Residência médica: com lições da pandemia, hospitais se preparam para receber e formar profissionais em mais de 50 especialidades

Luanna Nunes Oliveira do Rio havia acabado de chegar em uma nova cidade e estava no primeiro mês de residência em neurologia clínica no Hospital Universitário Cajuru, em Curitiba (PR), quando os primeiros casos de covid-19 começaram a ser confirmados no Brasil. “Foi difícil para todos e um grande desafio aos profissionais de saúde. Tivemos que nos reinventar, aprender rápido e viver a saudade daqueles que amamos, afinal, foram 8 meses sem ver minha família.Hoje vejo como fomos fortes”, lembra a residente médica.

Ela é natural de Aracaju, capital de Sergipe, e escolheu um hospital com atendimento 100% SUS para realizar sua especialização em medicina. “Sou formada desde 2015, queria muito fazer a diferença para a sociedade e foi preciso muita pesquisa para decidir em qual hospital faria minha residência. Queria um hospital que me permitisse trilhar um caminho de muito aprendizado, crescimento profissional e ajuda à população. Sei que um hospital com atendimento SUS e universitário me dá a garantia disso tudo”, explica Luanna Nunes.

Os residentes médicos foram essenciais no enfrentamento das dificuldades impostas pelo coronavírus. É assim que o gerente médico do HUC, José Augusto Ribas Fortes, avalia a importância da presença desses profissionais nos hospitais. “A pandemia trouxe ganhos e ensinamentos para todos os profissionais de saúde. Mas a nova geração de residentes se destaca com a riqueza de aprendizado e experiências que vão carregar para toda a vida. A certeza é que esses médicos em formação serão ainda mais responsáveis e comprometidos com as necessidades dos pacientes”, afirma o médico.

Assim como ocorreu com todo o setor da saúde, a pandemia de covid- 19 forçou também os futuros médicos a se adaptarem rapidamente para aprender em meio à crise sanitária. Fernanda Proença Lepca, também residente médica no HUC, formou-se antecipadamente em abril de 2020, após a permissão do Governo Federal. Ela foi uma entre os milhares de recém-formados em medicina que foi direto da graduação para a linha de frente do combate ao vírus. Pesquisa realizada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), publicada em maio de 2021, mostrou que a maioria (63%) dos alunos que anteciparam a graduação em medicina no estado foi trabalhar direto na linha de frente da covid-19. “Nesses poucos meses, vivi o período de maior aprendizado da minha vida. Já sou uma médica muito melhor do que quando entrei”, conta a residente Fernanda.

Aprendizado e desenvolvimento

Um período de grande dedicação ao desenvolvimento de competências profissionais, a residência médica é uma modalidade de pós-graduação para profissionais formados em cursos de medicina reconhecidos pelo Ministério da Educação (MEC). Nessa fase, o médico destina 60 horas semanais à aprendizagem em serviço, totalizando, ao final de cada ano, mais de 2,8 mil horas de formação, com prioridade para a vivência da prática profissional.

A residência médica ocorre em instituições de saúde que funcionam como hospitais-escola, onde os pós-graduandos realizam atividades profissionais sob orientação de médicos especialistas. No Brasil, existem mais de 4 mil programas, 55 especialidades médicas e 59 áreas diferentes de atuação.

Nesse cenário, os preceptores assumem papéis importantes na formação do residente. Mostrar o caminho, servir como guia e estimular o raciocínio são algumas das responsabilidades desse médico-professor. “Como hospital SUS e universitário, sabemos da importância de mantermos a nossa essência na qualidade do ensino e da prática profissional. Isso traz vantagens para os residentes, colaboradores e, principalmente, ao paciente que será melhor assistido”, avalia a coordenadora da residência de clínica médica do hospital, Larissa Hermann Nunes

Residência médica em novo momento

Com atendimento 100% SUS e vinculado às escolas de medicina e ciências da vida da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), o HUC está com inscrições abertas, até o dia 10 de novembro, para o processo seletivo do programa de residência médica de 2022. São ofertadas 77 vagas para 20 especialidades, com destaque para clínica médica, neurocirurgia, ortopedia e cirurgia geral.

“Mais um período de aprendizado e formação de novos médicos se inicia na nossa instituição. E a retomada gradativa das cirurgias eletivas vem para marcar esse novo momento, o que permitirá aos residentes uma experiência completa do dia a dia da medicina. Somos um hospital-escola comprometido com a educação, atendimento e pesquisa”, destaca o gerente médico do hospital, José Fortes.

Para participar do processo seletivo, o candidato deve se inscrever pelo site da PUCPR (pucpr.br/comunidade/concursos), com taxa de inscrição de R$ 700. Já os candidatos que optarem pela modalidade treineiro devem pagar R$ 450. As inscrições e a quitação do boleto devem ser feitas até o dia 10 de novembro obrigatoriamente.