Que o Brasil é um país que tem muitos automóveis, não é novidade. Acredita-se que atualmente existem mais de 59 milhões de veículos espalhados por todo o país.

E basta viajar para alguma cidade como São Paulo que você verá que às vezes, a sensação é que tem mais carros do que realmente deveria ter por lá.

Mesmo com esses dados dando a impressão de que as montadoras de carro ganham muito dinheiro por aqui, a realidade não é bem essa. Na verdade, existem muitas montadoras que enxergam o Brasil como um lugar ruim para se fazer negócio, e os motivos são bem variados.

Recentemente tivemos a saída da Ford do nosso país, uma marca muito grande e muito consumida por aqui, e é bem provável que você conheça alguém que possui algum automóvel produzido por eles.

Esse movimento da empresa não foi um caso isolado e nem muito menos uma decisão tomada sem levar em consideração muita coisa. E isso é claro é um movimento que assusta os investidores, que entendem que mais marcas podem acabar fazendo o mesmo se algumas coisas não mudarem por aqui.

Mas afinal, o que deveria mudar? Quais são os motivos que estão fazendo com que nós, um país com tantos automóveis e que gosta de automóveis, seja um lugar ruim para esse tipo de indústria?

Hoje vamos tentar responder algumas dessas perguntas trazendo alguns dados que vão ser tanto esclarecedores, quanto também preocupantes sobre esse assunto.

Falta de insumos

Um dos maiores problemas da indústria no geral hoje, é a falta de insumos, isto é, o que é usado para fazer os produtos, no caso os carros. Desde algo simples como uma chapa perfurada até as peças mais complexas do motor, basicamente tudo está mais difícil e mais caro de se conseguir.

Mas o pior cenário possível, é quando mesmo disposto a pagar mais caro a pessoa não consegue ter acesso aos insumos necessários, sem previsão de quando vai conseguir, o que compromete diretamente a linha de produção.

E como a maior parte dos insumos usados por montadoras aqui vem de importação, o processo acaba ficando caro, e por conta disso muitas filiais acabam sendo fechadas, como diversas marcas já fizeram. É claro que a Ford foi a que se desligou completamente, mas já vimos outras marcas como Honda e Volkswagen fecharem fábricas, e acabarem gerando desemprego.

A alta no dólar

Outro problema sério que estamos passando, tem ligação direta ao preço do dólar. Na verdade, nem é tanto a questão de que o dólar subiu, mas sim de que o real desvalorizou, o que faz com que importar peças daqui seja extremamente caro.

E como dissemos, a maior parte dos insumos usados pela indústria de automóveis vem de fora.

Mas a pior parte sem dúvida é o fato de que eles estão gastando em dólar e faturando em real, o que automaticamente faz com que a operação seja muito cara e precise vender muito para poder compensar. 

E talvez a pior parte nisso tudo, é que mesmo os insumos que são comprados aqui no Brasil são cotados em dólar, o que significa que mesmo comprando por aqui ainda existe o problema de acompanhar a flutuação da moeda norte-americana.

Falta de estrutura para o mercado elétrico

Agora vamos falar de um problema que está começando a surgir por aqui, e que vai se tornar uma dor de cabeça bem grande se as coisas não mudarem. Naturalmente, a grande maioria das marcas está colocando fichas no mercado de elétricos.

A maioria dos governos pelo mundo estão incentivando as pessoas a terem elétricos, uma vez que eles usam um combustível bem mais sustentável, a eletricidade, poluindo menos e gerando menos gastos.

Então basicamente uma coisa tem levado a outra, e isso faz com que os países que não sigam essa direção, fiquem para trás. No caso, o Brasil não dar incentivos fiscais para carros elétricos nem é o grande problema, o grande problema é a falta de estrutura para ter esses carros circulando.

Por mais que já existam elétricos aqui, e que muitos brasileiros tenham preferência por eles, os postos elétricos são raridade, e isso vai ser um problema.

O movimento natural das empresas é trazer esses carros cada vez mais pro estrelato, e em um futuro próximo até fazer com que suas vendas sejam focadas neles, e se um país não tiver estrutura para sustentar esses autos, as vendas vão ser poucas e nós vamos seguir sendo vistos como um mercado ruim.

Provando dessa forma que nada é tão ruim que não possa piorar, e a menos que o Brasil se adéque ao mercado e encontre soluções para os problemas citados anteriormente também, ter um carro pode ficar tão caro quanto abastecer ele.