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Saúde

Robótica e cirurgia bariátrica: uma dobradinha que oferece muitos benefícios ao paciente e seu médico


A cirurgia robótica reúne o melhor das duas técnicas que a antecederam: a cirurgia aberta e a videolaparoscopia — aquela que é feita por meio da introdução de pinças e uma câmera através de pequenas incisões. Isso porque ela permite que o profissional tenha uma visão mais global do que está sendo operado, como era possível na época em que o abdome do indivíduo era aberto para que seu estômago e intestino fossem manipulados. E essa vantagem se dá graças à câmera 3D de alta definição presente no Da Vinci, o robô usado nesses casos, diferente da visão bidimensional que o médico tem ao fazer uma videolaparoscopia.


Além disso, a câmera do robô permite a ampliação da imagem em até 4 vezes, o que possibilita a visualização de todos os detalhes com enorme refinamento. “Também é possível virá-la para cima para ver se há alguma questão relevante na parede abdominal superior, como uma aderência do tecido ou mesmo hérnia”, acrescenta o cirurgião geral Leonardo Emílio, da Comissão de Cirurgia Minimamente Invasiva e Robótica do Colégio Brasileiro de Cirurgiões. Por outro lado, a cirurgia robótica não exige que a barriga do paciente seja aberta, já que a câmera e as pinças são inseridas através de pequenas incisões, assim como acontece na videolaparoscopia

Mas os benefícios oferecidos pelas cirurgias robóticas vão além. O médico faz o procedimento sentado em um console, e através do visor 3D, praticamente imerge dentro do abdome do paciente e, assim, com segurança extrema, manipula os três braços do robô com precisão. O fato de operar sentado diminui o estresse físico e garante mais tempo de vida útil ao especialista, que nas outras técnicas pode permanecer. A máquina também conta com filtro de imperfeições, fazendo com que ela não reproduza um possível tremor das mãos do médico, garantindo cortes mais precisos e mais detalhados. Esses fatores também preservam a saúde emocional do cirurgião, que se sente mais seguro e confortável.


Além disso, os braços do Da Vinci são articulados e mimetizam os movimentos da mão e punho humanos. Tudo isso facilita o trabalho e permite que o profissional tenha acesso a várias regiões do abdome sem precisar reposicionar o equipamento, o que é especialmente interessante no caso dos detalhes anatômicos dos obesos. As pinças acopladas a eles são flexíveis, ao contrário das usadas na videolaparoscopia que são rígidas e, por isso, podem limitar a exatidão dos movimentos durante o ato operatório. “As pinças robóticas também são mais fortes, o que nos possibilita fazer movimentos mais delicados para manusear os tecidos, o que é muito bem-vindo nas cirurgias bariátricas e para o diabetes, em que há muita gordura no organismo do paciente”, conta Emílio, que também é professor de medicina na Universidade Federal de Goiás e Vicepresidente Setorial do Colégio Brasileiro de Cirurgiões.


O cirurgião explica ainda que a robótica é uma excelente opção nas chamadas cirurgias revisionais, quando uma cirurgia bariátrica precisa ser refeita por alguma razão. “Esses casos costumam ser mais complexos, pois o organismo já passou por um processo de formação de aderências alterando a anatomia normal e, assim, o robô é um enorme aliado”. Por todas essas razões a cirurgia robótica é menos agressiva e com menor sangramento, o que faz com que o paciente tenha menor tempo de internação, menor chance de sofrer uma infecção e apresente menos desconforto traduzindo em uma recuperação muito mais rápida. Ou seja, com a presença do robô dentro do centro cirúrgico todo mundo sai ganhando, menos a doença!