). Mas, de acordo com o médico, pode ser evitada por meio de tratamentos preventivos na cadeira do dentista. “É o profissional que vai recomendar ao seu paciente os cuidados necessários, principalmente se for um caso de médio ou alto risco”, conclui.
Os especialistas reforçam a importância da relação entre os profissionais dentistas e cardiologistas. A dentista Mirele reforça que os cuidados bucais em geral também são indispensáveis. “São essenciais os retornos periódicos ao dentista a cada seis meses e a remoção do tártaro, por exemplo”, cita. Mas, além de cuidar somente no consultório, é preciso estar atento à saúde bucal no dia a dia em casa, com uma boa escovação e o uso diário do fio dental.
E, aos indivíduos que são hipertensos mal controlados, com doenças congênitas nas válvulas, que já sofreram infartos ou possuem insuficiência cardíaca, por exemplo, a visita ao cardiologista deve ser ainda mais frequente, pois estão mais vulneráveis à endocardite infecciosa. Esteja atento à sua saúde!