São Luís recebe o evento II Diálogos do Babaçu
Nos dias 7 e 8 de novembro, será realizado o II Diálogos do Babaçu, no Hotel Brisa Mar, em São Luís. O evento reúne quebradeiras de coco babaçu com organizações da sociedade civil, poder público, empresas e instituições de pesquisa, com o objetivo de promover a troca de conhecimento e a construção de ações conjuntas que possam fortalecer a cadeia produtiva do babaçu, especialmente, as associações comunitárias de quebradeiras de coco, no estado do Maranhão.
As discussões também abrangem os seguintes eixos temáticos: desenvolvimento territorial; inovação social e tecnológica; políticas públicas; comercialização; e preservação e acesso aos babaçuais.
As mulheres quebradeiras de coco desempenham um papel essencial na geração de renda, produção de alimentos e proteção e manejo dos recursos da biodiversidade, a exemplo das comunidades tradicionais e da agricultura familiar. Historicamente, o Maranhão é o maior produtor de amêndoas, mas ano passado, o I Diálogos do Babaçu trouxe a preocupação com a redução drástica da produção, que, entre 2006 e 2017, caiu de 150 mil toneladas/ano para aproximadamente 17 mil toneladas/ano, conforme análise do pesquisador da Embrapa, Roberto Porro.
A queda na produção de amêndoas é consequência, entre outros fatores, da redução da mata de palmeiras – com a pressão, principalmente, da pecuária e da soja – e também da dificuldade de crédito para a agricultura familiar no Nordeste.
Os dados também indicam que há espaço para crescimento da cadeia produtiva do babaçu. Existem milhões de hectares de áreas onde predominam os babaçuais no Maranhão – e também no Pará, Piauí e Tocantins – com potencial para produzir cerca de 1,5 milhão de toneladas/ano. Mesmo nas décadas de 70 e 80, de maior produção, nem 20% desse potencial chegou a ser atingido.
O II Diálogos do Babaçu retoma a discussão sobre as perspectivas e desafios para o desenvolvimento da cadeia produtiva do babaçu como uma das cadeias da Sociobiodiversidade. Para tratar desse tema, sob pontos de vista bem distintos, foram convidados representantes do Fundo Nacional para Repartição de Benefícios do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), na pessoa de Ana Luiza Arraes de Alencar Assis; do Observatório das Economias da Sociobiodiversidade (ÓSocioBio), com Ana Carolina Bauer; da Central do Cerrado, Mayk Arruda; da Embrapa Cocais, Guilhermina Cayres; e do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), Maria Alaídes Alves.
Um tema fundamental para as quebradeiras de coco é a preservação e o acesso aos babaçuais. A maioria das áreas de mata de babaçu estão em propriedades privadas e a falta de fiscalização do cumprimento da Lei do Babaçu Livre, que é legislação estadual no Piauí e no Tocantins, e lei municipal em 12 cidades do Maranhão, compromete o acesso a essas áreas. Soma-se a isso a utilização de agrotóxicos nas grandes plantações de monocultura que mata as palmeiras e atinge as comunidades com a pulverização aérea.
“Nós quebradeiras de coco babaçu sofremos graves violações nos nossos territórios. A falta de acesso aos babaçuais, pulverização de agrotóxico que mata as palmeiras e afeta a saúde das famílias, concentração fundiária e grilagem, crimes ambientais e outras violações são situações vivenciadas nos nossos territórios. Essas violações são provocadas pelo agronegócio que disputa conosco nossos territórios tradicionais, que em nome da concentração de riquezas destroem desde o meio ambiente até a vida. Esperamos que nesse evento ‘Diálogos do Babaçu’ possamos mostrar como o desenvolvimento concentrado em commodities prejudica não só a cadeia produtiva do babaçu, mas o equilíbrio do planeta”, destaca a coordenadora geral do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), Maria Alaídes Alves.’
Rede ou movimento?
O objetivo do Diálogos do Babaçu é estabelecer um espaço de cooperação e diálogo permanente para articulação e construção de soluções. Nesta segunda edição, as organizações e atores que integram esse grupo também irão discutir sua própria identidade: é uma rede ou um movimento? Qual é a missão, visão e valores desse grupo de atores?
O Diálogos do Babaçu é organizado em parceria pela Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ), por meio do Projeto Cadeias Sustentáveis; Suzano, Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN); Central do Cerrado; Fundação Vale; Governo do Maranhão; Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa); Companhia Nacional de Abastecimento (Conab); Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e Governo Federal.
“Acreditamos muito que os gargalos que limitam o desenvolvimento da cadeia do babaçu, terão mais chances de serem resolvidos por meio da cooperação interinstitucional e o Diálogos do Babaçu é o primeiro degrau para este processo”, afirma Westphalen Nunes, da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ).
A articulação de um espaço de diálogo e promoção da cadeia do babaçu pretende apoiar a mobilização e engajamento de ainda mais atores relevantes para a promoção da cadeia do babaçu.